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Ciência e Cultura - Agência de notícias da Bahia
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Atualizado em 3 DE fevereiro DE 2017 ás 16:43

Katemari Rosa

A Agência de Notícias conversou com Katemari Diogo da Rosa, ou simplesmente Katemari Rosa. Uma mulher, negra e física que, aos 8 anos, sonhava em ser astrônoma. Certamente, em sua adolescência vivenciada no planetário e no observatório de sua cidade, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, não imaginava que chegaria a inspirar pessoas com seu trabalho na ciência. Nem que se tornaria mestra em Ensino, Filosofia e História das Ciências, e mestra e doutora em Science Education, a fim de contribuir na formação de outros educadores. Hoje, como professora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), está à frente do projeto "Contando nossa história: negras e negros nas ciências, tecnologias e engenharias no Brasil", que pretende resgatar a história de cientistas negros brasileiros, algo que não dispomos, ainda, no país. Confiram o que a pesquisadora tem a dizer sobre gênero, ciência e questões raciais

POR EMILE CONCEIÇÃO*
emile_conceicao@outlook.com

Katemari Rosa (Foto: Simone Marinho/ Instituto Unibanco)

Katemari Rosa (Foto: Simone Marinho/ Instituto Unibanco)

Agência de Notícias: Como começou sua relação com a física? O que a fez querer se especializar em uma área, que historicamente conta com pouca presença de mulheres, principalmente negras?

Katemari Rosa: Quando eu resolvi fazer Física, eu não pensava nessas questões de qual seria a representatividade de mulheres e de pessoas negras na Física. Eu queria fazer Física desde os meus 8 anos de idade. A razão é porque eu amava Astronomia, amava o que eu achava que era a Astronomia. Gostava de olhar para o céu, para as estrelas, para o universo, o cosmos. Achava aquilo tudo fascinante. Aí, eu descobri que muitos astrônomos têm formação primeiramente em Física. Aí eu disse: É isso que eu vou fazer: Física. Tem o fato de eu gostar dos céus, das estrelas, mas também têm questões de conjuntura, de sorte. Quando eu estava no Ensino Médio, estudei numa escola técnica federal que era dentro do campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E o prédio ficava ao lado do planetário. Eu ia muito ao planetário.

Quando eu estava no primeiro ano do Ensino Médio o observatório da universidade também ficava muito próximo. Acontecia um programa de popularização da ciência lá. Tinha uma programação de observação do céu que eu fui algumas vezes. Tinha um programa no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, se chamava Física para Secundaristas e era aberto à comunidade em geral. A gente tinha aulas de Física, fazia experimentos. Eu me inscrevi, fiz esse curso, fiz vários experimentos e acabei aprendendo muita coisa sobre Física. E era um curso gratuito. Esses são fatores que eu considero que contribuíram fortemente para eu me interessar pela área da Física. E as questões sobre a presença ou a ausência de mulheres e pessoas negras na Física não eram coisa que na época eu estivesse preocupada. Eu comecei a me interessar por essas questões quando eu já tinha terminado o mestrado. Foi uma preocupação que foi crescendo com o tempo e por outras questões.

Agência de Notícias: Durante seus anos de estudo e ensino já passou, ou presenciou, situações de preconceito de gênero ou raça?

Katemari Rosa: Sim, já passei. Já presenciei também. Eu sempre fico incrédula quando pessoas negras ou mulheres dizem que nunca tiveram experiências ou nunca presenciaram situações, respectivamente, de racismo e de sexismo. Porque a gente vive numa sociedade que é racista e machista, e não importa o ambiente em que nós estejamos, vai fazer parte dessa sociedade. Portanto vai estar sujeito a essas mesmas constrições, a esses mesmos problemas que a sociedade de maneira mais ampla enfrenta. No espaço acadêmico a gente vai encontrar isso e na sala de aula. Não há como dissociar. E é claro, eu acho que acontece muitas vezes é que precisa haver uma consciência da nossa condição de mulher na sociedade, de pessoa negra em sociedade, para identificar situações de racismo e de sexismo. E têm várias situações.

