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Atualizado em 13 DE junho DE 2011 ás 04:21

Pesquisadores estudam saúde bucal de povos indígenas

Participam do estudo alunos indígenas da Ufba, índios Kiriri, da porção norte da Bahia, e oriundos da Reserva Thá-Fene, Lauro de Freitas

Por Jane Evangelista
janeevangelista@gmail.com

Na Bahia, existem populações que historicamente não têm recebido assistência necessária do ponto de vista da saúde em geral, e, particularmente, da saúde bucal odontológica.

Os povos indígenas fazem parte dessas populações excluídas. Diante desta realidade, professores e estudantes da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) estão desenvolvendo o “Estudo das Doenças Bucais em Povos Indígenas da Bahia”. Segundo a coordenadora da pesquisa, Patrícia Cury, o projeto foi delineado para suprir a necessidade de política de atendimento dessas populações.

Os participantes do estudo serão estudantes indígenas da Ufba, índios oriundos da Reserva Thá-Fene, de Lauro de Freitas, e o povo Kiriri, da porção norte da Bahia.

Professores e estudantes envolvidos na pesquisa irão ao encontro dos voluntários, com exceção dos estudantes da universidade, que deverão deslocar-se até a Faculdade de Odontologia.

O primeiro passo da pesquisa é o planejamento do projeto epidemiológico, que tem como objetivo revelar as doenças que mais acometem os povos indígenas; determinar a gravidade delas e a relação que possuem com as doenças bucais. Além disso, o projeto epidemiológico avaliará a prevalência de cárie dental, doenças periodontais e lesões de tecidos moles bucais nessas populações.

Na fase inicial, o objetivo é conhecer melhor a população e, consequentemente, desenvolver um atendimento específico para esses indivíduos.

Ainda de acordo com Patrícia Cury, além do exame bucal, serão feitos exames físicos em cada indivíduo, como: aferição de pressão e glicemia, além de os pacientes passarem por uma avaliação ergométrica; de peso e medida para cálculo da massa corpórea. “Nós teremos uma anaminese (entrevista sobre as condições de saúde do participante) que identificará, por exemplo, os indivíduos fumantes e etilistas, além de identificar outras doenças. Dessa forma, saberemos se há alguma doença ou algum hábito relacionado às doenças encontradas na boca”, explica Patrícia.

Para conhecer e entender melhor a situação de cada participante, será aplicado um questionário composto por perguntas sobre a situação socioeconômica, educacional e de saúde do indivíduo. Em um segundo momento, após a avaliação epidemiológica, será traçado o perfil de doenças encontradas e elaborada estratégias de prevenção e educação da população.

Após o diagnóstico de doenças da boca, tumores cânceres ou doenças periodontais, por exemplo, os voluntários serão encaminhados para o tratamento na própria Faculdade de Odontologia.  Porém, nos casos em que os participantes precisarem de tratamentos protéticos, será difícil realizá-lo, pois são tratamentos caros e, além disso, a fila de espera dos pacientes da Faculdade de Odontologia para este tipo de tratamento é grande, não havendo previsão para a reabilitação protética dos participantes do estudo.

“As doenças que forem diagnosticadas serão tratadas, isso não faz parte do projeto, porém com o apoio da diretoria da Faculdade de Odontologia, nós temos um caminho aberto para encaminhar e cuidar de todos os indígenas”, diz a pesquisadora.

Políticas públicas para saúde bucal indígena

O estudo, que terá duração de dois anos, delineará um programa educativo-preventivo para a saúde bucal do indígena. O objetivo é que, após a realização do tratamento, os indivíduos participantes preservem a saúde bucal.

Além disso, Patrícia Cury pretende, junto aos órgãos públicos, instituir um programa de saúde para a população indígena, algo que não está contemplado no projeto atual. A professora e os membros que integram o estudo defendem a necessidade de mudanças na política pública de saúde da população indígena, pois atualmente esta política é baseada no programa de saúde da população geral, não contemplando as especificidades do povo indígena.

“No final do projeto, nós temos que elaborar um relatório e enviá-lo ao CNPq. Este relatório também será encaminhado à Funasa e à Funai para que estas instituições públicas possam ter conhecimento da condição dessa população e possa delinear políticas específicas de tratamento”, argumenta Patrícia.

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