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Atualizado em 13 DE junho DE 2019 ás 15:03

Interdisciplinaridade na prática no Pós-Cultura

Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia encerra programação no último dia 07

POR THAINARA OLIVEIRA*
thzinara@gmail.com

Promovido pelos discentes, o 3º Seminário Interno de Pesquisa do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, (Pós-Cultura), lotado no Instituto de Humanidades, Artes e Ciência, da Universidade Federal da Bahia (IHAC/UFBA), encerrou o segundo e último dia 07/06 (sexta-feira), contando com as últimas apresentações dos Grupos de Trabalhos (GT) e um balanço a respeito do panorama do evento.

O segundo dia de apresentações do Seminário Interno do Pós-Cultura seguiu com suas apresentações no PAF III, com GT8, que apresentou temáticas que envolviam abordagens a respeito de processos criativos, tecnologia, artes integradas, imagem e movimento.

Uri Silva trouxe o cinema contemporâneo em perspectiva pós indústria, com sua pesquisa Limites e Aberturas para a Realização Cinematográfica Coletiva em Curso Livre, utilizando como corpus de pesquisa filmes de curta metragem que vão até 15 minutos, onde foi possível observar a parte estética e as narrativas. Algumas observações do palestrante surgiram ao analisar cinco turmas em cada edição do Curso Livre de Cinema (CLIC), que discutiu a indústria de produção e circulação do cinema, sendo possível notar  a baixa aderência de certos grupos como o de indígenas, negros e mulheres. “A maioria da produção é feita por homens brancos e surge a análise de que existe a necessidade do debate acerca do reflexo da sociedade que existe quando o local de protagonismo não é ocupado por essas pessoas”, afirmou Uri ao apresentar um compilado de filmes que trouxe para falar sobre a representatividade e diversidade nos filmes.

Em sua pesquisa, o doutorando Diego Sant'ana Valle estuda, a partir do conceito de memória oral, como o trabalho da linguagem teatral em uma escola pública tem reverberado na vida dos estudantes que a frequentaram / Imagem: Jefferson Hora

Diego Valle tratou das Memórias afetivas d’uma experiência teatral no Colégio Estadual Landulfo Alves, trazendo apontamentos de como uma escola teatral reverberou na vida de algumas pessoas. Para isso, o ponto inicial do seu trabalho situou o espaço e a memória local para em seguida contar as memórias orais e afetivas das pessoas, extraído de relatos.

O doutorando André Ricardo Virgens discutiu o fomento e financiamento à cultura com uma análise do setor audiovisual na bahia. Partindo de problemáticas e algumas questões como noções de fomento e financiamento, a composição do audiovisual, mecanismos de fomento, financiamentos públicos federal, estadual e municipal, além dos indicadores que podem ser utilizados para avaliar ações de fomento. André destacou alguns dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine) ao explicar um dos aspectos apontados da sua pesquisa, as diferenças  que formam os mecanismos de fomento e mecanismos de financiamento para analisar o financiamento audiovisual na Bahia.

A doutoranda Elizia Alcântara tem pesquisado a utilização dos quadrinhos no processo de educação / Imagem: Jefferson Hora

A palestrante Elizia Alcântara, envolveu os presentes com seu trabalho a respeito da gramática dos quadrinhos A performance poética de Antônio Cedraz: narrativas, vozes e discursos, onde tratou dos quadrinhos e a educação a partir da observação da Turma do Xaxado de Antônio Cedraz. “Você não pode deixar de se apaixonar pelo seu objeto para cumprir a vontade da academia. Essa história de que temos que se afastar ao máximo do objeto se estudo, eu não concordo”, defendeu Elizia que declarou que a introdução e conclusão da sua pesquisa será feita em quadrinhos, em parceria com a equipe de Antônio Cedraz.

Ramon Coutinho apresentou um documentário científico como objeto de pesquisa, a partir da análise dos filme Branco Sai, Preto Fica, direção Adirley Queirós (2014), para entender o que vem acontecendo no Brasil, onde novos agentes do audiovisual, pessoas da periferia, passaram a assumir o discurso sobre si e os espaços que ocupam. De acordo com sua análise, vulneráveis, favelados e sertanejos apresentam uma nova visão do audiovisual com o discurso próprio, ocupando o espaço de diretores, roteiristas e atores das narrativas do seu cotidiano.

Ramon Coutinho trabalhará em sua pesquisa o contra discurso proposto pelo filme Branco Sai, Preto Fica, que transforma a representação da população negra no audiovisual / Imagem: Jefferson Hora

Para dialogar a respeito das Agendas Sociais do Mercosul e Desenvolvimento Regional: a união especializada de autoridades cinematográficas e audiovisuais do Mercosul (Recam), Luíz Gustavo Campos, buscou analisar a criação e desenvolvimento institucional da Recam para compreender a importância do aspecto cultural no processo de construção de políticas públicas de desenvolvimento regional. Com matérias e métodos que analisam o Mercosul, o cinema sul americano e documentos da recam, disponibilizadas pela mesma agência responsáveis pelo cinema nos países membros, Luíz conta que assim pretende adquirir mais respaldo para sua temática.

Thiago Pondé com O jardim de Humberto Porto: em busca de uma história musical antepassada e não contada, concordou com Elizia Alcântara ao querer se envolver com seu objeto de pesquisa, no caso seu tio avô Humberto Porto, na ideia de abordar aspectos da vida e obra do compositor baiano, realizando historicização biográfica do artista, panorama do contexto artístico da era do rádio na década de 30, além do registro do processo criativo de montagem e circulação do espetáculo em homenagem a ele. Para Diego Valle é importante conhecer o trabalho do outro e perceber semelhanças com seu trabalho e as disparidades, podendo discutir a respeito do andamento e compartilhar as experiências de outros assuntos.

A concepção do seminário surgiu da intenção de tornar o espaço estruturado e organizado, oferecendo uma forma de engajamento. Segundo os organizadores, havia uma lacuna de dois anos da realização do evento. “Foram 358 trabalhos produzidos no pós cult e as comissões criaram a possibilidade do programa se conhecer e tornar possível a possibilidade das pessoas entrarem e encontrarem o programa com mais vivacidade “, ressalta Thiago Pondé.

*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA.

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