Pesquisadores do Instituto de Saúde Coletiva e da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, se unem para pensar modelo de comunicação para saúde no combate à tuberculose
Por Marina Teixeira*
marina90st@hotmail.com
A tuberculose é um dos principais problemas de saúde pública que afetam populações de todo o mundo há séculos. O mais recente relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado no final de 2010, revela que no ano anterior, foram notificados 5,8 milhões, destes, mais de 75 mil foram no Brasil.
A situação é ainda mais preocupante na Bahia – no ano passado foram registrados 5.393 casos novos com 365 óbitos. Estes números colocam Salvador como a sétima capital em número de casos, e um dos municípios que o Ministério da Saúde considera prioritário na luta contra a tuberculose.
Além das instâncias públicas, as universidades também se debruçaram sobre o assunto. A pesquisa “Estratégias de Informação, Comunicação & Saúde. Metodologia de comunicação no controle da tuberculose em Salvador-Bahia”, sediada no Instituto de Saúde Coletiva (ISC), com participação da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/ Ufba), é um desses exemplos.
O projeto investigou entre 2008 e 2010 os casos da doença suas formas de prevenção e controle no Centro Histórico de Salvador, um dos Distritos Sanitários (DS) com maior número de focos de tuberculose.
Coordenado pela professora Ligia Rangel, do ISC, a iniciativa teve a presença dos professores, José Francisco Serafim e Graciela Natansohn, ambos da Facom. O trabalho combinou os olhares da comunicação, saúde e cinema sobre a realidade da tuberculose na cidade.
Durante a pesquisa, estigmas, preconceitos, tratamento e as ações de prevenção em uma comunidade do Centro Histórico foram alvo do trabalho, que contou com o filme: “Conversações sobre a Tuberculose”, produzido pelo professor Serafim.
Outro resultado do projeto é o “Guia de Comunicação em Saúde: melhorando a qualidade da interação comunicativa entre profissionais de saúde e comunidades sobre a tuberculose” – um protocolo que, segundo a professora Graciela Natansohn, “é uma espécie de manual que pode ser utilizado pelos centros e os gestores de saúde.”
Nesse tipo de pesquisa multidisciplinar, a experiência prévia na interface entre a comunicação e a saúde das professoras envolvidas foi fundamental. Lígia Rangel, médica sanitarista, trabalhou em um programa de combate à tuberculose durante 6 anos em São Paulo, atendendo pessoas portadoras da doença. Graciela Natansohn trabalhou durante 15 anos no Ministério da Saúde na Argentina. Desde assessoria de comunicação, passou por planejamento da comunicação e saúde e trabalhou com educação ligada à área.
Ainda hoje a doença é estigmatizada e ligada à comportamentos promíscuos e à pobreza. O projeto teve como objetivo criar um protocolo que ajude profissionais de saúde na orientação da população para superar preconceitos e a se prevenirem contra a tuberculose.
Segundo Graciela Natansohn, a pesquisa tinha a intenção de fazer um mapeamento do problema, que não é apenas específico da saúde, mas também da comunicação, para subsidiar políticas públicas. “A questão é que as dimensões da cultura e da comunicação não são levadas em conta na hora de se pensar numa política pública para a tuberculose.”, diz a pesquisadora.
Um exemplo é o preconceito sofrido pelos portadores da doença. “É necessário pensar em medidas específicas, a fim de que a prática dos enfermeiros, dos médicos, possam contornar esses problemas culturais”, recomenda Natansohn.
Ainda sobre os preconceitos ligados à doença, Lígia Rangel diz que a falta de informação persiste: “a tuberculose tem cura. Mas as pessoas ignoram isso. Em uma conversa num grupo focal, essas pessoas achavam que a tuberculose se pegava pela água, que se transmite pelos objetos. Mas já está provado que não se passa dessa forma, e sim pelo ar”, explica Rangel. Para ela, o conhecimento cientifico está distante da população, mas não de uma maneira tradicional e descritiva.
O modelo de educação e comunicação desenvolvido no país para prevenção e combate à tuberculose não tem o impacto desejado na população. “Não basta você fazer campanhas, divulgar informação na mídia, porque as pessoas são muito diferentes. Precisamos conhecer as realidades e trabalhar com as pessoas, não para as pessoas, porque elas vão poder nos dizer algo que não sabemos, como as formas de tratar a tuberculose que as benzedeiras e as curandeiras usam, por exemplo.” completa Rangel.
De acordo com ela, a metodologia aplicada na pesquisa permite para o profissional que for trabalhar nessas comunidades, estar mais próximo dos molestados. “Devemos conhecer mais para poder dialogar com as pessoas sobre isso, sem partir para uma ação que seja vertical, autoritária, desrespeitosa”, finaliza a docente do ISC.
O processo continua com os professores integrantes da pesquisa, que abrangem saúde, comunicação e cinema, com um novo olhar para compreender a importância de uma boa estratégia para combater uma das doenças que mais atinge os soteropolitanos, como ratifica Lígia Rangel: “temos a segunda parte, que é a capacitação comunitária e profissional com o pessoal da comunidade e profissionais da saúde que quiserem se engajar no projeto de transformação cultural. Eles poderão aprender através do curso, que será oferecido pela Ufba e usar essa metodologia pra falar sobre a doença.”
*Estudande de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom
é muito bom estou fazendo trabalho sobre a tuberculose .e é bom pq não é para ninguém ter vergonha q a maioria das pessoas sofrem com isso.E isso afasta mais as pessoas de seguir o tratamento.
Existe a possibilidade de eu conseguir este “Guia de Comunicação em Saúde: melhorando a qualidade da interação comunicativa entre profissionais de saúde e comunidades sobre a tuberculose”???
Olá,
Fizemos uma busca pela internet, mas não conseguimos obter esse guia. Veja se é possível obtê-lo, entrando em contato com a pesquisadora responsável Maria Ligia Rangel Santos, por meio do contato:
Universidade Federal da Bahia, Instituto de Saúde Coletiva.
Rua Basílio da Gama, s/n
Canela
40110-040 – Salvador, BA – Brasil – Caixa-postal: 40150380
Telefone: (71) 32837433
Ramal: 7433
Fax: (71) 32637460
Esperamos ter ajudado!
Equipe Ciencult