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Atualizado em 13 DE outubro DE 2011 ás 00:18

Pesquisa busca reduzir população do mosquito causador da dengue

Alteração genética nos mosquitos faz com que crias dos insetos fecundadas pelo Aedes Aegypti transgênicos não cheguem à fase adulta

Por Leonardo Rattes
leonardorattes@hotmail.com

Em busca de mais uma arma contra a dengue, a Bioindústria Moscamed, o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP), a Faculdade de Higiene e Saúde Pública (FSP/USP) e a Oxitec (Universidade de Oxford/U.K), estão desenvolvendo um método de controle biológico do mosquito causador da doença. Uma pesquisa das instituições está buscando produzir insetos transgênicos para diminuir a capacidade de reprodução do Aedes Aegypti, mosquito transmissor da doença.

O diretor presidente da instituição, o pesquisador Aldo Malavasi, explica que a alteração genética nos mosquitos faz com que as crias dos insetos fecundadas pelo Aedes Aegypti transgênicos não cheguem à fase adulta, morrendo ainda na forma de pupa. Provocando a diminuição do número de insetos transmissores da dengue. Segundo Aldo Malavasi, os testes de campo começaram no final do mês de fevereiro com a inserção de 18 mil mosquitos no ambiente. Os mosquitos foram soltos no bairro de Itaberaba, em Juazeiro. “Ainda é cedo, mas a nossa expectativa é que com a introdução de um número maior de machos, em breve possamos medir o impacto desta ação na redução do número de casos de Dengue nas áreas testadas”, afirmou o pesquisador.

O pesquisador fala que esta sendo realizado o monitoramento populacional dos mosquitos com a liberação deles no ambiente. Segundo ele, esse monitoramento permitirá o acompanhamento da flutuação da quantidade do inseto em uma determinada área. Esse monitoramento será uma das ferramentas para a verificação da eficácia dos resultados da pesquisa.

Os pesquisadores da Moscamed afirmam que por se tratar de uma espécie exótica, que não faz parte do ecossistema brasileiro, os mosquitos transgênicos produzidos na pesquisa não irão causar impactos negativos no meio ambiente, nem nos seres humanos.

As pesquisas para o controle do Aedes Aegypti surgiu de outro estudo para o controle da moscas-das-frutas, também desenvolvido pela Moscamed. Nesse estudo também são produzidos machos estéreis de moscas-das-frutas para controle biológico de pragas agrícolas. O princípio utilizado nas iniciativas são os mesmos, a criação de insetos estéreis. No caso específico do controle da dengue o foco do estudo é para o Aedes Aegypti.

A dengue é um dos principais problemas de saúde pública do mundo, por isso a preocupação em se tentar diminuir o número dos mosquitos transmissores da doença. De acordo com a Vigilância Epidemiológica da Bahia, No ano de 2011, até o dia 9 de setembro, foram notificados 47.090 casos de Dengue no estado. No mesmo período de 2010 registraram-se 53.734 casos, correspondendo a uma redução de 12,4%. Estes casos foram notificados em 387 municípios. Ainda de acordo com o órgão, Quanto às formas graves da doença foram notificados 338 casos, com confirmação de 266 casos até o momento em 63 municípios. Entre os casos graves, houve confirmação de 14 óbitos.

Outro motivo para o incentivo do controle do mosquito é o aparecimento de mais um vírus que também causa a dengue, o DENV 4. Esse novo vírus foi identificado na Bahia no dia 21 de março. O vírus foi isolado no Laboratório Central do Estado, tendo ele sido identificado em dois homens residentes na cidade de Salvador. De acordo com a superintendente de Proteção e Vigilância à Saúde do Estado, Alcina Andrade, a doença causada por esse tipo de vírus não é mais grave, no entanto a população, por não ter tido contato anteriormente, fica mais vulnerável. Esse vírus foi identificado inicialmente na Venezuela e no Brasil, além da Bahia, já foram registrados casos nos estados do Pará, Piauí, Amazonas, Roraima e Rio de Janeiro.

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) está dando apoio ao desenvolvimento da pesquisa e o secretário da Saúde do Estado, Jorge Solla, considera o estudo como uma boa iniciativa. Solla aponta que esta ação, mesmo apresentando êxito, não significará a erradicação da doença, mas contribuirá de forma significativa para a redução do número de casos da doença. O secretário destaca que a doença está muito ligada as condições de limpeza e sanitárias de cada local. “Limpar os reservatórios de água e não permitir as condições ideais para que o mosquito se reproduza, é dever de toda a sociedade”, alerta Jorge Solla.

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