Liberdade de expressão ganha foco durante a comemoração do aniversário de 30 anos da Faculdade de Comunicação
POR AMANDA DULTRA*
amandadultra@hotmail.com
Questões sobre respeito e diálogo de diferenças tornaram-se centrais no evento organizado pelos integrantes da Agência Experimental em Comunicação e Cultura (AECC), o seminário “Multiplico Direitos, Fortaleço Cidadania”. Ocorrido na última quinta, no auditório da Facom em meio às suas comemorações de 30 anos, as apresentações introduziram a AECC e prepararam terreno para discussões sobre diversidade.
Agência Experimental – Fundada há dez anos pelo professor de Comunicação, Giovandro Marcus Ferreira, a AECC é uma extensão universitária que foca na realização de projetos os quais prezem pelo registro de memórias de manifestações culturais e da interação com comunidades e seus movimentos. Durante seu seminário – mostrado pelos estudantes de Produção Cultural e Jornalismo, respectivamente, Vanessa Avelar e Erick Barbosa – tais valores foram reforçados com exibições de projetos: a revista JaÉ, a campanha social Conviver Com Respeito, e o documentário de 100 anos do terreiro Bate-Folha.
JaÉ é uma publicação voltada para o contexto sócio-cultural soteropolitano, reconhecendo as diferentes vozes necessária no discurso entre a UFBA e a comunidade e, muitas vezes, não contemplada pelos grandes meios de informação do estado. O produto teve nove edições, sendo a última em 2017.1, e no evento foi sugerido que uma décima se aproxima.
Conviver Com Respeito é de iniciativa da mestranda da UFBA Nivia Luz a qual tenta trazer à frente valores de diálogos entre indivíduos das mais distintas crenças. “Com essa campanha, a gente busca estimular a convivência pacífica entre povos de diferentes religiões e então multiplicar direitos e fortalecer cidadania.”, disse ela ao apresentar o vídeo de divulgação do seu projeto.
Em 2016, a AECC foi introduzida a um dos seus maiores projetos pela doutoranda Carla Nogueira da UFBA: um documentário que celebrasse os 100 anos do Terreiro Bate-Folha, localizado no bairro da Mata Escura. Uma experiência marcada por relatos e encontros, todos os envolvidos comentavam com alegria o que passaram. “Os filhos da Casa, os moradores terem assistido a esse documentário tem restaurado a sua autoestima, então só tenho a agradecer e sinalizar a minha inserção na Agência depois desse processo todo”, comentou Carla. O teaser do trabalho audiovisual foi ovacionado ao final da sua exibição.
Mesa redonda - O momento de debate, mais do que qualquer outro, assinalou mais forte a necessidade da democracia das diferenças. A mesa contava com a presença do coordenador do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e sociedade da UFBA e atual responsável pela AECC, professor José Roberto Severino, e do presidente do Conselho Deliberativo do Baobá – Fundo para Equidade Racial, Hélio Santos, além das estudantes Nivia Luz e Vanice da Mata, também mestranda da UFBA. Ao longo da sua hora, questões como racismo e preconceito foram analisadas com atenção.
Hélio, sobretudo, mostrou-se veemente na priorização da diversidade: “Eu entendo que num país historicamente tão desrespeitoso, a gente enfatize o respeito, mas é necessário mais do que isso. É necessário valorizar as pessoas a partir do que elas são: da sua orientação sexual, do sexo, da idade, da condição social… Ou seja, nós não podemos operar contra a espécie humana. Essa é a marca do direito humano.” Segundo ele, quem não for a favor desses direitos, é seu inimigo.
O evento marcou o período de ações em celebração à renovação do 30 anos de aniversário de da Facom. O diálogo entre as diferentes manifestações sócio-culturais se mostra presente e pronto para ser expandido.
*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura