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Atualizado em 17 DE outubro DE 2017 ás 22:33

Em defesa da universidade pública

O evento discutiu a necessidade de defender o ensino superior gratuito e os prejuízos consequentes da redução de verba para a área de Ciência, Tecnologia e Inovação

POR GIOVANNA HEMERLY*
gihe296@gmail.com

A defesa do ensino superior público e gratuito foi o ponto de largada do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFBA 2017, que será realizado até o próximo dia 18, quarta-feira. A escolha é uma resposta à PEC 395/2014 tramitada no início deste ano que permitia a cobrança de mensalidade nas universidades públicas. O evento foi mediado pelo Reitor João Carlos Salles e contou com a presença de parlamentares, artistas e representantes do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial.

Congresso UFBA 2017 - Foto:Giovana Hemerly

Um dos momentos mais esperados do evento foi a instalação do Tesourômetro na UFBA, aparelho que medirá a redução de verbas para o investimento em  pesquisa científica. A iniciativa faz parte da campanha “Conhecimento Sem Cortes” que visa garantir o funcionamento das universidades públicas e o investimento em pesquisa científica no país através de monitoramento e denúncias de cortes do governo federal.  Para Luciane Fernandes, presidente Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (APUB), uma das entidades incentivadoras da campanha, o tesourômetro irá alertar a população para a atual situação da ciência no Brasil, além de chamar atenção para a importância da universidade pública. “O objetivo é a gente poder fazer essa denúncia e dialogar com a sociedade a importância da universidade”, afirma a presidente.

O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeo Moreira, também falou sobre o atual orçamento para pesquisa científica no Brasil, o menor dos últimos 12 anos. “O orçamento deste ano para a ciência e tecnologia é da ordem de um terço do que nós tínhamos em 2010. Isso foi um desmonte dramático da situação da ciência hoje, que ameaça profundamente o CNPQ e as bolsas [de iniciação científica]. Mas o orçamento do ano que vem é ainda mais crítico. Nós vamos ter um orçamento de 2,7 bilhões de reais, ou seja 25% do que tínhamos a sete ou oito anos atrás”, relata o Moreira.

Segundo Moreira, diante da atual situação, há uma urgência de se pensar em políticas públicas para a área científica, já que esta reflete na qualidade de vida da população e nas possibilidades de redução da desigualdade social. “Essa campanha que estamos fazendo é não só contra os cortes de recursos, mas também contra os cortes na oportunidade dos brasileiros, na educação brasileira e na soberania nacional que estão sendo feitos nesse momento”.

Tesourômetro informa a redução de investimentos em ciências e tecnologia, realizados pelo Governo desde 2015 / Foto: reprodução UFBA

O representante da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Gilberto Leal, conduziu o lançamento oficial do Fórum Social Mundial de 2018, que acontecerá na UFBA em março de 2018. Representantes de diferentes países do conselho internacional do fórum dialogaram sobre luta e resistência. Leal ainda ressaltou a representatividade do tema na escolha da data, já que no mês de março comemora-se a Revolta dos Malês. “Lançar o Fórum Social Mundial em um mês tão representativo para nós, mais do que já representa a Bahia na sua história de luta, nos dá o orgulho de bater no peito e dizer eu sou desse território e sou originário dessa resistência”, declara Gilberto.

A abertura do Congresso também contou com a terceira mostra gráfica de obras da escola de Belas Artes da UFBA e outras atividades artísticas como a apresentação musical do Grupo de Percussão Rum Alabê, regida por Iuri Passos; da Orquestra de Frevos e Dobrados, regida pelo maestro Fred Dantas e do Coral da EMUS/UFBA. Ainda teve a apresentação do violonista Mario Ulloa e do Comitê Poético Contra o Golpe.

*Estudante do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura

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