Teve uma vez que eu estava num ponto de ônibus em Salvador, uma das cidades com maior percentual de pessoas negras no Brasil. Eu trabalhava em Feira de Santana, na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), e estava esperando o ônibus na Garibaldi, de manhã cedo, para o Iguatemi. De lá saía um ônibus que levava professores para a Uefs. Um colega meu pegava o ônibus num ponto anterior me ligou e disse: “Katemari, o ônibus quebrou”. E tinha outra pessoa no ponto também esperando o ônibus, e eu comentei: “Meu colega avisou que o ônibus quebrou”. E a menina que estava no ponto falou: “você vai perder o ônibus?”. Aí eu expliquei que tinha um ônibus da empresa que levava a gente. Ela perguntou onde eu trabalhava e o que eu fazia lá. Eu respondi que era professora na Uefs. E vinha vindo outro ônibus que serviria para mim. Aí ela perguntou: “Você é professora de estudos africanos?”. E foi bem na hora que o ônibus chegou e eu entrei. Não tive nem chance de responder, até porque a pergunta me pegou de surpresa. Porque ela nem me perguntou de quê eu dava aula.

Foi uma surpresa eu ser professora na Uefs. E se eu era professora numa universidade é evidente que a única coisa sobre o que eu podia estar dando aula era de Estudos Africanos. Sobre o quê mais uma mulher negra pode estar dando aula numa universidade, não é? E eu tenho certeza absoluta de que essa pessoa não falou com maldade. Não é necessariamente algo feito com a finalidade de machucar, não é uma questão de ódio, não é isso! É que a nossa cultura é machista, sexista e racista. A gente desenvolve conceitos – e quando eu digo a gente, eu estou inclusa nisso – em que mulheres, pessoas homossexuais, pessoas negras têm que ter certos comportamentos, têm que pertencer a determinados espaços. A gente constrói socialmente essas ideias e acaba repetindo sem pensar, muitas vezes, sobre elas.

Agência de Notícias: Durante o mestrado, quando estudou na Universidade Federal da Bahia (UFBA), verificou disparidades de gênero e cor, entre os docentes e discentes?

Katemari Rosa: Eu sou natural de Porto Alegre, e nunca tinha ido a Salvador.

Quando cheguei fiquei hospedada no Pelourinho, e lembro que eu fiquei super impressionada. Eu nunca tinha visto tanta gente negra junta na minha vida. Eu costumo dizer que nem em churrasco de família eu via tantas pessoas negras como em Salvador. Visualmente é algo que causa um super impacto. Eu estava procurando uma loja, e me disseram para ir ao Shopping Barra, e eu fui. E eu fiquei chocadíssima, porque eu não vi nenhuma pessoa negra lá. Claro que devia ter pessoas negras lá naquele dia, mas a diferença foi tanta que eu não percebi pessoas negras. E a mesma coisa aconteceu quando eu fui para o Instituto de Física, na UFBA. Eu pensei: “Que coisa estranha! Onde é que estão as professora, os professores negros aqui?”. Tinha o falecido professor Aurino, mas você não via pessoas negras no Instituto de Física. Depois eu vi assim no curso de graduação em maior número, mas na parte docente a disparidade era muito grande. Isso foi uma coisa que eu achei bastante interessante. Que foi algo inclusive que começou a me despertar o interesse em pensar sobre as questões raciais na comunidade científica, particularmente na Física.

Agência de Notícias: Em 2008, a professora Simone Bortoliero, junto com outros pesquisadores, realizou uma pesquisa com estudantes de escolas públicas. O objetivo era averiguar a percepção que eles tinham da ciência e dos cientistas. Ao final verificou-se que a imagem de cientista que eles tinham era estereotipada: homens brancos que usam jalecos, também brancos. O que acha desse resultado? É uma visão geral do brasileiro? Mudou nesses últimos anos?

