Na Bahia, o atendimento à mulher grávida no pré-natal é diferenciado de acordo com o grau de risco de cada gestação.
POR JANE EVANGELISTA*
janeevangelista@gmail.com
Na Bahia, o atendimento à mulher grávida no pré-natal é diferenciado de acordo com o grau de risco de cada gestação. As mulheres que não correm risco além do habitual são atendidas nas unidades de saúde básica. Porém, as que têm uma gestação de alto risco são acompanhadas mais de perto, algumas vezes por especialistas. As mulheres com pressão alta, diabetes, doença falciforme, as com cardiopatias, entre outros, são incluídas no pré-natal de alto risco.
+ SAÚDE DA MULHER
Mortalidade Materna no Brasil – Um desafio a ser superado
Pouca eficácia dos programas e políticas de saúde da mulher
Medicalização da assistência ao parto
No caso das mulheres com doença falciforme, um importante fator de risco para a mãe podendo levá-la a óbito, a estratégia traçada pela Secretária de Saúde do Estado é “que qualquer gestante de qualquer parte do estado, que tiver doença falciforme realize o parto em uma maternidade de alto risco. E foi definido, porque tem UTI, o Roberto Santos e a maternidade José Maria de Magalhães”, declara Carmo.
As adolescentes com menos de 16 anos também têm cuidados específicos. Nestas gestações, há um risco biológico importante, porque o corpo das jovens ainda não está preparado. Por isso, as adolescentes devem ser atendidas nas maternidades Jose Maria de Magalhães, na Tysila Balbino e no Instituto de perinatalogia da Bahia (Iperba) que são referência para este tipo de gravidez.
Desde 2009, o Estado e o Ministério da Saúde têm trabalhado a questão da humanização do parto e do nascimento. Uma série de diretrizes da humanização está sendo implantada na Tysila Balbino e no Iperba. Entre elas, está a vinculação da mulher à maternidade de sua região. O objetivo é que a mulher saiba a unidade de referência. Mesmo que ela não vá parir naquela maternidade, sabe que será atendida e se não puder ser atendida será encaminhada. Outra medida adotada nessas unidades diz respeito à co-gestão, na qual a gestão da unidade tem que ser feita pelo coletivo dos trabalhadores e gestores que atuam na unidade. A intenção é que as unidades montem colegiados gestores.
O acolhimento com classificação de risco também está incluída nas diretrizes de humanização, que está diretamente ligado à questão da vinculação. A mulher é acolhida na maternidade e neste momento já é feito uma avaliação de risco. O atendimento na maternidade não será, por tanto, por ordem de chegada, mas sim por grau de risco. Por último, o direito a acompanhante tem melhorado a qualidade do parto e do nascimento. A mulher fica mais segura, o parto demora menos, pois ela fica menos tensa, diminuindo o risco de infecções e o número de episiotomia, pois há menos tensão.
“A médica disse que eu vou poder ter dois acompanhantes, que é para eu ficar tranquila no dia do parto, para eu andar muito, pois diminui a dor. Na Tysila, tá tudo mudando: as macas são novas, tem um cavalinho, tipo um balanço que serve para expandir o eixo” Afirma Paloma Santos, 17 anos, grávida de cinco meses, que está fazendo pré-natal na Tysila Balbino.
Outra importante iniciativa foi a inauguração, em 2011, do primeiro Centro de Parto Normal do país, em Salvador. No centro podem ser realizados até 120 partos normais por mês. O centro é uma parceria entre voluntários, o governo federal e o governo do estado. O intuito principal é reduzir a mortalidade materna.
*Jane Evangelista é jornalista e especialista em Jornalismo Científico pela UFBA.