Geógrafo baiano afirmava que a globalização servia ao capital financeiro e propunha outra globalização, a globalização de todos. Esta e outras teorias do pesquisador foram observadas durante o III Colóquio Milton Santos, que aconteceu em junho na Ufba e no Instituto Anísio Teixeira
Joseane Rosa*
anejorosa@gmail.com
Geógrafo influente, Milton Santos recriou conceitos chave para várias pesquisas científicas, que abrangem, não só o campo da geografia e sua área de atuação, mas como vários campos das ciências sociais. As teorias do pesquisador foram observadas durante o III Colóquio Milton Santos, que aconteceu nos dias 6 e 7 de junho, na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e no Instituto Anísio Teixeira em Salvador.
A importância dos conceitos de Milton foi relembrada nas apresentações dos pesquisadores durante o evento, que contava não só com a presença de estudante de graduação de diversos cursos, mas com pessoas desvinculadas com a área acadêmica. Foi o caso do corretor de imóveis, Waldimiro de Souza: “Milton Santos via a geografia como um projeto político para a humanidade, muitos dos seus conceitos deveriam ser aproveitados pelo governo para um grande projeto social”, relembra.
As mesas centrais dos artigos apresentados durante a tarde de 7 de junho, na Faculdade de Comunicação da Ufba, tinham como base conceitos do homenageado e debatiam os seguintes temas: “Transformações do Espaço Geográfico”; “Novas Tecnologias e Sociabilidade”; “Políticas Públicas orientadas à Cultura”; “Sou Camelô, Sou do Mercado Informal (cultura e mercado)”.
Os Pontos centrais nas discussões das pesquisas apresentadas no segundo dia do Colóquio, foram as noções de Território, Espaço Geográfico e Globalização de Santos. Para o geógrafo baiano, o conceito de espaço geográfico é indispensável para compreender o mundo presente.
Formado por aspectos estruturantes, imagens de satélite e pelas ações humanas, o espaço geográfico vive em permanente mudança e é entendido como uma mediação entre o mundo e a sociedade. Segundo Milton Santos, o conceito de território é inseparável das interferências dos seres humanos.
Contrapondo a ideia de espaço geográfico, Milton Santos afirmava que paisagem era um sistema imutável, que juntava objetos do passado e do presente. Ainda sobre o espaço geográfico, o pensador afirmava que lugar “Lugar constitui a dimensão da existência que se manifesta através de um cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas, instituições–cooperação e conflito são a base da vida em comum”.
Como estudioso do espaço, ele afirmava que a globalização servia ao capital financeiro e propunha outra globalização, a globalização de todos. Mas ao contrário do que muitos pensavam, Milton Santos dizia que a globalização não cria uma homogeneização cultural, afirmava que ao contrário disto o lugar convive com a “razão global” e a “razão local”, então seria necessário estudar os lugares e seus elementos centrais para se compreender as possibilidades de interação.
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