Katemari Rosa: Eu acho que essa é uma visão amplamente documentada em pesquisas que olham para a percepção sobre a ciência e cientistas há muitas décadas, e que não é algo que tenha mudado fundamentalmente, nem no exterior nem no Brasil. Há um esforço de que se mude essa visão sobre cientistas, mas é muito difícil porque há um reforço desses estereótipos constantemente, especialmente na mídia. Mas não somente na mídia, na própria escola também. Como eu falei na outra questão, em relação aos preconceitos que a gente tem de gênero e raça, a gente também cultiva preconceitos e ideias em relação à ciência. Essa ideia de que a ciência fala sobre a verdade, de que a ciência é algo imutável, que é objetiva. Essas são visões que a maioria das pessoas compartilha, e que associado a isso têm outras imagens de quem pode fazer ciência.

Quando a gente fala, por exemplo, na questão da objetividade da ciência, de que a ciência é isenta de sentimentos, emoção, essas características combinam muito bem em uma visão sexista de que a mulher é um ser emotivo, passional e que, portanto, não é apto a fazer ciência. Essas são ideias que ajudam a fortalecer o preconceito em relação às mulheres. Outro equívoco é essa visão existencialista de que a mulher é um ser emotivo e que o homem é um ser racional. Essas são fundamentalmente questões de divisão sobre gênero.

E essa questão da ciência falar sempre a verdade acaba ajudando a fazer da ciência a detentora das respostas finais. E isso é utilizado diariamente. A gente pode ligar a televisão a qualquer momento que vai ver propagandas de pasta de dente, de sabão em pó, e vai ter lá um homem de jaleco branco. Pode ter propaganda de qualquer coisa que vai ter lá “comprovado cientificamente”. O que é comprovado cientificamente nessa ideia é o que não pode ser contestado, porque a ciência fala sobre a verdade. A gente vê constantemente na televisão imagens de homens brancos, vestindo jalecos brancos, às vezes de óculos, de idade mais avançada, cabelos grisalhos. A visão de que a ciência é algo que é feito em laboratório, que utiliza vidrarias. A gente está numa sociedade que fica reforçando esses estereótipos o tempo todo. O resultado dessa pesquisa não me surpreende e eu diria que se essa pesquisa fosse refeita hoje em 2017, os resultados seriam similares.

Agência de Notícias: Percebemos que são poucos os pesquisadores que se dispuseram a pesquisar sobre a participação do negro na ciência, principalmente das mulheres negras. Porque optou por esse ramo de pesquisa?

Katemari Rosa: Pra essa história fazer sentido, eu tenho que contar bem do comecinho. Que eu sou natural de Porto Alegre, uma cidade onde a gente tem uma maioria de pessoas que se autodeclaram brancas. Vivi boa parte da minha vida lá, fiz meu ensino fundamental, médio, graduação naquela cidade. No mestrado eu fui pra Salvador, uma cidade cuja maioria da população se autodeclara negra. E pra mim foi um choque, é uma diferença muito grande. A gente vê muitas pessoas negras em Salvador. E é uma delícia, uma coisa muito bacana. E aí, quando eu entrei no Instituto de Física da UFBA tomei um susto. Porque eu não vi a mesma representação que eu vi nas ruas da cidade. Aí eu comecei a pensar, que coisa estranha! Porque eu também não via pessoas negras no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Entretanto, o percentual de pessoas negras em Porto Alegre é menor, em torno de 20%. E em Salvador cerca de 80% se autodeclara negra.

