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Atualizado em 28 DE setembro DE 2011 ás 00:18

Encontro aproxima estudantes da Ufba ao artista baiano Mario Cravo Júnior

Evento organizado pela empresa Odebrecht contou ainda com a exibição do documentário “Exu Iluminado”

Por Vagner Campos*
vagnercampos85@gmail.com

Na tarde da última sexta-feira (23), a empresa Odebrecht, localizada na Paralela, abriu as portas da sua instituição para promover o encontro de estudantes dos cursos de artes plásticas, arquitetura e comunicação da Universidade Federal da Bahia (Ufba) com o patrimônio vivo Mario Cravo Júnior, um dos artistas plásticos baianos mais reconhecidos mundialmente. O encontro fez parte do Programa de Democratização Cultural Odebrecht.

No primeiro momento do evento foi exibido o filme Exu Iluminado, dirigido por André Luiz Oliveira e Péricles Palmeira. O documentário aborda a história e a obra de Mario Cravo Júnior, que em sua trajetória se relacionou com ilustres figuras brasileiras e internacionais como Oswald de Andrade, Jorge Amado, Carybé, Vila-Lobos, Hansen Bahia, Pierre Verger, entre diversas outras personalidades e artistas.

Na segunda parte do evento a Odebrecht promoveu um bate-papo entre Mario Cravo Júnior e Jorge Portugal, onde a participação do público foi constante, tanto através de saudações, quanto de perguntas das mais variadas, como por exemplo, qual era o time de futebol pelo qual o artista torcia, respondida prontamente como Esporte Clube Bahia.

Professor Jorge Portugal entrevista o artista Mario Cravo Júnior

Outro assunto abordado estava relacionado à motivação em criar obras com a temática do orixá Exu. Mario respondeu que essa inspiração surgiu da relação com Jorge Amado, que ao testemunhar o artista em seu antigo ateliê na Barra, relacionava aquele processo artístico como algo tirado próprio inferno, onde o artista trabalhava imerso ao fogo e ao aço. Outro fator preponderante se relaciona com a personalidade da entidade, que segundo o artista, está muito próxima da dele próprio, já que Exu é curioso, faz bem a quem faz bem e mal a quem faz mal.

Mario Cravo Júnior também abordou sua relação com a Bahia ao falar de suas viagens. Segundo ele, “não se sente falta quando se viaja em família, a não ser o complexo de sensações que era a Bahia, não o que é hoje, com engarrafamentos na Paralela que nos fazem demorar duas horas no trânsito, mas do que foi”, concluiu.

O artista, sempre inspirado em suas respostas que vinham acompanhadas de gargalhadas homéricas, falou ainda sobre sua veia poética, o atual momento das artes plásticas na Bahia, dos estereótipos sobre a figura do artista, deu conselhos aos mais jovens, além de brincar bastante com sua idade. Entre as declarações, Mario Cravo afirmou que “sendo um velho de 88 anos, nunca tive uma curiosidade tão grande como a de uma criança, que a cada ano que passa, mais se aproxima da puberdade”, causando aplausos na plateia.

A professora da Escola de Belas Artes da UFBA, Elizabeth Actis, e o artista baiano Mario Cravo Júnior

Ao final do evento, a escultora e professora da Escola de Belas Artes da Ufba (EBA), Elizabeth Actis, enfatizou o legado deixado pela experiência. Segundo ela, “ter sido convidada para fazer parte dessa fonte de inspiração, esta sapiência, principalmente para a EBA, que tem 133 anos, é um grande ou único momento de ter, diante de nós, o mestre dos mestres, porque ele foi professor de lá, e isso é um grande legado para nossos estudantes. Viver dessa sabedoria, viver dessa experiência, partilhar com ele as suas oportunidades, através do seu olhar, do seu contato, da sua voz, dessa troca de saberes”, finalizou a professora.

Já o estudante da EBA e desenhista Rodolfo Troll Carvalho, definiu o evento como uma realização pessoal. Em sua opinião, “não é toda hora que se tem a oportunidade de conhecer um dos ícones da cultura baiana, das artes plásticas baianas. Isso porque houve um tempo de isolamento por parte da população em relação aos grandes nomes. Isso aqui é uma forma de voltar aos velhos tempos, de conhecer um pouco da memória da Bahia, das vivências que nós tivemos. Está na nossa genética. Este momento é importante, e para mim, que estou formando em artes plásticas, ter a oportunidade de o ver falando, verbalizando o trabalho dele, saio com uma experiência muito importante, uma realização pessoal”, concluiu o graduando.

O professor de arquitetura da Ufba, Sergio Ekerman, também exaltou a iniciativa da Odebrecht. Definindo a iniciativa como “democrática”, ele afirmou que “é um prazer estar aqui e compartilhar com a universidade e com a comunidade essa publicação e esse acesso a Mario Cravo é fenomenal, fantástico, democrática, uma iniciativa que tem tudo haver com o que o mundo acadêmico quer formar o aluno, formar o cidadão e realmente uma oportunidade única de ver o mestre, acho que para todos que estão aqui hoje”, concluiu.

*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

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