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Atualizado em 27 DE outubro DE 2016 ás 11:03

Qual o futuro das embalagens?

O Ciclo de palestras da SNCT 2016 reuniu especialistas e entusiastas em torno do tema Embalagens Criativas, tais como, Braulio Barreto, Bruna Machado, Renato Souza Cruz e Albertoni Bloisi.

POR EMILE CONCEIÇÃO* E SALETE MASO **
ej_jornalista@hotmail.com saletemaso.fotografia@gmail.com

Faz muito tempo que as embalagens deixaram de exercer a simples função de armazenar produtos para a venda. Hoje elas ajudam a conservar e saborizar comidas, são sustentáveis, biodegradáveis e até comestíveis, contribuem para o preparo dos alimentos de uma forma mais prática, além de, claro, chamar a atenção do consumidor de formas cada vez mais criativas. Foi em torno dessa temática que Bruna Machado, Albertoni Bloisi Neto, Renato Cruz e Braulio Barreto se debruçaram. O painel Embalagens Criativas reuniu esses especialistas interessados no tema, durante o ciclo de palestras do segundo dia da 13ª Semana de Ciência e Tecnologia (SNCT 2016).

A pesquisadora do Senai-Ba, Bruna Machado, falou sobre o futuro das embalagens através de projetos que já estão sendo desenvolvidos, como as embalagens verdes ou biodegradáveis, produzidas com materiais abundantes na natureza e que, quando descartadas, sejam absorvidas mais rapidamente sem gerar danos ao meio ambiente. O projeto criado por Bruna, desenvolve embalagens a partir do uso de amido como matéria prima. A ideia, sem dúvidas, é fabulosa e pode ser uma das soluções para o acúmulo de lixo, mas também possui barreiras à sua implantação. A pesquisadora adiantou que em comparação com as de origem fóssil, as verdes são cerca de 20% mais caras, e que até 2023 ainda serão apenas 20% das embalagens produzidas.

E para quem não consegue imaginar a vida sem embalagens, saiba que é possível! Bruna mencionou o caso do primeiro supermercado sem embalagens do mundo, o Original Unverpack. Ele foi inaugurado em 2014, em Berlim, na Alemanha. Nele os consumidores levam seus frascos de vidro para comprar os alimentos que são vendidos à granel. O projeto foi pensado por duas mulheres e levou 2 anos para se tornar real. Segundo as criadoras, só na Alemanha, 16 milhões de toneladas em embalagens são descartados anualmente, dessa forma, algo precisa ser repensado para aumentar a conscientização da população como um todo. Sem dúvida é uma enorme inovação!

Já o especialista em desenvolvimento de mercado da Braskem, Albetoni Bloisi, trouxe as experiências em inovações que estão sendo colocadas em prática pelo mundo, e que devem estar chegando ao Brasil em breve. Por exemplo, embalagens que dão uma experiência sensorial ao consumidor fazendo com que ele tenha uma prévia do que vai comprar, como a textura do produto. Embalagens de alimentos pré-prontos que podem ser abertas para acrescentar mais algum ingrediente, agitar e já ter uma massa de cup cake ou panqueca pronta para assar ou fritar, sem sujar vasilhas. Um iogurte em pó que pode ser levado para qualquer lugar na bolsa, sem refrigeração, e preparado em 3 minutos apenas adicionando água, entre outras inovações muito facilitadoras do dia a dia, cada vez mais corrido.

Um destaque durante a apresentação de Albertoni, foram as embalagens re-fechadas, que permitem ao cliente utilizar uma determinada quantia do alimento e guardar o resto sem afetar as características do produto para uma utilização posterior. “Os clientes hoje, estão buscando por soluções mais práticas, como embalagens que conservam a comida e sirvam uma ou duas pessoas. As embalagens re-fechadas atendem a uma demanda de mercado para pessoas que consomem quantidades mais reduzidas e desejam guardar de volta o alimento”, frisou Bloisi.

O pesquisador Renato Cruz, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), direcionou sua exposição para 4 soluções possíveis para acabar ou amenizar, o acúmulo de lixo. São elas, a reciclagem, a incineração (que apesar de também poluir, pode ser a única solução para alguns lugares do mundo), as embalagens biodegradáveis, e a conscientização do ser humano para a sua responsabilidade na poluição.

Especificamente sobre as embalagens biodegradáveis, Renato disse que se houver disponibilidade de matéria prima, tecnologias inovadoras para a redução de custos, políticas governamentais de incentivo e integração entre os setores agroindustriais, elas podem sim ser uma medida possível. Mas ele também critica que somente o simples fato de produzi-las não vai solucionar o problema.

Em sua fala, Braulio Barreto, da Las Palomitas, startup que produz pipocas gourmet, mostrou como as embalagens criativas ajudaram no diferencial do seu produto na hora da venda e do marketing. As pipocas são comercializadas em dois tipos de embalagem, uma ziplock plástica que permite ser re-fechada e guardada sem perda da qualidade, e uma lata de metal, semelhante à de leite em pó que foi pensada como uma embalagem para presentear em ocasiões especiais, por ter um design elegante e criativo.

Braulio Barreto durante sua apresentação (Foto: Emile Conceição)

O empresário apresentou ainda campanhas que são feitas pela empresa para incentivar a reciclagem das embalagens de metal, como a devolução das mesmas, que garante ao consumidor um desconto de 10% na próxima compra. Foi iniciada uma parceria entre Las Palomitas e a Euzeria, e essas devoluções são utilizadas posteriormente em oficinas de arte para crianças.

Ao final das palestras foi possível concluir que as Embalagens Criativas são uma realidade cada vez mais necessária, que muito além de chamar a atenção do consumidor, estão caminhando ao lado da tecnologia para criar formas inovadoras de armazenamento aliado ao preparo de alimentos, bem como um descarte que traga menos danos ao meio ambiente. O mundo está passando por transformações já faz um tempo, os clientes estão mudando e se tornando cada vez mais exigentes e conscientes. As marcas precisam estar atentas a esta mudança de comportamento e, para acompanhar este movimento, é preciso inserir o consumidor como parte da construção nos processos, escutando as suas necessidades e desejos e criando experiências relevantes e adequadas a cada grupo.

* **Estudantes da Faculdade de Comunicação e estagiárias da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura Ufba

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