Debate que integrou a Semana de Mobilização da Doença Falciforme teve como objetivo apresentar as dificuldades no cuidado às pessoas que possuem a enfermidade, além da importância de denunciar o racismo institucional em unidades de saúde
POR LARISSA SILVA*
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A mesa redonda sobre os desafios do cuidado integral à pessoa com doença falciforme compôs a programação da Semana de Mobilização da Doença Falciforme, que teve o objetivo de esclarecer questões acerca dos cuidados e tratamentos com a patologia, possibilitando a melhoria da qualidade de vida das pessoas que a possuem.
De acordo com a antropóloga e professora do Instituto de Saúde Coletiva, Clarice Mota, existe a necessidade de certificar que as pessoas com a patologia tenham seus direitos assegurados, como o auxílio no acesso à escola e a garantia dos atendimentos com os profissionais de saúde de variadas especialidades, não somente o hematologista, especializado em assuntos do sangue.
Clarice afirmou que várias medidas de prevenção podem evitar as complicações da doença e que ela precisa ser desmistificada. Nesse sentido, falou do fato de as mulheres que possuem a patologia geralmente escutarem dos profissionais de saúde que elas não podem engravidar. Mota esclareceu que a gravidez não é proibida, apesar de requerer maiores cuidados. “É necessário assegurar o direito reprodutivo das mulheres”, declarou.
Alguns presentes compartilharam suas experiências pessoais nas quais foram vítimas de racismo nas instituições de saúde. Clarice frisou a importância de denunciar estes casos de racismo institucional para os órgãos competentes. Além disso, relatou que há uma deficiência na formação dos profissionais de saúde, porque os currículos acadêmicos não contemplam estudos sobre a doença falciforme. Entretanto, destacou que a desinformação dos especialistas não pode ser justificativa para um mau atendimento.
A coordenadora do Comitê Técnico Estadual de Saúde da população negra, Ubiraci Matildes, destacou que, para alcançar a saúde integral, é indispensável garantir um atendimento de qualidade nas instituições de saúde. Mas ressaltou a necessidade de também estimular o autocuidado dos pacientes, para que eles possam seguir corretamente as orientações dos profissionais. “É preciso estimular, além do cuidado institucional, a educação em saúde”, defendeu.
*Estudante de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e estagiária da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura
Quero salientar neste breve comentário a necessidade que temos do auxilio financeiro já que não conseguimos trabalhar sem a presença dos atestados de saúde. Não tem empresa que aguente.