Salman Rushdie, escritor indiano, discorreu sobre a influência e o poder dos livros nas discussões políticas locais, principalmente na Ásia e Oriente Médio
EMANUELA TEIXEIRA*
Os admiradores baianos de Salman Rushdie tiveram a oportunidade de assistir a uma conferência com o escritor indiano na noite da última quarta-feira (15), no Teatro Castro Alves, em mais uma edição do projeto ‘Fronteiras Braskem do Pensamento’. Durante 45 minutos Rushdie, falou sobre a suas obras e sobre o tema da palestra, ‘Eventos públicos e vida privada: literatura e política no mundo moderno’. O escritor discorreu sobre a influência e o poder da literatura nas discussões políticas locais, principalmente na Ásia e Oriente Médio. “Não basta escrever sobre uma determinada história, é preciso entender e tentar viver o que se quer mostrar, o que se quer denunciar. Um romance pode mostrar muito mais do que uma história de amor,” disse o Rushdie.
Com relevante produção literária, que inclui ‘O último suspiro do mouro’, ’Vergonha e Haroun e o mar de histórias’, entre diversos outros títulos, o escritor desenvolve suas histórias tendo como referencial o subcontinente indiano, combinando realismo mágico com ficção e história, através de uma narrativa repleta de conexões, perturbações e migrações entre Oriente e Ocidente. Seu romance ’Os filhos da meia-noite’ recebeu diversas premiações, entre elas os Prêmios The Best of Bookers e Booker of Bookers, além de integrar a série dos grandes livros do século XX da Penguin Books. Em sua mais recente obra, intitulada ’Joseph Anton’, narra a sua própria história durante a fatwa, que perdurou por uma década, época em que, por razões de segurança, assumiu o pseudônimo que serve de título ao livro.
O intelectual ficou mundialmente conhecido em 1989, quando foi condenado à morte pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, que o acusou de cometer heresia no livro ‘Os Versos Satânicos’. Rushdie se mostra reservado quando o assunto vem à tona. “Prefiro uma pergunta sobre literatura”, disse.
Rushdie é um dos maiores representantes do chamado realismo mágico – influência que tirou da infância e adolescência vividas na índia. “Bombaim é uma cidade cosmopolita, então há uma mistura que pode ser experimentada. Todos os livros e filmes da minha juventude carregavam mistura do Ocidente e do Oriente. O cinema foi uma influência muito grande, várias pessoas na minha família eram atores ou diretores. E a Índia era um celeiro de literatura fantástica”.
Fronteiras do pensamento:
Através de uma série anual de conferências, o Fronteiras abre espaço para o debate e a análise da contemporaneidade e das perspectivas para o futuro, apresentando pensadores, artistas, cientistas e líderes que são vanguardistas em suas áreas de pesquisa e pensamento.
Temas, ideias e personalidades que moldam o nosso tempo ocupam o palco do Fronteiras, que tem como valores básicos o pluralismo das abordagens e o rigor acadêmico e intelectual de seus convidados. Dessa forma, o seminário internacional busca avaliar tendências, aceitando a provocação destes que são, hoje, alguns dos mais renomados pensadores em atuação no mundo, constituindo uma linha interdisciplinar de pensamento. Entre os diversos parceiros, a Universidade Federal da Bahia é uma das instituições que apoiam a realização do evento.
*Jornalista e editora-chefe da Agência de Notícias em C,T&I – Ciência e Cultura
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