Disco analógico funciona como uma espécie de tabuada para estudantes de música, com a qual é possível visualizar as notas pertencentes às formações de acordes e escalas mais utilizados na música atual.
POR EDVAN LESSA*
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Lápis, transferidor e conhecimentos em geometria. Talvez essa seja a fórmula para uma grande ideia inovadora. No caso de Lucas Duque Artigas, pesquisador independente premiado pela Fapesb, foi preciso, sobretudo, inquietar-se com a tradicional didática em teoria musical para construir o “Easy Music”. O disco analógico funciona como uma espécie de tabuada para estudantes de música, com a qual é possível visualizar as notas pertencentes às formações de acordes e escalas mais utilizados na música atual.
As lacunas nas aulas de instrumento que cursava há um semestre fizeram Lucas Artigas perceber que o tempo gasto para encontrar formações de acordes, a partir da nota tônica – grau que determina a formação do acorde ou escala – poderia ser otimizado. Ele então levou três dias para construir o primeiro disco em papel. “Eu pensei: vou colocar essa lógica numa tabela para girar e não ter que ficar escrevendo ou contando sempre que quiser buscar as formações”, lembra o pesquisador.
As 12 notas musicais da escala ocidental (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si) e seus intervalos nas formações de acordes e escalas, no disco, possibilitam uma visualização concreta que pode levar a novas lógicas de regras de formações. O aparelho circular, composto por duas lâminas de PVC, que foi idealizado como um fomento à iniciação em teoria musical, tornou-se um produto. Hoje, com um custo aproximado de R$11,00 (onze reais) por unidade, a produção torna-se viável se feita em escala maior.
Concepção da ideia
O dispositivo foi planejado para abordar as formações dos acordes e escalas mais básicas. Ainda assim, há sempre uma nova possibilidade encontrada. “Quando mostrei o disco a outros professores, eles encontraram várias possibilidades que eu desconhecia”, diz Artigas. O disco tem um manual impresso no verso com as instruções de uso. Mesmo assim, o pesquisador salienta a importância das aulas: “Ainda são de extrema importância as pesquisas, aulas, exercícios e todas as possibilidades de ampliar o conhecimento em teoria musical”.
Ao estudar com o dispositivo, é preciso que o aluno conheça o instrumento musical que deseja tocar. “O disco ensina ao interessado a teoria musical, ou seja, as notas que deve executar para encontrar as formações desejadas”, explica o pesquisador. Se o aluno deseja executar a formação do acorde de Ré Maior no seu teclado, basta posicionar o Ré ou “D” na faixa guia e visualizar instantaneamente a terça maior “F” e a quinta justa “A” no anel do acorde Maior. Com isso, formaria a tríade da composição do Acorde. “Depois é [só] encontrar nas teclas do teclado as notas Ré, Fá sustenido e Lá e pressioná-las simultaneamente”, completa. De acordo com Artigas, não há outra invenção que confira apoio visual aos estudantes dessa forma, valorizando a notação musical e as cifras.
Concurso Ideias Inovadoras
Através de uma amiga, Artigas soube do concurso Ideias Inovadoras da FAPESB. O dispositivo já estava pronto e foi necessário apenas realizar a inscrição. O pesquisador acreditou que poderia ganhar um prêmio, mas não como primeiro colocado. “A gente estava produzindo tudo sem saber, ou contar com o concurso”. Ele brinca que os nomes difíceis dos projetos concorrentes, de certo modo, o intimidaram. Artigas ficou muito feliz com o resultado e mais ainda por ter sido premiado, com R$15.000 (quinze mil reais) por um projeto da área de música.
Para o músico, é muito positivo que um pesquisador independente, que não esteja vinculado a instituições de ensino superior, institutos, seja reconhecido dessa maneira. Hoje, o inventor tem parceiros, como o designer Maurício Figueiredo, que elaborou o layout do Easy Music. Bastante envolvido, Figueiredo assegura: “É o projeto das nossas vidas”.
Com o dinheiro do prêmio, Artigas e Figueiredo irão investir na produção de vídeo aulas. Eles desenvolveram embalagens para o disco e pretendem vendê-los em excursões pelo interior dos estados. Enquanto isso não acontece, aguardam o resultado de outro edital, em que almejam um escritório no Parque Tecnológico de Salvador. “Lá a gente poderia ter uma sede, uma sala para produzir essas vídeo aulas, e para receber clientes. Há salas de convenções, onde a gente pretende receber professores para apresentar os produtos”, confidencia Artigas.
*Edvan Lessa é estudante de Jornalismo da Facom – UFBA e bolsista da Agência de Notícias Ciência e Cultura