Enfermeiras do Hospital Roberto Santos, em Salvador, desenvolvem pesquisa que reduz índice de infecções relacionadas às inserções de cateteres
Por Jorge Gauthier
gauthier_jornalista@yahoo.com.br
A enfermagem na área de Nefrologia da Bahia ganhou espaço em Cuba. No tratamento de pacientes com problemas renais, a colocação de cateteres para hemodiálise – procedimento que retira substâncias tóxicas do sangue e funciona como um rim artificial – provoca infecções. Enfermeiras do Hospital Roberto Santos, em Salvador, desenvolveram pesquisa na unidade hospitalar, que resultou na diminuição do índice de infecções relacionadas às inserções de cateteres.
Os resultados do trabalho “Segurança e Qualidade para o Paciente Portador de Cateter para Hemodiálise”, foi apresentado em maio, no XIV Congresso de Enfermagem, que aconteceu no Palácio de Convenções de Havana, em Cuba. A coordenadora do Serviço de Atenção aos Portadores de Feridas (SAPFe), Rita Machado, explica que a pesquisa consistiu em mudar a forma como os cateteres eram aplicados o que alterou para baixo a quantidade de infecções nos pacientes que realizam tratamento renal na unidade hospitalar. “Foi colocada uma cobertura impregnada com Polihexametileno de Biguanida – PHMB – a 0,2% na inserção do cateter, fixada com filme transparente estéril”. Antes disso, o trabalho contou com levantamento de dados nos livros de registros do hospital com relação a infecções, no período de agosto a outubro de 2009.
Em novembro do ano passado começou a serem feitos curativos com gaze não aderente (50% poliéster e 50% rayon), impregnada com a substância PHMB 0,2% presa num filme esterilizado nas inserções dos cateteres. O período da pesquisa contou ainda com orientação permanente da equipe de enfermagem da unidade hospitalar através de aulas teóricas e práticas envolvendo todos os turnos do serviço e a coordenação do SAPFe.
O trabalho foi coordenado pela enfermeira estomaterapeuta Rita Machado, que é membro da Comissão Científica da Sociedade Brasileira de Estomaterapia (Sobest- Seção Bahia), em conjunto com a Enfermeira Assistencial do SAPFe Rayne Alves. Além de Cuba, o mesmo trabalho foi aprovado no I Simpósio Internacional Norte/Nordeste de Estomaterapia, com o tema: “A força do cuidado especializado em enfermagem”, sendo apresentado pela enfermeira Rayne Alves, no mês de maio deste ano em Porto de Galinhas, Pernambuco.
Rins mal cuidados – Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 25% dos problemas provocados nos locais onde são inseridos cateteres nos hospitais brasileiros são provocados nas inserções de cateteres para hemodiálise. Na área de nefrologia, segundo as pesquisadoras, há uma busca constante por novos tratamentos através do desenvolvimento de biomaterias e tecnologias que melhorem a qualidade de vida dos pacientes portadores de insuficiência renal crônica.
Para que o tratamento hemodiálise a obtenção de uma via de acesso, dos materiais e equipamentos adequados, bem como a disponibilidade de profissionais especializados é o que de fato contribui para o êxito do tratamento. Considera- se que 13% dos pacientes nefropatas são tratados através de cateteres de uso temporário ou permanente.
No entanto, as infecções relacionadas ao uso destes cateteres correspondem a 20% de todas as complicações dos acessos vasculares; cuja incidência é alta e grave. Diante disso, segundo as pesquisadoras, o polihexametileno de biguanida (PHMB) 0,2% atua como fator importante na prevenção e tratamento das infecções.
Resultados – As pesquisadoras informaram que com a implementação da cobertura impregnada com PHMB 0,2%, fixada com filme estéril transparente houve redução significativa no índice de infecções quando comparado ao número de implantes convencionais. Dos 103 implantes instalados foram registrados sete casos de infecções nas inserções dos cateteres em novembro de 2009, comprovando a viabilidade da medida adotada.