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Atualizado em 22 DE março DE 2019 ás 18:14

Feminismo e Ecologia: uma união de sobrevivência

Ecofeminismos e feminismos decoloniais foi um dos temas discutidos durante o III Congresso Latino-Americano de Ecologia Política, realizado na UFBA, entre os dias 18 e 20 de março. Pesquisadoras e lideranças de movimentos sociais trouxeram suas contribuições para o entendimento desta teoria que busca o fim de todas as formas de opressão, além ter conexões entre as dominações por raça, gênero, classe social é dominação da natureza

POR REBECA ALMEIDA*
rasrebeca@gmail.com

Conceito que une as lutas Feministas com a Ecologia, o Ecofeminismo, foi tema da mesa Ecofeminismos e feminismos decoloniais, realizada no dia 19/03 (terça-feira), dentro da programação do III Congresso Latino-Americano de Ecologia Política, realizado na Universidade Federal da Bahia (UFBA). As convidadas trouxeram para a conversa suas próprias experiências, demonstrando como a luta das mulheres se aproxima da defesa do meio ambiente e a necessidade de reforçar o Ecofeminismo por uma questão de sobrevivência.

Para a líder e fundadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Antonia Mello, falar sobre meio ambiente é fundamental e sempre esteve presente nas lutas indígenas. “A natureza é nossa grande casa, os povos indígenas sempre dizem isso”. Nesse sentido, as mulheres acabam tendo grande aproximação com a terra, tradicionalmente devido ao trabalho de plantio e colheita.

As convidadas demonstraram como a luta das mulheres se aproxima da defesa do meio ambiente/ Imagem: L. Costa

No entanto, muito desta tradição tem se perdido, sobretudo com a degradação ambiental e a distorção das lutas feministas. A líder acredita que há certo estigma com a palavra Feminismo, o que às vezes acaba afastando alguns homens, companheiros nas lutas. “É necessário desmistificar o Feminismo porque a mídia e os colonialistas frequentemente distorcem a luta das mulheres”, ressalta. Ela explica ainda que o Ecofeminismo é uma busca por unir a causa ambiental às causa das mulheres. “É colocar a nossa organização social e economia dentro desse bojo [da Ecologia e vivência das mulheres]”

Feminismo e Ambientalismo - Para além de serem lutas próximas, dessa forma, segundo a pescadora de Salinas da Margarida e membro da coordenação nacional da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP), Elionice Sacramento, aliar a causa ambiental com o feminismo é fundamental para os grupos sociais minoritários. “Enquanto mulher preta, pescadora, quilombola, em meio a tudo que está acontecendo, devo continuar falando de meio ambiente para continuar sobrevivendo”, reforça.

Mesa teve como tema o Ecofeminismo/ Imagem: L. Costa

A professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Caroline Cotta De Mello Freitas, fez sua participação na mesa também reforçando o conceito e a ligação com a sobrevivência. “Ecofeminismo envolve pessoas lutando para sobreviver”. Ela afirma ainda que uma alternativa é a produção acadêmica: “Precisamos conseguir produzir um conhecimento que tenha um etos de justiça social”, reforça a pesquisadora. Ela acredita também que rever privilégios é outra necessidade. “É muito difícil revermos privilégios de raça, classe, sexo ou gênero. Mas isso não pode nos impedir de ver a realidade [que é de desigualdades]”.

Também participaram da mesa a pesquisadora do Centro de Estudos Sociais (CES), da Universidade de Coimbra, Portugal, Stefania Barca, e a socióloga da da Benemérita Universidad Autónoma de Puebla (BUAP), no México, Mina Lorena Navarro Trujillo. A mesa aconteceu no Auditório B do Instituto de Geociências da UFBA. Depois das falas, ouvintes participaram fazendo comentários e perguntas para as palestrantes.

*Estudante do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e repórter na Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA

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