Os cortes realizados no campo da Ciência e da Tecnologia no país nos últimos anos têm provocados crises nas instituições científicas do País. Este cenário, atrelado ao papel da Comunicação e da Democracia, é um dos temas da série de seminários realizados pela SBPC em algumas cidades brasileiras
POR LARISSA COSTA*
costa.larissa164@gmail.com
No aniversário de 70 anos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), não há muito o que comemorar. Criada para promover o avanço científico, tecnológico e o desenvolvimento educacional no Brasil, a SBPC agora tem de lidar com a realidade dos cortes de gastos com a educação no país. Somente nesta última semana, foi aprovado um novo corte no financiamento voltado para a concessão de bolsas, no valor de R$ 55,1 milhões. Os cortes têm feito com que instituições de pesquisas no país mudem suas rotinas e até deixem de produzir trabalhos, o que não se mostra diferente na Sociedade. Conforme afirma o conselheiro da SBPC e professor da Faculdade de Educação (FACED) Nelson Pretto: “A SBPC tem um histórico de luta neste país. Neste momento o Brasil está parado”.
Diante deste cenário, a SBPC realiza uma série de seminários em algumas das capitais do país. O objetivo é promover políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da inovação e da educação. A intenção é que, a cada seminário, sejam elaboradas propostas para as áreas, as quais virão a compor documentos que serão entregues aos futuros representantes políticos.
Salvador, na última segunda-feira, 4, foi a cidade escolhida para a realização do terceiro seminário, que teve como tema a “Democratização da Comunicação no Brasil”. O centro do debate foram as raízes da concentração midiática e o avanço das mídias digitais. O evento contou com duas mesas de discussão: “A comunicação pública no Brasil” e “A democratização da comunicação: grande mídia, mídias alternativas e plataformas digitais”.
Promover políticas públicas voltadas para a comunicação torna-se desafio pela falta de discussão sobre o tema, como lembra o diretor geral do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), Flávio Gonçalves. Segundo ele, um reflexo disso é a falta de questionamentos sobre a comunicação para os presidenciáveis.
Além do papel informativo, a mídia representa um importante espaço de debate. Para o presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Walter Pinheiro, “não há democracia sem uma imprensa livre, abrangente e forte”. O fechamento dos canais de diálogo pode representar a perda de construção e compartilhamento de informações em vários níveis, e o pior disso: não é surpresa que esteja acontecendo. Nas palavras do doutorando em Comunicação e jornalista, Pedro Andrade Caribé: “esse cerceamento não é novidade para quem atua na comunicação.”
Professora e pesquisadora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ivana Bentes frisou a importância de se compreender o papel das mídias digitais na comunicação. Após o escândalo do vazamento de informações dos usuários do Facebook e o uso de robôs nas eleições para presidente nos Estados Unidos, criou-se a necessidade de entender e regular esses mecanismos virtuais. “A opinião pública está sendo construída com base nesses aplicativos de automação”, reforça.
O evento foi organizado pelo Grupo de Trabalho Democratização da Comunicação, coordenado pelo professor Nelson Pretto, aconteceu no auditório Leopoldo Amaral da Escola Politécnica da UFBA.
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*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter na Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA