A garantia dos direitos e o respeito ao coletivo fazem parte das praticas do Recanto Peixinhos. A comunidade tem como máxima o combate ao egoísmo, incentivo à educação contínua e respeito à família
POR LILIANA PEIXINHO*
lilianapeixinho@gmail.com
Com práticas comprovadamente sustentáveis de Bem Viver, a comunidade forma uma cadeia harmoniosa de preservação da vida: animas, plantas, ar, água, terra, em suas diversas formas, são valorizadas como sementes, cuidadas como patrimônio alimentar. As ações do projeto Recanto Peixinhos têm o compromisso de resgatar valores de vida perdidos, como uma alimentação de qualidade e harmônia com o ambiente. Atentos à violência e outras negações de direitos, as ações comunitárias conscientizam os cidadãos, trazendo informações e instrumentos educativos diários para a garantia de seus direitos, da vida familiar e comunitária.
O Milho como representação da harmonia produtiva organica / Foto: Liliana Peixinho
Os valores da comunidade têm como base uma educação multifacetada, de combate ao egoísmo, ao consumo raso, ao desperdício, de incentivo à solidariedade, ao amor ao outro, de cuidado com o ambiente onde a vida se desenvolve. A Educação contínua e atenta e começa desde o nascimento: com olhar cuidadoso no bebê, no peito da mãe, o conforto da presença e apoio da família, extensiva a avós, tios, primos, sobrinhos, cunhados, amigos, que arranjam tempo, em meio às inúmeras tarefas da produção cotidiana, para dar a atenção ao que for necessário.
Desconstrução do conceito “lixo” – Tudo na comunidade tem valor. Nada é desperdiçado. Retalhos de panos, por exemplo, que poderiam ser descartados como “lixo”, são valorizados como resíduos que se transformam em bonecas, tapetes, encosto de portas. Restos de linhas, se alinhavam em arte para enfeites de cabelos, ímãs de geladeiras, bordas de panos de pratos. Restinhos de cascas de legumes, frutas, hortaliças, são coletados, pedacinho a pedacinho, para alimentar galinhas, peixes e outros animais. Os estercos de animas como ovelhas e gado, são armazenados em local próprio para se transformar em adubo natural, para as hortas e outros locais de plantação.
Bagaço é cana é reaproveitado em ração animal / Foto: Liliana Peixinho
Não existe o conceito de “lixo” na comunidade. A desconstrução foi feita a partir do sentido de aproveitamento integral de qualquer resíduo em cadeia de Reaproveitamento. Com muita criatividade, disposição de trabalho, informação e compromisso com a fonte matriz de tudo, a Natureza, os membros das famílias são cuidadosos com tudo, da roupa à comida, que colocam no prato para comer, ou no armazenamento de água e alimentos para os animais. Com chuva, sol, vento, seca, não tem tempo ruim na comunidade. O princípio é o da prevenção, em tudo.
Jornalista, ativista, Especializada em Jornalismo Científico e Meio Ambiente. Fundadora e coordenadora do Movimento AMA. MIDIA ORGANICA. REAJA. RAMA. Colaboradora de diversas mídias especializadas em Jornalismo Ambiental.
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