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Ciência e Cultura - Agência de notícias da Bahia
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Atualizado em 5 DE março DE 2013 ás 00:08

Suzana Oliveira Barbosa

Além dos sites locais, elencamos como sites de estudo “O Globo”, “Folha de São Paulo”, “O Estado de São Paulo” e outros internacionais, que seriam casos mais referenciais para olharmos os estágios da convergência: o “El País” (Espanha), o “Le Monde” (França) e ‘Publico’ (Portugal). Depois realinhamos isso para incluir também o ‘The New York Times’ (Estados Unidos).

RENATO CAMILO OSELAME
renato.oselame@gmail.com

Ciência e Cultura – O projeto “Laboratório de Jornalismo Convergente” se propõe a construir um quadro teórico-metodológico sobre este cenário. Mas quais são os objetivos desta pesquisa?

Suzana Oliveira Barbosa – A ideia do projeto é estudar os processos da convergência jornalística, que é uma marca nos processos no Jornalismo como um todo. É entender esse panorama de reunião entre vários meios, do qual a integração de redações é uma das principais marcas. Anteriormente, isso era voltado para produtos locais, já que a pesquisa está sendo realizada aqui em Salvador. E entender como esses meios baianos estavam processando essas experiências de convergência, mas eles acabaram sendo retirados posteriormente do corpus da pesquisa por se verificar que houve uma dissolução de projetos de convergência, de modo que não nos permitiam realizar uma avaliação a partir da nossa abordagem conceitual e metodológica.

Ciência e Cultura – Quais produtos jornalísticos foram selecionados para a fase analítica do projeto?

Suzana Oliveira Barbosa – Além dos sites locais, elencamos como sites de estudo “O Globo”, “Folha de São Paulo”, “O Estado de São Paulo” e outros internacionais, que seriam casos mais referenciais para olharmos os estágios da convergência: o “El País” (Espanha), o “Le Monde” (França) e ‘Publico’ (Portugal). Depois realinhamos isso para incluir também o ‘The New York Times’ (Estados Unidos).

Ciência e Cultura – Esse projeto foi proposto e aprovado no edital do “Programa Primeiros Projetos”, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) em 2011, mas quando surgiu a ideia de pesquisar o Jornalismo Convergente?

Suzana Oliveira Barbosa – Eu já havia realizado uma pesquisa sobre o tema num período de pós-doutorado na Universidade de Santiago de Compostela, entre 2007 e 2008. Voltei para o Brasil e fiquei 2 anos na Universidade Federal Fluminense, onde meu projeto de pesquisa também era focado na convergência. Lá, tive a oportunidade de conhecer mais “O Globo” de dentro, na redação, vendo como eles estavam fazendo esse processo de integração em 2008.

Ciência e Cultura – Recentemente, alguns os jornais impressos têm investido no desenvolvimento de mídias móveis como plataforma para a disponibilização de conteúdo. Essas iniciativas foram contempladas pela pesquisa?

Suzana Oliveira Barbosa – Sim. Em 2011, quando o projeto foi proposto, entendemos que ele tinha uma parte de pesquisa teórico-conceitual e outra fase que era a pesquisa aplicada. O que pensávamos era construir esse referencial de pesquisa pensando nas multiplataformas, observando as mídias móveis como parte desta integração dos meios. Ou seja, não só o produto impresso, a sua versão na web (o site), mas também os conteúdos produzidos para celulares e smartphones e os novos tablets. Naquele momento, o iPad tinha acabado de ser lançado no Brasil e muitos estudos já apontavam que estariam nestas mídias móveis uma possibilidade de futuro para o Jornalismo considerando estes processos de convergência.

Ciência e Cultura – Mas este é um processo recente ou já é cogitado pelos pesquisadores da área há algum tempo?

Suzana Oliveira Barbosa – Já em um livro em 1983, chamado “Technology of Freedom” (Tecnologia da Liberdade), de Ithiel de Sola Pool, falava-se da convergência dos modos de comunicação. Ele imaginou essa junção dos distintos, que até então operavam de modos separados, sendo unidos em um complexo. Ou seja, a possibilidade de, unidos ao texto, termos o áudio, o vídeo e outros formatos advindos da tecnologia digital. E o que percebemos hoje é uma pluralidade muito maior em relação aos formatos de conteúdos para o Jornalismo. E a web, que é chamada de “meta-mídia”, permite que se tenha todas estas formas juntas.

Ciência e Cultura – Nesse sentido, a tecnologia teria um papel central nos processos de conformação destes meios e formatos, e a posterior conexão entre eles operada pelo jornalismo convergente?

Suzana Oliveira Barbosa – Considera-se que a tecnologia teve um papel muito importante no Jornalismo, desde que ele surge no século XIX. Ocorrem “ciclos de inovação” porque é uma área mutante e que está diretamente relacionada com aquilo que a tecnologia vai permitindo fazer. Então não é a toa que, de certa forma, a tecnologia ajuda a criar aquilo que entendendo como novas modalidades de Jornalismo. O impresso foi a primeira delas, mas aí temos o cinema (no cine-jornalismo), o rádio, a televisão e, com a Internet e a web, passamos a ter a modalidade que passou a ser considerada como jornalismo online, jornalismo digital ou webjornalismo.

Ciência e Cultura – O jornalismo online também modifica profundamente o consumo de notícias por alterar a noção de temporalidade que foi historicamente desenvolvida pelos demais formatos. No que isso afeta a produção jornalística?

Suzana Oliveira Barbosa – Com a web, uma das propriedades do Jornalismo foi quebrada, pois não há a limitação de tempo-espaço. Pode-se, portanto, produzir informação ao longo do dia. É lógico que no início, o que tínhamos como tecnologias para garantir acesso, as conexões e toda essa infraestrutura, ainda eram limitadas para permitir a produção e publicação em fluxo contínuo. Entre 1997 e 1999, aparecem as “Breaking News”, as notícias de última hora. Surge até o jornal “Último Segundo” do IG, em 2000, a partir da ideia da “informação no segundo”. Isso foi muito polêmico, porque batia de frente com o tempo da apuração da notícia. Ainda é preciso ter o tempo da apuração, da concatenação de ideias e da interpretação disso para poder escrever. Então as “últimas notícias” ficaram famosas por poucas linhas, já que não se têm tantos detalhes no início da apuração.

Ciência e Cultura – Por fim, o projeto também prevê a criação de um produto jornalístico. Em que estágio essa realização se encontra e qual é a proposta formulada por vocês para a aplicação do que foi pesquisado?

Suzana Oliveira Barbosa – Nós imaginamos um produto que contemplasse web e um dispositivo móvel. Com as pesquisas dentro dos núcleos que compõem o projeto de Jornalismo Convergente, entendemos que deveria ser um produto para tablet, um aplicativo. Estamos nessa fase, depois de todo um percurso para entender melhor a convergências e as mudanças que estão sendo operadas na área. Já fizemos sessões de brainstorm para chegar à ideia do que seria esse aplicativo e estamos em diálogo com empresas que atuam nessa área na Bahia para nos ajudar, principalmente em relação a avaliar custos para o desenvolvimento do aplicativo. Não temos nenhum aplicativo como parâmetro aqui, então uma das propostas é ser um produto jornalístico que atenda a esta demanda, voltada para notícias de ciência e tecnologia, e inclua empresas jornalísticas, possivelmente, como parceiros para ‘puxarmos’ o conteúdo que considerarmos importante.

*Renato Camilo Oselame, estudante de graduação em Comunicação Social – Jornalismo.

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