O Núcleo de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia (Noap), juntamente com o Museu de História Natural da Bahia, realiza evento gratuito para celebrar 18 de maio, Dia Internacional do Museu, durante os dias 13 e 19 de maio no Instituto de Biologia (Ibio/UFBA)
POR THAINARA OLIVEIRA*
thzinara@gmail.com
Em comemoração ao Dia Internacional dos Museus, 18 de maio, anualmente ocorre a organização de uma programação especial em museus e instituições culturais em parceria com o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Durante os dias 13 e 19 de maio o Museu de História Natural da Bahia e o Núcleo de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia (Noap) promoveM a 17° Semana Nacional de Museus, que conta com palestras, exposições, debates, apresentação de filmes, jogos educativos, extração de veneno e alimentação de serpentes nas visitas abertas e gratuitas para a população no Instituto de Biologia (Ibio), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), campus Ondina.
Como parte da programação, o Anfiteatro Externo- Ibio/UFBA recebeu, no dia 14/05 (terça-feira), a mesa-redonda Museus de História Natural e os pilares da Universidade: qual a nossa relação com ensino, pesquisa e extensão?, que contou com a participação de professores da UFBA, Denise Guerra e Domingos Cardoso, e da University of Durham-UK, Paride Bollettin. A mediação foi realizada pela professora da UFBA, Priscila Camelier.
A professora Denise Guerra iniciou sua fala enfatizando a importância da universidade oferecer um espaço disposto a dialogar com toda comunidade acadêmica e que ofereça para sociedade um espaço de participação. Para ela, assim como a universidade, o museu é um espaço potente de pesquisa, ensino e aprendizado, já que traz o estudante para extensão das descobertas e ao interesse pela universidade. “Os seres humanos precisam ser tocados e o museu é um lugar de sensibilização”, afirmou Denise.
A docente destacou o esforço dos estudantes de biologia, do Estágio Supervisionado em Ciências Biológicas, que trazem alunos de escolas públicas e particulares de Salvador para conhecer o Noap e o que fazem os profissionais da área. “É um desafio, principalmente quando se trata dos alunos de instituições particulares, que logo em casa já são estimulados para terem foco em medicina, direito e engenharia, apenas”, lembrou Denise e sugeriu que iniciativas como essas sejam replicadas.
Um dos pontos discutidos foi a falta de divulgação do trabalho, realizado em instituições como a UFBA, que ocorre muitas vezes com base em outras pesquisas encontradas e apreciadas posteriormente em museus. Então, foi feita uma apresentação dos 50 anos de contribuição do Ibio- UFBA, com o professor Domingos Cardoso. Na oportunidade, ele exibiu as descobertas coletadas e documentadas pelo instituto, ressaltando a importância da biodiversidade sem fronteiras. “Nos últimos 10 anos houve um crescimento massivo de investimento nas bases de formação, o que gerou investigação, inovação e um grupo de excelência em estudos de biodiversidade na UFBA e isso não pode acabar”, enfatizou o pesquisador.
A colaboração dos professores-pesquisadores associados ao Ibio-UFBA possibilitou a construção de uma “árvore da vida”, uma base de dados que vem catalogando e posicionando mais de 576 novos gêneros descobertos, segundo levantamento do Instituto, com o intuito de minimizar lacunas de conhecimento Lineano e Darwiniano em diversos ramos.
O professor visitante, Paride Bollettin, antropólogo e pesquisador de universidades da América do Sul, África e Europa, abordou a necessidade da decolonização da instituição museu para dar voz ao outro e possibilitar a extensão. Para ele, o museu junta o lado humano e não humano, sendo usado para reivindicações e não apenas coleta de exoticidades. Deu como exemplo o Museu Mugüta, primeiro museu indígena do Brasil, pertencente ao povo Ticuna, que surgiu após um projeto de extensão, por conta de uma mobilização política de resistência, provocada por tensionamentos e explorações que sofreram na região do Alto Solimões, fronteira da Amazônia com o Peru e Colômbia.
“Existem diversas classificações de museus pelo mundo que levam em conta características específicas do local e onde a presença deles modifica características do local, ajudando as pessoas a entenderem seus costumes e se ajudarem”, reforçou o antropólogo que completou com a necessidade de que haja abertura de diálogo com a sociedade, outras instituições e assuntos para sermos mais humanos.
Além do evento no Anfiteatro, o público pode visitar as exposições, no Hall do Instituto de Biologia, que apresenta o acervo do Museu de História Natural da Bahia e mostra plantas, bactérias, fungos, animais e produtos naturais de regiões indígenas, além de explicações sobre lendas que deram origem aos nomes das diversas espécies expostas entre outras curiosidades.
*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA