Projeto na Pós Graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia aprofunda estudos sobre produções acadêmicas e artísticas, avaliando a relação entre ambas. A iniciativa tem como coordenadora Fabiana Dultra Britto.
POR EDVAN LESSA*
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“É possível que a dança fora da universidade se alimente muito bem da teoria feita na universidade. Mas e o contrário, é possível?”. É exatamente esta questão que o Projeto de Investigação em Pesquisa Artística Acadêmica (PIPA) procura responder. Formado por professores e orientados, o PIPA enfatiza e aprofunda as reflexões teóricas desenvolvidas pelo antigo Grupo de Pesquisa Laboratório Co-adaptativo (LabZat) que investigou a possibilidade de concretizar a desejável imbricação entre produção acadêmica e artística em Dança. O estudo é feito na pós-graduação e agrega questões sobre projetos de criação artística entre artistas não-universitários e pesquisadores acadêmicos.
As atividades do Projeto de Investigação em Pesquisa Artística Acadêmica estão em andamento desde 2011 e integram Laboratórios – ensaios em estudo, Platôs, equipes de estudos continuados sobre a pesquisa em questão e Eixos, nome dado aos encontros com especialistas convidados, que conduzem exercícios sobre o tema central do PIPA. Existem ainda os Nexos que são as práticas de sistematização dos resultados provisórios do grupo, formulando nexos de sentido para compartilhá-los com a comunidade acadêmica e pública.
Segundo Fabiana Dultra, desde o cotidiano na graduação e com a saída de colegas da universidade para pesquisar sobre dança, já havia a crença de que as pesquisas avaliadas hoje pelo PIPA, já estavam co-implicadas. “Mas a gente não havia conseguido formular isso claramente”, destaca. A sua pesquisa ganhou forma há pelo menos cinco anos e também prevê a elaboração de matéria crítica-analítica sobre as questões da produção em dança em ambiente acadêmico e artístico, de modo a somar com a literatura desse campo que começou a crescer há apenas alguns anos.
O PIPA e o Programa de Pós Graduação em Dança
Hoje, segundo Fabiana Dultra, a atuação do PIPA vai de encontro às questões acerca da instauração do mestrado em dança como um espaço de estrita produção acadêmica, antagonizando com a ideia de inclusão da produção artística no programa, já que muitos estudantes buscam a especialização acreditando que podem dançar. Acerca das articulações possíveis entre as pesquisas acadêmicas e artísticas, Dultra faz ressalvas. “Estamos tentando refletir com mais cuidado para saber até onde uma coisa ajuda a outra. As pesquisas se pressupõem, mas é necessário que sejam entendidas como específicas e diferenciadas”, pontua.
Além de crítica e curadora Fabiana Dultra Britto é especialista em historiografia em dança. A estudiosa foi responsável pela elaboração do projeto do Mestrado de Dança na UFBA, sendo pioneira, já que o Programa de Pós Graduação na área não existia em nenhuma outra universidade do país. De acordo com ela, a instauração do PPGD na UFBA convergia diversos campos do conhecimento e se revelou como um ambiente propício à ampliação das reflexões sobre o que se produz artisticamente em dança.
*Edvan Lessa é estudante de Jornalismo da Facom/Ufba e bolsista da Agência Ciência e Cultura.