Com orçamento limitado, novos investimentos para times e atletas da UFBA avançam gradativamente
POR MARINA ARAGÃO*
marinaaragaosilva@gmail.com
A Universidade Federal da Bahia foi apontada pelo ranking da Folha como a 14ª melhor entre 100 universidade brasileiras. Esse posicionamento mostra a importância da instituição na construção da pesquisa, do ensino e da extensão. Entretanto, ainda não se pode comemorar quando o assunto é investimento em tecnologias para o esporte, bem como o desenvolvimento de uma cultura esportiva na UFBA.
Um levantamento realizado pela equipe de reportagem da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura, através de entrevistas com profissionais, professores e estudantes do curso de Educação Física da UFBA, apontou que o esporte de rendimento da universidade conta apenas com recursos pontuais disponibilizados pelo orçamento limitado. Na avaliação desses profissionais, a melhor solução para as dificuldades enfrentadas no setor esportivo é a sua institucionalização.
A iniciativa da institucionalização consiste na ampliação da cultura do esporte, ao torná-lo parte integrante da estrutura acadêmica e na inserção de outras fontes de investimento além da unidade. De acordo com a pró-reitora de Assistência Estudantil da UFBA, Cássia Maciel, a Universidade ainda estuda como melhorar e qualificar o esporte na instituição, “A UFBA está definindo como o esporte se cruza com as atividades acadêmicas, como contabilizar e regulamentar a carga horária como uma atividade extracurricular dos estudantes atletas. Nossa ideia é que essa institucionalização fortaleça a prática de esportes na universidade, mas não só na parte do rendimento, e sim na sua concepção mais ampla, de saúde e lazer”, explica.
Em 2014, a UFBA implementou a Bolsa Atleta, auxílio temporário de R$ 400,00 designado para os alunos atletas. Entretanto, segundo Maciel, essa ação priorizava o esporte em detrimento de outras áreas de necessidade dos estudantes. “A nossa vontade de investir no esporte de maneira mais ampla existe, mas temos que, dentro do orçamento, contrabalancear essas iniciativas. Então, manter uma bolsa fixa e ainda apoiar com transportes, diárias, material e com a inscrição nos eventos é algo que fica custoso dentro dos planejamentos orçamentários”, reconhece.
Outro elemento apontado como dificultador das práticas esportivas na UFBA é a fragilidade da estrutura física do Centro de Esporte (Veja aqui matéria sobre o CEFE). Sem um ginásio poliesportivo e uma piscina para treinamentos, os atletas precisam se deslocar para outros lugares com os quais a universidade possui convênio. “É desanimador ver outros atletas que possuem condições melhores de infraestrutura e saem na frente porque na UFBA não se tem nem uma piscina para treinar”, lamenta a atleta de natação Emmanuele Pereira.
A falta de cobertura e bebedouro na quadra são os principais agravantes para o atleta de handebol Davi Albuquerque. “Treinamos junto com a equipe feminina, às terças e quintas, na quadra do Colégio Salesiano em Nazaré, por conta do período de chuva, pois a UFBA não tem quadra coberta. E às sextas, no Centro de Educação Física e Esporte (CEFE). Lá, o mínimo que precisaríamos ter seria uma quadra coberta com um bebedouro para manter uma sequência de treinos em um local próximo da UFBA e em que todos do time pudessem sempre estar”, critica.
Atualmente, há o GT-Esporte, um grupo de trabalho que reúne entidades representativas da universidade, como a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil (PROAE), o Movimento Universitário Desportivo (Mude), o Diretório Central dos Estudantes (DCE), o Departamento de Educação Física, o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação das Universidades Públicas Federais no Estado da Bahia (Assufba) e a Associação dos Professores Universitários da Bahia (APUB) para discutir uma política de esporte e lazer para a instituição. Como atividade integradora, as iniciativas esportivas buscam abarcar docentes, técnicos e estudantes.
Nesse sentido, como representante do Mude, Ingara Ribeiro aponta como principais iniciativas para as atividades saírem do papel projetos bem estruturados, que atendam ao esporte de uma maneira completa e que seja acessível, uma equipe qualificada responsável por gerir esses projetos, financiamento e uma estrutura física qualificada. “É uma tentativa de melhora, porém ainda sem ganhos na prática. Mas estamos na expectativa de que esse projeto contemple as demandas”, declara.
Como iniciativas emergentes, já foi instituído um edital para a contratação de oito profissionais que irão gerir as equipes, pretende-se também estabelecer um convênio com o estado para o uso de piscinas, além da construção de uma pista de atletismo.
Em novembro deste ano, a instituição pretende realizar a I Jornada Esportiva da UFBA com o objetivo congregar alunos de diversos cursos através das modalidades esportivas, além de propiciar uma programação mais extensa que envolverá palestras e exposições sobre o tema. “Queremos dar para o esporte essa visibilidade através de atividades que irão reunir todo o coletivo esportivo”, salienta o coordenador de esporte e cultura da Assufba, Mário Sérgio Nascimento. A jornada será uma forma de incentivar as equipes esportivas da unidade, composta, atualmente, por oito equipes de quadra, quatro de vôlei de praia, dois atletas de tênis, dois de xadrez e atletas de natação e atletismo. A universidade participa todo ano dos Jogos Universitários da Bahia (JUBA) e dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBS), além das competições locais. “Nós temos muita demanda, não só do [esporte de] rendimento, mas também de diversos cursos e da comunidade. Estamos numa fase de crescimento do esporte dentro universidade”, conclui Mário Sérgio.
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*Estudante de jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e estagiária da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura