A Ciência é uma importante ferramenta para a compreensão do mundo. Por isso, no Dia Mundial do Livro, separamos 9 títulos para ajudar você a entender alguns fenômenos científicos e sociais estudados por diferentes pesquisadores
GIOVANNA HEMERLY*
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Hoje, 23 de abril, é o Dia Mundial do Livro. Essa data, que era celebrada inicialmente em homenagem ao autor de Dom Quixote, Miguel Cervantes, ganhou alcance internacional com a oficialização da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1995. E, diante de um dia tão importante e cheio de história como esse, a Agência não poderia deixar de celebrar também, não é mesmo? Então, confira agora nossa indicação de obras de divulgação científica para você ler enquanto #FicaEmCasa ajudando no combate a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Cosmos - Origem do universo, possibilidade de vida alienígena, quarta dimensão. Estes são só alguns dos assuntos abordados neste livro que deu origem a famosa série televisiva de mesmo nome em 1980. Seu autor Carl Sagan, também conhecido como o pai da divulgação científica, explica, com uma linguagem bastante acessível, sobre o universo, nosso lugar nesse espaço e onde podemos chegar futuramente. É interessante perceber também a forma como Sagan aborda os saberes científicos sem subjugar os mitos antigos criados por diferentes culturas no mundo. Cosmos é com certeza um belo exemplo de divulgação científica. É uma obra completa para negacionista nenhum botar defeito!
A Dança do Universo: dos Mitos de Criação ao Big-Bang - Apesar de diversas teorias existentes, a origem de tudo ainda é um grande mistério para a humanidade. Então por que não explorar também as diferentes conjecturas sobre a cosmologia geradas através dos séculos? É com essa proposta que o astrofísico brasileiro, Marcelo Gleiser, busca fazer um paralelo entre a história da Física e da Astronomia com as diversas mitologias religiosas antigas e, como cada uma delas procuram, ao seu modo, responder às inquietações humanas acerca da criação do universo.
Lab Girl: a Jornada de Uma Cientista Entre Plantas e Paixões - Já pensou em tentar olhar para a ciência a partir da visão de uma cientista apaixonada pelo que faz? Neste livro autobiográfico, a geobióloga Hope Jahren conta sobre sua própria trajetória de vida que perpassa tanto pelo enfrentamento do machismo existentes nos laboratórios, como também pela incrível experiência da descoberta, conhecimento e amor pelas pesquisas sobre a natureza. É unindo escrita literária e estudos científicos que Jahren expressa a razão e emoção que representa sua vida e sua paixão pela ciência botânica.
As Cientistas - Hipátia de Alexandria, Mae Jemison, Ada Lovelace, Annie Easley, Wang Zhenyi. Mulheres podem fazer ciência sim, isso é fato! Mas que tal aprender mais sobre a história dessas mulheres incríveis que revolucionaram pesquisas de sua época e trouxeram contribuições até para os dias atuais? Neste livro, a escritora apaixonada por literatura científica e feminista, Rachel Ignotofsky, traz detalhes e dados super interessantes (acompanhadas por ilustrações e infográficos incríveis!) sobre essas mulheres inspiradoras que ajudaram a abrir os caminhos para nossas cientistas do século XXI.
50 Ideias de Física Quântica Que Você Precisa Conhecer - Em meados do século XX, cientistas descobriram que o universo das partículas atômicas é uma verdadeira “terra sem lei”, onde as regras da física macroscópica (como as famosas Leis de Newton por exemplo) não podem ser aplicadas e quem reina na verdade é a tal da probabilidade. Isso parece confuso ou assustador para você? Então calma! A astrofísica Joanne Baker explica direitinho para gente sobre esse lado estranho e diferentão do universo em escala atômica e molecular.
O Andar do Bêbado: Como o Acaso Determina Nossas Vidas - Você se sente bastante confortável ao saber que o mundo segue um rigoroso padrão matemático e que está tudo exatamente sobre controle? Sinto muito em abalar esse seu frágil mundinho, mas as coisas podem ser mais aleatórias do que imaginamos. Ou pelo menos é o que diz o físico Leonard Mlodinow, que esteve também ao lado de Stephen Hawking na criação de “A Brevíssima História do Tempo”. Em seu livro, Mlodinow busca mostrar que sim, os acontecimentos podem ser tão incertos como um caminhar de um bêbado e não, não estamos prontos para lidar com toda essa aleatoriedade. Segundo o autor, não percebemos toda essa inconstância do universo porque nossos processos cerebrais têm dificuldade em trabalhar com o acaso.
O Que é Interseccionalidade? - no livro que integra a coleção Feminismos Plurais, coordenado pela filósofa e escritora Djamila Ribeiro, a pesquisadora baiana de estudos feministas, Karla Akotirene, explica para gente o que é afinal essa tal de Interseccionalidade, e como esse conceito pode ser a chave para explicar a opressão sofrida por mulheres negras em uma sociedade patriarcal cis-heteronormativa branca.
Quando Me Descobri Negra - Ao que parece de início se tratar apenas da história da jornalista e mestre em educação, Bianca Santana, na verdade representa a história de muitos brasileiros e brasileiras que vivem na pele as terríveis marcas do racismo velado. Cada linha dessa narrativa aborda desde a sobrevivência, numa realidade onde o tom da pele é sentença, o quão doloroso pode ser o processo de se autodescobrir enquanto pessoa negra, mas também como essa descoberta da própria identidade é o caminho para a própria liberdade. Ah, vale destacar que as ilustrações do livro, feitas por Mateu Velasco, levaram o prêmio Jabuti em 2016!
Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva - Os séculos XVI até o XVIII foram marcados pela terrível “caça as bruxas”, em que milhares de mulheres foram perseguidas, torturadas e executadas pela Inquisição sob acusação de bruxaria. Na mesma época, o sistema capitalista começa a dar seus primeiros sinais de vida. Mas o que um acontecimento tem a ver com outro? Quem explica é a filósofa e professora acadêmica Silvia Federici que, com base nos estudos da socióloga feminista Leopoldina Fortunati, descreve para gente como o crescimento do capitalismo apoderou-se do controle da mulher sobre seu próprio corpo, e como isso as condenou ao trabalho reprodutivo e deu origem à nova divisão sexual do trabalho e ao fortalecimento do sistema opressor patriarcal.
*Estudante do curso de Jornalismo na Faculdade de Comunicação da UFBA e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura