O silêncio sobre o trabalho doméstico nas produções intelectuais foi tema de um dos debates do II Seminário Regional do Emprego Doméstico. A discussão também teve reflexões acerca do racismo institucional, da carência de questões de gênero e etnia nos currículos escolares e nas produções acadêmicas
POR LARISSA SILVA*
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“A produção intelectual sobre o emprego doméstico: a violência da ausência”, foi tema de II Seminário Nacional do Emprego Doméstico, realizado no Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), no Largo Dois de Julho, em Salvador. A discussão dessa mesa tratou do trabalho doméstico e da invisibilidade das temáticas raciais nas produções acadêmicas.
A assistente social Claudia Veronese, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), iniciou o debate fazendo uma breve exposição de sua pesquisa sobre os avanços e desafios gerados pela PEC 72/2013, que regulamenta o serviço doméstico. Para ela, apesar de promover algumas conquistas, a emenda contribuiu para que o trabalho doméstico desregulado e precário se transformasse em uma precariedade regulada. “A fiscalização do trabalho é frouxa e muitos direitos das domésticas, tais como a insalubridade, não foram contemplados”, declara.
A historiadora Maria Aparecida Sanches abordou como as questões raciais e de gênero são silenciadas desde a escola. Segundo ela, as poucas produções acadêmicas voltadas para esses assuntos não chegam aos estudantes do ensino fundamental e médio. “Ficam só enchendo currículo”, conclui.
A mesa também foi composta pela mestranda em direito Gabriela Ramos. Para ela, os estudos raciais estão defasados no meio jurídicas. “São a ferida aberta do Direito”, atesta. A pesquisadora afirma ainda que há um abismo entre a realidade e as leis, dessa forma, as pesquisas do direito só conseguirão promover justiça social se estiverem ligadas a outras áreas do conhecimento.
A presidente do Sindicato das Empregadas Domésticas de Macapá, Olendina Nunes, estava presente e relatou que nessas reuniões fica feliz por ter acesso a tantas informações sobre seus direitos. Por outro lado, confessa que encontra muitas dificuldades na hora de aplicá-las.
O evento, mediado por Elizabete Pinto, contou também com contribuições das integrantes do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Gênero, Raça e Etnia (NEPGREG) Juliana Ramos e Dandara Pinho.
* Estudante da Faculdade de Comunicação da UFBA e estagiária da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura