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Atualizado em 12 DE outubro DE 2012 ás 14:31

Condição de ser célebre é discutida no SimSocial 2012

A cultura da celebridade não teve surgimento pelos grandes meios de massa e a busca pela fama se faz cada vez mais presente através das redes sociais e realities-shows.

ÍTALO CERQUEIRA*
italo.lirio@gmail.com

Para encerrar os trabalhos do SIMSOCIAL 2012, aconteceu no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos a palestra Ser Célebre: o anseio por reconhecimento e as estratégias de visibilidade no ambiente virtual, ministrada pelo Professor João Freire Filho.

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O professor iniciou sua fala com uma indagação: “Como o interesse por ser célebre pode ser tão importante nesse milênio?”. Para responder essa pergunta, Freire Filho traçou um levantamento histórico e constatou que associar o fenômeno de celebridade com a ascensão dos meios de comunicação é um erro. Alguns exemplos podem confirmar a tese, como o surgimento da palavra celebridade em 1842 na língua francesa, associado à vida íntima de Lord Bayron que despertava interesse de tietes e uma passagem de autoria de Machado de Assis que “em frente de uma banca de revista, deparou-se com uma mulher analfabeta interessada por Antonio Conselherio”, parafraseia o professor o escrito de 1827.

O Professor João Freire apresentou a conferência "Ser célebre: o anseio por reconhecimento e as estratégias de visibilidade no ambiente virtual".  Foto: Gilberto Rios

O Professor João Freire apresentou a conferência "Ser célebre: o anseio por reconhecimento e as estratégias de visibilidade no ambiente virtual". Foto: Gilberto Rios

Segundo o pesquisador, o anseio por reconhecimento tem sido cada vez mais precoce, como o caso da Carinhas, revista que apresenta personagens e versões de matérias de Caras para crianças. “As pessoas passaram a usar a capa de Carinhas como convites de festas de aniversários”, revela perplexo o professor. Esse estímulo provoca uma imersão muito precoce da criança na lógica de se tornar uma celebridade.

João Freire Filho apresentou trechos do documentário Pacific, no qual ficam evidentes como os códigos de performance e de visibilidade irradiados são incorporados pela “cultura da celebridade”. As pessoas filmadas se comportavam como apresentadores de TV, em um vídeo que é exclusivo para consumo privado. Há “uma obrigatoriedade para ser feliz a todo o momento”, destaca o pesquisador.

O Big Brother também foi assunto da conferência. O Brasil é um dos poucos países onde o programa ganhou tamanha notabilidade e sucesso. Por aqui, o reality-show é regido pela lógica da excentricidade: os jogadores devem entrar no jogo não para jogar, mas ser autênticos. “Saber que você está sendo vigiado 24 horas, torna-te mais verdadeiro e espontâneo”, analisa. Um caso ilustrativo ocorreu na décima edição do programa, polarizado pelas figuras de Marcelo Dourado – o autêntico, rompedor das normas sociais e contrário ao politicamente correto – e Dicésar – Drag Queen e não autêntico. Para os fãs, “autenticidade é o compromisso consigo mesmo”, frisa Freire Filho.

Outro artifício utilizado pelas pessoas para conquistarem a fama é o uso das redes sociais na internet. Alguns sites franqueiam a possibilidade de pessoas comuns atingirem o sucesso, como o Klout, um local virtual que o usuário deveria ser bem ranqueado para ter convites a festas.

Por fim, o pesquisador cita o caso Eike Batista, cujo surgimento de sua fama se deu como marido da modelo Luma de Oliveira e após ter sido considerado um dos homens mais ricos do mundo pela revista Forbes, a imprensa nacional desperta o interesse para contar sobre sua história, família e seus investimentos. “A condição de ser célebre como fator de ascensão social e como parâmetro de validação existencial”, avalia.

*Ítalo Cerqueira é estudante de Produção Cultural da Facom-UFBA e bolsista da Agenda de Arte e Cultura.

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