Oriundas de pesca indiscriminada, estrelas do mar são ornamentos muito utilizados em lojas de biquinis
Por Mariana Almofrey*
mariana.almofrey@hotmail.com
Ao entrar em uma loja de biquínis, é comum ver uma, ou mais estrelas do mar expostas como objeto de decoração na parede. Geralmete são da espécie Oreaster Reticulatus, também utilizadas em religiões afro brasileiras. “Uma vez eu contei nas vitrines de apenas dois andares de um shopping de Salvador 50 delas. Tem mais estrelas lá do que dentro da Baía de Todos os Santos!”, fala em tom de brincadeira a coordenadora do projeto, “Os Animais de Nossas Praias”, Doutora Orane Falcão, do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Mas a questão é bastante séria. Além do problema ambiental, existe um problema social que é buscar alternativas para inibir a ação de quem coleta as estrelas para venda. “A grande questão é como convencer o pescador ou o mergulhador a não fazer mais isso. Ele precisa ganhar a vida dele, não adianta eu dizer que ele não deve coletar porque a estrela está em extinção, se ele pode me responder que se não coletar ele também vai entrar em extinção”, afirma a pesquisadora.
O que se espera é que, em longo prazo, os produtos criados pelo projeto conscientizem os baianos da importância da preservação das espécies e dos ambientes costeiros. “Nós estamos caminhando para uma sexta extinção em massa de espécies e isto está sendo acelerado pelos problemas ligados a impacto ambiental. Quando você divulga e as pessoas passam a ter mais consciência dos problemas, temos mais facilidade na solução deles”, afirma Orane Falcão.
Para a coordenadora do projeto, o desenvolvimento sustentável ainda se concentra apenas no discurso. “Desenvolvimento sustentável é mais um sonho do que uma realidade. A gente está se esforçando pra chegar lá e quando faz divulgação científica, colabora nesse sentido. Quanto mais as pessoas estiverem conscientes, os professores que estão dando aula de ciências no primeiro grau e os professores de Biologia do segundo grau trabalharem com essas ideias, as gerações que virão vão ter mais consciência com relação a isso” conclui.
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