Evento reúne grandes nomes de áreas diversas da Ciência e discute a importância da aplicação do conhecimento científico e tecnológico nas bases escolares.
POR NÁDIA CONCEIÇÃO* E CAROLINA LEMOS**
Com uma carreira inspiradora e muitas histórias para contar, Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro a ir para o espaço, contou sua experiência, bem como sua preparação para se tornar um astronauta. A palestra foi parte do III Encontro de Jovens Cientistas, promovido pela Universidade Federal da Bahia entre os dias 27 e 30 de novembro, na Faculdade de Medicina, no Terreiro de Jesus, em Salvador.
Marcos Pontes contou como dedicou sua vida na busca de seus objetivos e na sua qualificação profissional. Embaixador da ONU, ele defende a educação como um fator primordial para o desenvolvimento das pessoas e, consequentemente, do país. Para Pontes, as pessoas são responsáveis por ditar seus destinos. “Tudo passa pela educação. Os objetivos são alcançados quando você quer realmente algo e tem convicção daquilo que quer. Dessa forma a persistência acaba sendo a motivação para as conquistas”, afirmou.
Para o astronauta, Ciência, Tecnologia e Educação precisam coexistir formando um tripé de sustentação de desenvolvimento do país. Assim, os resultados de pesquisas nessas áreas serão mais eficientes. Diante dessa possibilidade, Marcos Pontes frisa que o investimento deve ser iniciado desde os ensinos médio e fundamental, incentivando o aprendizado prático da ciência. “Eu tenho a Fundação Astronauta Marcos Pontes e uma das funções e missões dela é direcionar a ciência e a tecnologia para o ensino médio e fundamental”.
Pontes também desenvolve um trabalho como professor e pesquisador convidado da USP, no Instituto de Estudos Avançados (IEA). Coordenado pelo professor Dr. Sérgio Mascarenhas, o grupo de pesquisa visa desenvolver a área de fisiologia aeroespacial e a estrutura em rede para o gerenciamento de tecnologias.
O astronauta também está à frente do programa Ecoestado, em parceria com a ONU (Organização das Nações Unidas). O objetivo desse projeto é ajudar a desenvolver práticas cotidianas sustentáveis a partir da sensibilização da população. O Ecoestado será desenvolvido no estado de Roraima e tem como ideia forte transformar certas cidades em modelo para o Brasil.
A vinda de Marcos Pontes foi comemorada pela coordenadora do evento, a professora do Instituto de Biologia da UFBA Rejâne Lira. Para ela o Encontro de Jovens Cientistas é importante para o desenvolvimento dos estudantes e classifica a experiência de assistir a palestra de um astronauta como “inesquecível”.
Para a coordenadora, o evento é importante porque, além de trocar experiêcnias, os jovens têm o contato inicial com a iniciação científica. “Eu acho que quando a gente está despertando a vocação científica, quando a gente está ouvindo pessoas que trabalham nessa área, a gente também está desenvolvendo a nossa criticidade e isso é muito importante para o jovem”, explica. Rejâne acredita que a aproximação precoce com a ciência pode tornar o estudante um ser humano diferenciado, não somente em termos de conteúdo, mas também em termos de atitude.
Os dois primeiros dias do evento contaram com a participação do paleontólogo e colunista da revista Ciência Hoje On-line, Alexander Kellner, e do Dr. Mitermayer Reis, além do astronauta Marcos Pontes. O encontro, que durará até sexta-feira (30), terá ainda como palestrantes o navegador baiano Dr. Aleixo Belov e o Dr. Roberto Santos da Academia Baiana de Ciências.
* Nádia Conceição é jornalista, estudante de produção cultural da UFBA e bolsista da Agência Ciência e Cultura.
**Carolina Lemos é estudante de jornalismo da UFBA e bolsista da Agência Ciência e Cultura.