Depois eu terminei o mestrado, estava trabalhando na Uefs, e tinha uma estudante que queria fazer a monografia dela sobre mulheres na Física. Eu era orientadora dela e comecei a estudar sobre o tema. E lá pelas tantas eu comecei a pensar, e as mulheres negras na Física? E as pessoas como eu? Eu sou uma mulher negra e estou na Física. Onde é que a gente está? Como é isso? Fui fazer uma revisão da literatura e eu vi que não havia absolutamente nenhum trabalho no Brasil falando sobre essas questões. Olhei nos periódicos que tratavam sobre ciências, sobre ensino, sobre educação, sobre estudos culturais, sobre gênero, e não encontrava nada. Isso em 2007. E foi aí que eu comecei a pensar sobre essas questões, sistematicamente, a pesquisar sobre a participação das mulheres negras na Física.

Agência de Notícias: Vi em seu currículo lattes que iniciou a pesquisa “Contando nossa história: negras e negros nas ciências, tecnologias e engenharias no Brasil” para a criação de uma plataforma digital. Pode falar um pouco sobre o projeto?

Katemari Rosa: Esse é um projeto que eu escrevi no final de 2015. Pensar sobre já vinha de mais tempo, mas sentar para escrever só em 2015. Aí eu o submeti ao Edital Universal do CNPQ no início de 2016, e levei a ideia para o Encontro de Historiadores e Historiadoras da Ciência do Instituto Americano de Física. O que é esse projeto então? Uma das formas de se fazer história em geral é através da história oral. E a minha intenção é construir um banco de história oral, um acervo brasileiro que traga as histórias de cientistas negras e negros aqui do Brasil. O banco é um repositório onde a gente guarda entrevistas feitas para se saber da história da vida toda de uma pessoa. São longas entrevistas, mais de uma sessão com uma única pessoa. É o modo que temos hoje de construir a história, de compreender episódios, cenários, tanto do país quanto de instituições, dos próprios conceitos científicos, às vezes. Nós coletamos os dados através da memória das pessoas. A gente não tem no Brasil algo desse tipo, se tratando de ciência. E a minha intenção de fazer isso é pela ciência, mas não só pela ciência, mas pela ciência feita por pessoas negras.

Eu acho que esse é um trabalho necessário em termos de construção da nossa identidade nacional enquanto brasileiras e brasileiros que temos origem na história da população negra. Essa é uma parte desse projeto, construir um banco de história oral. A parte inicial desse projeto é identificar quem são esses cientistas, onde estão os cientistas e as cientistas negros do Brasil, depois coletar essas entrevistas e, a partir dessas entrevistas, criar materiais didáticos que possam ser utilizados tanto em salas de aula e na construção de sequências didáticas, utilização pela mídia.

Agência de Notícias: Em conversa com a professora Suani Pinho, do Instituto de Física da UFBA, ela se mostrou bastante decepcionada com a pouca evolução da participação feminina, principalmente da mulher negra, no Instituto de Física da UFBA. Seja como estudantes, professoras ou ocupando cargos de liderança. Vocë, como pesquisadora da temática, acha que essa é uma particularidade da Bahia ou também se reflete no restante do país?

Katemari Rosa: Eu acredito, não no sentido de fé, mas também de olhar para os dados, que esse é um problema nacional. A professora Márcia Barbosa tem um estudo que mostra que a gente tende a pensar que hoje tem muitas mulheres fazendo coisas que antes eram feitas pelos homens, de que as coisas estão melhorando. Claro que não tem como saber o que vai acontecer no futuro, mas eu posso olhar o que está acontecendo no presente e quando a gente pega os números e olha, vê que não é verdade. Os números não têm melhorado. A gente não está tendo mais mulheres na Física. Isso segue sendo um problema. Não tem uma evolução.

Sobre as mulheres negras, eu nem sei dizer. Porque a gente tem um problema de coleta de dados também. Essa questão racial é algo muito recente, no sentido de coleta de dados no Brasil. Em relação à comunidade acadêmica. Foi em 2013 que o CNPq colocou o box “raça” no currículo lattes, onde são coletados os dados de todos os pesquisadores e pesquisadoras do Brasil. E por onde a gente constrói os censos da comunidade científica brasileira. No final de 2015, foi a primeira vez que o CNPq teve dados em que a questão racial esteve presente.

