Pesquisadores defendem que a divulgação científica deve valorizar a aproximar do público
LORENA BRANDÃO CARNEIRO*
O painel “Empoderando Crianças: atravessando a ciência, a sociedade e as agendas de inclusão social”, cujo moderador foi o jornalista, físico e diretor da TRACES (Teorias e Reflexões sobre Aprendizagem, Comunicação e Educação Científica), discutiu de que modo as crianças e jovens podem influenciar e participar da produção de conhecimento científico em escolas e universidades.
De acordo com Matteo Merzagora (França), Camille Breton (França) e Raul Araújo (Brasil), os cientistas geralmente se cobram no processo de produção, e divulgação científica, mas comumente deixam de se preocupar com os receptores. “Estamos obcecados com a própria performance. Porém não devo ser enfadonho, devo ilustrar situações para que não sejam tediosas”, defendem.
Esta preocupação deve ser deslocada para o sujeito que está recebendo as informações, acrescentou Matteo Merzagora.
O projeto que a Associação Paris-Montagne realiza com jovens carentes, não familiarizados com a ciência foi um dos exemplos apresentados pela banca. A iniciativa insere adolescentes em laboratórios e estimula a sua participação em programas de extensão nacional e internacional durante as férias.
A entidade também proporciona a participação desses jovens em congressos científicos. Dentre os desafios enfrentados pela Paris-Montagne está a valorização e a obrigatoriedade de diplomas e títulos para esses público e a linguagem acadêmica, que é muitas vezes complexa.
“Nós estamos realmente incluindo os jovens na produção científica, ou eles são meros agentes passivos?”, problematizou Camille Breton. Não se trata de uma procura por novos Einsteins, ainda segundo ela. Mas, sim, de um estímulo para que eles se tornem mais informados, familiarizados e ativos em relação à ciência.
O pesquisador Raul Araújo recuperou o pensamento do educador Paulo Freire, que valorizava a democratização da educação, ao final do debate. “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho. Os homens se libertam em comunhão”, finaliza.
*É estudante de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba e colaborou para Agência de Notícias Ciência e Cultura.