Sob a perspectiva da Teoria Ator-Rede, o pesquisador André Lemos apresentou a conferência sobre a Internet das Coisas durante o SIMSOCIAL 2012.
POR EDVAN LESSA*
lessaedvan@gmail.com
“A Comunicação das Coisas; Internet das Coisas e Teoria Ator-Rede” foi o título da última conferência do primeiro dia do SIMSOCIAL 2012. A apresentação realizada pelo pesquisador em cibercultura André Lemos discutiu a relação entre seres humanos e não humanos – os objetos, sob a perspectiva da Teoria Ator-Rede.
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A Teoria Ator-Rede, desenvolvida pelos estudiosos Bruno Latour e Michel Callon, responde a algumas questões dos trabalhos que o professor André Lemos vem desenvolvendo no campo da cibercultura. Essa linha de pensamento “com entradas antropológicas” afirma que atores humanos e não humanos (denominados actantes) estão ligados a uma rede, na qual desempenham papeis específicos, a partir de alguma motivação.
Partindo da Teoria Ator-Rede, o conceito de Internet das Coisas – ou Internet of Things (IOT), foi trazido por Lemos, como sendo uma rede autônoma de objetos conectados através de computadores ou sensores, por exemplo, funcionando independente da ação humana direta. Segundo o estudioso, esses objetos não precisam estar, necessariamente, na internet.
Na conferência, André Lemos apresentou a experiência pioneira no Brasil com o uso de etiquetas de identificação por radiofrequência (Radio-Frequency IDentification – RFID), em uniformes escolares da cidade de Vitória da Conquista (BA). O sistema é uma tecnologia de identificação, rastreamento e gerenciamento de produtos, documentos, animais ou indivíduos sem a necessidade de um campo visual. No caso de Vitória da Conquista, as etiquetas foram aplicadas nos uniformes dos alunos do ensino fundamental. Com o número do celular dos responsáveis cadastrado no sistema, a entrada e saída dos estudantes era controlada, e eles informados sobre sua presença ou ausência na escola. “As etiquetas RFID ganham funções infocomunicacionais”, segundo o professor.
Este exemplo ilustra bem o significado do conceito de “internet das coisas” ou “comunicação das coisas”, como prefere Lemos. Esta rede funciona de forma autônoma, sem a necessidade de um indivíduo para monitorar os alunos. Segundo o pesquisador, a utilização dessa tecnologia foi bastante controversa, por gerar reflexões sobre o modelo de educação, bem como controle e segurança.
*Edvan Lessa é estudante de Jornalismo da Facom-UFBA e bolsista da Agência de Notícias Ciência e Cultura.