Agência de Notícias: O que você sugere para que esse quadro de desigualdade mude?

Katemari Rosa: Nós precisamos de políticas públicas de inserção de mulheres e de pessoas negras nas ciências. Precisamos de políticas públicas para se garantir que as pessoas desses grupos sub-representados consigam permanecer quando entrarem nas universidades e tenham sucesso nos cursos. Políticas também para que esses grupos tenham sucesso nas suas carreiras profissionais, tenham possibilidade de ascensão profissional. Não basta nós ampliarmos o acesso de mulheres negras, de pessoas indígenas, dos grupos que estão sub-representados na ciência de maneira geral, a gente precisa trabalhar também pela permanência e pela ascensão.

Ações como o edital de 2015, do Governo Federal, solicitando a pesquisadores e pesquisadoras que fizessem propostas de trabalhos voltados para a inserção de meninas e jovens nas ciências. Uma política pública de incentivo ao ingresso de mulheres na Ciência. Isso gerou muita repercussão, muitos trabalhos e um movimento na comunidade científica para olhar para essa questão. Havia cientistas que nunca tinham parado para pensar nessa questão, e que eventualmente começaram a contribuir com iniciativas. Se nós deixarmos apenas pelo curso natural das coisas nada muda. É preciso ter intervenção pública, política. E quando eu digo isso não significa somente em termos de Governo Federal, essa intervenção política se dá também em ações de empresas privadas. Por exemplo, o Instituto Unibanco tem o Programa Elas nas Exatas, que tem um financiamento para ações que visam fazer a inserção de mulheres nas ciências exatas, engenharias, computação.

As políticas não são apenas públicas, podem ser privadas, mas é preciso haver ação. A gente tem visto ao longo da história que apenas esperar que as pessoas comecem a mudar sua visão, não vai acontecer. A gente precisa também de ações afirmativas. Bolsas de pesquisa específicas para grupos sub-representados, editais, projetos focados nesses grupos, isso é ação afirmativa. Precisamos dessas ações, senão não muda o quadro.

Agência de Notícias: O que você espera da ciência e da universidade no futuro?

Katemari Rosa: Digamos que o que eu espero da ciência e da universidade é o que eu espero das pessoas, da sociedade, é o que eu espero de mim. Que nós, enquanto seres humanos, consigamos ter mais empatia, pensar no outro, independentemente de quem seja o outro. Ter uma sociedade mais empática num sentido global, não num sentido só do meu bairro, só da minha cidade, só do meu país. Pensar no mundo, no ser humano, na natureza, neste planeta. Pensar recursos naturais, nas divisões sociais, no papel da economia, no papel político. Eu sou um pouco pessimista nesse sentido. Eu não espero que em médio/ longo prazo as nossas universidades sejam melhores, em termos de serem mais abertas, mais humanas e mais inclusivas. Não tenho muito essa esperança. Essas são situações meio utópicas, mas eu acho que a gente tem que trabalhar constantemente, diariamente para que as coisas melhorem, para que fiquem com ambientes de menos opressão para todo mundo. Mas é só isso que eu acho que posso fazer.

Uma das perspectivas com as quais eu trabalho é a “perspectiva crítica da raça”, e um dos postulados dessa teoria, que quando eu falo sempre brinco que parece algo pessimista, mas é uma coisa que me move. Esse postulado é de que o racismo é algo presente na nossa sociedade, é algo estrutural, então eu não preciso ter pessoas racistas para que o sistema seja racista, para que exista opressão para pessoas negras, e não vai mudar. Eu acho que nós estamos melhores hoje, enquanto humanidade, conquistas que nós tivemos do ponto de vista social, biológico, histórico, econômico. A gente tem evoluído muito ao longo dos séculos. E tende a evoluir mais. Mas eu não acho que a gente vai se livrar dos problemas que têm.

*Estudante do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura

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