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Atualizado em 7 DE maio DE 2014 ás 18:14

Dificuldades e inclusão na comunicação da ciência

“Novos conceitos para a inclusão da comunicação científica num mundo plural” foi o tema de mais uma plenária realizada na tarde desta quarta-feira (7), na 13ª Conferência Internacional de Comunicação Pública de Ciência e Tecnologia

MATHEUS VIANNA*

Os professores César Carrillo-Trueba, da Universidade Nacional Autônoma do México, Charbel El-Hani, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Bernardo de Oliveira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Yurij Castelfranchi, também da UFMG, foram os palestrantes do Painel “Novos conceitos para a inclusão da comunicação científica num mundo plural”, realizado na tarde desta quarta-feira (7), na 13ª Conferência Internacional de Comunicação Pública de Ciência e Tecnologia (PCST 2014).

A primeira apresentação foi do professor Charbel El-Hani, que teve como tema principal um estudo sobre os discursos reproduzidos na mídia sobre genética. De acordo com o palestrante, existem hoje duas visões distintas sobre os genes: a visão que considera os genes como determinantes de características fenotípicas específicas, um entendimento do gene “um para um” com diferentes fenótipos; e a segunda visão entende um gene como um conjunto de características potenciais, um sistema de desenvolvimento que envolve outros fatores. Sobre a comunicação pública desse tema, o professor analisa: “Esse determinismo da genética que percebemos na mídia naturaliza as diferenças sociais, como as outras formas de representação do determinismo que encontramos, como exemplo, nas publicações que indicam que no sul da Itália existiriam pessoas com quociente de inteligência (QI) mais baixo pela sua interação com o norte da África”.

Foto: Eduardo Assunção

Logo em seguida, Bernardo de Oliveira apresentou variados recursos teóricos para entender como se processa e se organiza a comunicação pública da ciência. O palestrante apresentou o modelo elaborado por Ludwik Fleck, médico e biólogo polonês, onde a comunicação da ciência é dividida em três níveis: a ciência manual, composta por cientistas e especialistas, os jornais científicos e demais publicações, e a ciência popular. A proposta de Bernardo é sair dessa divisão estática e engessada para promover um modelo de interligações. “O modelo reelaborado pensa cada círculo desses em constantes ligações e influências, um modelo epicêntrico”, afirma o professor.

A apresentação do professor Yurij Castelfranchi tratou sobre um estudo das características e dificuldades na recepção da comunicação pública da ciência. Segundo o palestrante, essa é uma área pouco estudada no processo de comunicação da ciência, que tem mais aprofundamentos sobre a elaboração e os formatos dos textos publicados sobre ciência. “A comunicação nessa área é muito tecnocrática, cientistas são considerados como aqueles que apresentam apenas fatos comprovados e isso interfere diretamente no processo de recepção”, analisa o professor. Ainda segundo Yurij “O público não deve apresentar uma resistência total às informações, mas sim uma insistência nelas, buscando sempre outras fontes”.

Finalizando o Painel, o professor César Carrillo-Trueba, da Universidade Nacional Autônoma do México, apresentou discussões sobre a relação da cultura e da natureza e como isso afeta a comunicação da ciência. “Em nossa civilização ocidental temos uma separação clara entre essas duas esferas, mas se tomarmos a civilização maia, como exemplo, existia uma constante interação em diversos temas das duas esferas”, analisa o palestrante. Para finalizar, César propõe um modelo híbrido entre cultura e natureza, para surgir diferentes pontos de vistas em diversas temáticas.

*Estudante de jornalismo e bolsista da Agência de Ciência em C,T&I – Ciência e Cultura UFBA.

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