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Atualizado em 1 DE setembro DE 2017 ás 17:15

Aplicativo identifica Plantas Alimentícias Não-Convencionais

Aplicativo criado por estudantes da UFBA ajuda a reconhecer espécies de plantas nutritivas pouco utilizadas no consumo alimentar.

POR GIOVANNA HEMERLY*
gihe296@gmail.com

No Brasil, há uma variedade de espécies de plantas disponíveis para o consumo alimentar, mas que muitos ainda desconhecem. As Plantas Alimentícias Não-Convencionais, também conhecidas como PANCs, costumam ser descartadas por serem consideradas pragas, embora possam fazer parte de uma dieta balanceada. Para tentar evitar esse tipo de situação, as estudantes do Bacharelado Interdisciplinar de Saúde (BI de Saúde) da Universidade Federal da Bahia, Thais Isbert e Thayná Lopes, convidaram o estudante do curso de economia também da UFBA, Thales Macêdo, para criar o InfoPANCs, um aplicativo que auxilia na identificação de espécies de plantas ainda pouco utilizadas no cardápio brasileiro.

A ideia surgiu a partir da proposta para um trabalho em grupo no qual deveria ser desenvolvido algo que fosse aplicado na universidade e que tivesse relação com as PANCs. Ao iniciar a pesquisa, o grupo composto por dez alunos do BI de Saúde perceberam que havia um grande desconhecimento das pessoas com relação às Plantas Alimentícias Não-Convencionais. Por isso, Thais Isbert e Thayná Lopes, responsáveis pela parte de criação e elaboração de conteúdos do InfoPANCs, decidiram convidar o estudante de economia e programador, Thales Macêdo para desenvolver a ferramenta digital. “O aplicativo nasce com esse intuito, de você saber que as PANCs não são uma praga, não são venenosas e podem ser consumidas”, afirma Isbert.

Apesar de serem comumente descartadas, o consumo dessas plantas podem trazer diversos benefícios para saúde, pois costumam ter um alto valor nutricional e medicinal, a exemplo da Beldroega que é rica em proteínas, vitamina C e ômega 3, e utilizada como diurética e anti-inflamatória. Outra vantagem é que elas geralmente não precisam do uso de agrotóxicos, já que crescem espontaneamente nos ambientes e costumam ser mais resistentes do que as plantas convencionais. A serralha, por exemplo, pode ser  encontrada tanto em lavouras como nas ruas das cidades. “Se você puder aproveitar uma planta que está sendo considerada como praga é maravilhoso. O intuito também nasce disso, de você conseguir aproveitar o máximo que natureza lhe oferece e reduzir o uso de produtos industrializado”, diz Isbert.

Thayná Lopes, Thales Macêdo e Thais Isbert, mentores do InfoPANCs/ Foto: Giovanna Hemerly

No site InfoPANCs, também desenvolvido pelos estudantes, é possível encontrar informações mais detalhadas sobre as plantas e até receitas práticas que podem ser feitas pelo usuário. Entre os exemplos de PANCs disponíveis no catálogo do aplicativo e encontradas no dia a dia estão o dente-de-leão, a beldroega, a taioba e o mastruz. O aplicativo é compatível com computador ou smartphone e está disponível de forma gratuita no PlayStore.

Segundo Thayná Lopes, enquanto desenvolviam o aplicativo para o trabalho da faculdade, não imaginavam a repercussão que teria. Por isso, a ampliação do projeto está nos planos deles, que tem acompanhado as críticas e sugestões dos usuários. Entre as possíveis modificações estão a inclusão de curiosidades e o modo de consumo do alimento. Além disso, os alunos também pretendem acrescentar informações sobre as propriedades antinutricionais, já que há combinações de substâncias que podem impedir a absorção de outros nutrientes. “A gente também está com outro projeto que gostaríamos de implantar que é sobre as propriedades antinutricionais, porque a gente não levou em conta que existem alimentos que tem propriedades antinutricionais. Ele te nutre de um jeito, mas rouba nutrientes de outro”, afirma Lopes.

Para as estudantes o trabalho não se encerra com o aplicativo, porém elas consideram que este trabalho foi fundamental para o amadurecimento como estudantes e como cidadãs, pois é um projeto que tem grande contribuição na qualidade de vida das pessoas. “Acho que foi um crescimento para todos. Foi algo que começou como um trabalho e terminou como algo que queremos levar para frente e que atingiu a proporção que queríamos”, reforça Thais Isbert.

*Estudante de Jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I- Ciência e Cultura da UFBA

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