Amigos, colegas, alunos, familiares e admiradores deram depoimentos pessoais sobre o professor Mahomed Bamba, da faculdade de Comunicação da UFBA
POR EMILE CONCEIÇÃO*
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A emoção e a saudade tomaram conta da Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom) na tarde da última terça-feira, 29. Amigos, colegas, alunos, familiares e admiradores de Mahomed Bamba se reuniram para relembrar momentos pessoais que compartilharam com o professor, durante a mesa Um ser em errância: memórias de Mahomed Bamba.
A atividade aconteceu durante a abertura da Semana Mahomed Bamba de Comunicação, em comemoração ao primeiro ano de sua morte. A atividade, realizada pela Facom, o Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporânea (Poscom) e o Laboratório de Análise Fílmica (LAF), foi mediada pelos professores José Serafim e Regina Gomes. Estiveram presentes ainda, dando seus depoimentos, a professora Marise Berta, do Instituto de Humanidades, Arte e Cultura (IHAC) e os estudantes Alex França, Ana Camila, André Bonfim, Ana Paula Nunes e Letícia Moreira.
A professora Marise, que foi uma espécie de descobridora de Bamba, em seu depoimento ela contou como o conheceu e ao seu talento, durante o primeiro Congresso da Rede de Escolas de Comunicação da Bahia (Redecom) e o convidou para a UFBA. Ela também presenciou um momento especial na vida do docente, uma visita feita pela Polícia Federal à instituição quando ele estava no processo de aprovação do visto permanente para viver no Brasil. Segundo ela, os alunos prestaram depoimentos emocionantes sobre o professor aos oficiais. “Foi uma das cenas mais bonitas que um professor gostaria de ter”, recorda Marise.
A vivência que Bamba tinha nas redes sociais, mais especificamente no Facebook, também foi bastante comentada por todos. “As redes sociais eram instrumentos importantes para ele. Ele não saia muito. Dizia que conseguia conviver bem no Facebook”, acrescentou a professora Regina. Já Alex França, que é oriundo da Faculdade de Letras de UFBA, lembrou que “ele era querido também em Letras. Participava de muitos eventos lá, e fazia uma união entre Comunicação e Letras, os dois institutos que, apesar de tão próximos, são tão distantes”.
Generosidade e simplicidade foram os adjetivos mais utilizados para descrever o professor, seja no trato com todos no dia a dia, ou na colaboração para a confecção dos trabalhos acadêmicos. “Ele tratava os alunos por monsieur e mademoiselle. Guardava os temas de todos os seus orientandos e distribuía entre todos eles material para leitura”, disse André Bonfim, um dos orientandos de Bamba. Para Letícia Moreira, era evidente “a atenção, o cuidado que ele tinha com os alunos. Quando eu falei que queria pesquisar feminismo, começaram a chegar várias marcações no Facebook e e-mails dele sobre a temática”, recorda.
Bamba era muito amável, porém sabia ser duro quando necessário. Foi o que contou Ana Camila, que teve a presença do docente em sua banca examinadora quando defendeu sua dissertação de mestrado. “Eu achei que ele ia me acolher, mas ele acabou com a minha vida. Fiquei duas semanas sem falar com ele, mas depois ele me explicou melhor. Mas foi horrível, eu fiquei arrasada!”, disse. “Depois ele me convidou para publicar o primeiro capítulo da minha dissertação num livro que ele estava organizando. Foi muita generosidade. Ele acreditou em mim de uma forma absurda!”, constatou Ana Camila.
A presença marcante e o amor que o professor tinha pelo Brasil não ficaram de fora dos comentários. Ana Paula Nunes, primeira orientanda de doutorado dele, lembrou da alegria que ele transmitia, que inclusive se refletia em seu vestuário bastante colorido. “Ele gostava muito das cores. Mesmo no inverno rigoroso de Michigan, ele era o verde limão, o laranja. Por mais cores!”, disse. Letícia contou que “ele conhecia o mundo, mas se denominava Bambaiano. Se considerava brasileiro”.
“Foi uma homenagem póstuma, mas foi muito bom relembrar quão fabuloso foi esse personagem que foi o Bamba”, finalizou o professor Serafim. E como bem disse André Bonfim, ao fim de sua fala: “Salve Bamba!”.
*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e estagiária da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA.