Febre, dor nas articulações e olhos vermelhos acendem, em humanos, o alerta para uma doença: Zika Virus. A enfermidade, porém, não acomete apenas pessoas. Animais também são infectado com o vírus transmitido pelo aedes aegypti
POR ALEXANDRE GALVÃO*
galvao.salexandre@gmail.com
Febre, erupções, dor nas articulações e olhos vermelhos fazem acender, em humanos, logo o alerta para uma doença: o Zika Virus. A enfermidade, no entanto, não acomete apenas pessoas. Animais também podem se infectar com vírus transmitido pelo aedes aegypti – que já matou três pessoas no Brasil. Professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Roberto Franke pesquisa, atualmente, a caracterização clínica/laboratorial e avaliação de potenciais reservatórios animais na infecção pelo vírus Zika na Bahia.
Em entrevista à Agência de Notícias da Ufba, o pesquisador explicou que ainda não é possível afirmar se a infecção do pet pelo Zika é mais, ou menos, severa do que a contaminação humana. Segundo ele, casos foram diagnosticados no Brasil, mais precisamente no estado do Ceará. “Já é conhecido na ciência que o vírus Zika pode infectar primatas não humanos. E recentemente, o vírus foi encontrado infectando em primatas no estado do Ceará. [Sobre a gravidade da infecção], não se sabe ainda se os primatas não humanos infectados venham de fato a desenvolver algum quadro clínico, o que não nos permitirá afirmar que eles adoecem em decorrência da infecção pelo vírus Zika”, alertou.
Apesar das diferenças na identificação na infecção do vírus para humanos e animais, a identificação, ainda segundo Franke, é a mesma. “O diagnóstico da infecção pelo vírus Zika em animais é baseado em testes sorológicos e moleculares, semelhante ao procedimento com humanos”, explica. O professor alerta ainda para a possibilidade do vetor da doença – o Aedes - picar um animal com Zika e “espalhar” a doença para pessoas ou outros animais. “Os animais infectados com o vírus Zika não ‘espalham’ o vírus. Mas é possível sim que o mosquito vetor Aedes aegypti possa fazê-lo ao sugar o sangue de um primata infectado e, em seguida, vir a picar uma pessoa. No entanto ainda não se sabe se isso realmente ocorre”, esclarece.
Com sua pesquisa, que teve início no ano passado, o professor espera “contribuir para esclarecer o envolvimento de primatas não humanos no ciclo de transmissão do vírus Zika, identificando quais espécies de primatas podem ser infectadas pelo vírus, quanto tempo um primata infectado pode albergar o vírus em seu organismo - o que é de grande importância, pois determina se alguma espécie de primata pode atuar como reservatório do vírus, permitindo que novos surtos ocorram em virtude da reintrodução do vírus nas populações humanas”. “É importante estudar os primatas infectados quanto a possibilidade do vírus representar um risco à saúde desses animais, especialmente, para aquelas espécies ameaçadas de extinção. Pode-se também, pela pesquisa, identificar o possível envolvimento de outras espécies de animais domésticos e silvestres na epidemiologia do vírus Zika, e aperfeiçoar as medidas de controle e prevenção dessa virose”, finalizou.
Zika no Brasil – Em abril deste ano, o Ministério da Saúde divulgou que, no país, existe, 91.387 possíveis casos da doença. O levantamento diz respeito até o dia 2 de abril de 2016. Os casos de microcefalia – que têm relação com a doença, chegam a 1.198.
“A taxa de incidência, que considera a proporção de casos, é de 44,7 casos para cada 100 mil habitantes”, informou em comunicado o ministério, que tornou compulsória a notificação dos casos de Zika em fevereiro deste ano.
A região Sudeste teve 35.505 casos prováveis da doença, seguida das regiões Nordeste (30.286), Centro-Oeste (17.504), Norte (6.295) e Sul (1.797), de acordo com a pasta. O Zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que também é o vetor da dengue e da febre chikungunya.
*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e aluno da disciplina Jornalismo Especializado e colaborador da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura Ufba