Newsletter
Ciência e Cultura - Agência de notícias da Bahia
RSS Facebook Twitter Flickr
Atualizado em 15 DE dezembro DE 2017 ás 18:05

Indústria baiana de games em xeque

Com crescimento de 25% de 2014 à 2016, a indústria de jogos eletrônicos é uma área promissora tanto para o mercado quanto para a pesquisa científica brasileiras. Nesse cenário, a Bahia aparece com inciativas pioneiras como o grupo Comunidades Virtuais da UNEB, o Indigentes da UFBA e do coletivo Bahia Indie Game Developers (BIND). Os limites e as potencialidades da produção de jogos no estado foram tema do evento Cultura na Rede.

POR REBECA ALMEIDA*
rasrebeca@gmail.com

A produção de jogos eletrônicos na Bahia foi o centro da discussão da primeira edição do Cultura na Rede, realizado na tarde da última quinta-feira, 14, no auditório da Faculdade de Comunicação da UFBA. O evento, que contou com a participação da professora do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC),  Lynn Alves, do representante da Contra Labs, Victor Cardoso e do game designer, Danilo Dias, teve com um dos principais objetivos a promoção de diálogos entre pesquisadores, profissionais e estudantes da área, bem como apresentar um panorama geral sobre a produção de jogos no estado e alguns relatos de experiências pessoais dos palestrantes.  O evento foi realizado pela Logos – Cultura Universitária em parceria com a Agenda Arte e Cultura da UFBA.

Danilo Dias relata sua experiência como concept artist | Foto: Rebeca Almeida

Por se tratar de um campo de estudo e de trabalho recentes no estado,  os profissionais da área de jogos têm encontrado dificuldades, como retrata a professora Lynn Alves, que coordena o projeto Comunidades Virtuais: “sobreviver da indústria de games na Bahia, e também fora do estado, não é facil”, mas ainda assim o setor de desenvolvimento de jogos do estado se destaca no cenário nacional. Alves ressaltou o papel da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) no fomento à pesquisa e produção de jogos baianos. “Segundo um relatório do BNDES, a FAPESB foi a principal fundação brasileira a apostar na indústria de games no Brasil. Não só na indústria, também na pesquisa”, afirmou.

Brasil e Bahia - O Mapeamento da Indústria Brasileira e Global de Jogos Digitais, estudo financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em 2014, revela que no Brasil as instituições de pesquisa têm papel importante no desenvolvimento dos chamados serious games (jogos cujas características ultrapassam o entretenimento, incorporando atividades como educação ou pesquisas científicas).

O relatório destacou ainda que as principais agências de fomento do país , que patrocinam esses jogos, são a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, com destaque a FAPESP, São Paulo, e FAPESB, Bahia.

Número de jogos desenvolvidos pelas universidades, distribuídos por estados

Fonte: Proceedings da Trilha de Cultura do SBGames, entre os anos de 2008 a 2013

O estado da Bahia ficou em primeiro lugar na concentração de universidades desenvolvedoras de jogos, tendo sido o grupo Comunidades Virtuais o primeiro do país dedicado ao desenvolvimento de jogos educativos. Além desse, Alves apontou várias outras iniciativas como o Indigênte (UFBA) e o Grupo de Desenvolvimento de jogos eletrônicos da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Distribuição geográfica da produção de jogos no Brasil

Fonte: Relatório BNDES

Jogos indies – Por outro lado, existem muitos grupos e empresas baianas buscando trabalhar com o desenvolvimento de jogos de forma independente, sem estarem diretamente vinculados à alguma instituição de ensino. O coletivo Bahia Indie Game Developers, ou simplesmente BIND, como é mais conhecido, é a iniciativa que desde 2014 reúne esses diversos grupos desenvolvedores e interessados por games do estado.

Um dos organizadores da BIND, Victor Cardoso, presente no evento Cultura na Rede, explicou que o objetivo do coletivo é compartilhar experiências. “A BIND têm criado várias ações, ampliado o conhecimento e a experiência para facilitar os grupos que estão começando.” Ele afirma que os erros que os mais experientes passaram são compilados e compartilhados em palestras e workshops para aqueles que estão se aventurando na indústria mais recentemente.

Cardoso também relatou sua própria experiência na indústria de jogos a partir do trabalho com o jogo Árida. O jogo ambientado no sertão baiano está sendo desenvolvido a partir de recursos ganhos em um edital da Agência Nacional de Cinema (ANCINE).

Apesar do termo Indie Game se referir à produção independente de jogos, a partir de inciativas particulares, para Cardoso esse ideal ainda está muito distante da realidade. “Internacionalmente tudo isso é muito lindo e poético, mas aqui no Brasil não tem como ser totalmente independente”, afirma. Isso ocorre sobretudo porque o setor de desenvolvimento de jogos do país, apesar do forte crescimento ainda está muito distante do países líderes do setor, a exemplo dos Estados Unidos.

De acordo levantamento divulgado pela Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames), em 2016, o setor faturou US$ 1,6 bilhão, 25% a mais que em 2014. Ainda segundo a Abragames, o país conta com cerca de 300 empresas de desenvolvimento de jogos.

Lançamento – O evento contou ainda com o lançamento do livro Fase em games, de Danilo Dias. O autor faz parte do grupo Comunidades Virtuais e atualmente trabalha com concept artist do jogo Guardiões da Floresta Gamebook. Dias considera a trajetória do grupo de pesquisa e desenvolvimento de jogos de grande importância devido ao seu pioneirismo. “O livro busca fazer um registro histórico a partir dos vários projetos desenvolvidos pelo Comunidades”, afirmou.  

* Estudante de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *