Bahiafarma receberá tranferência de tecnologia da França. Parceria contempla também pesquisas no Parque Tecnológico, inaugurado até o final do ano
Por Leonardo Rattes
leonardorattes@hotmail.com
O Brasil deve se tornar o único país a produzir o kit para diagnóstico da hepatite delta, conhecida também como hepatite D. Atualmente este kit é produzido pela Fundação Merieux, da França. A produção deve passar a ser feita pela Bahiafarma, que está em processo de instalação das suas fábricas. O acordo para a transferência da tecnologia e início de pesquisas em parceria com a fundação foi discutido em um encontro entre representantes da instituição francesa e os secretários da Saúde do Estado da Bahia, Jorge Solla, e de Ciência, Tecnologia e Inovação, Paulo Câmera.
Além da parceria entre a Fundação Merieux e a Bahiafarma para a produção do kit de diagnóstico para a hepatite delta, os franceses devem desenvolver, em conjunto com cientistas brasileiros, pesquisas, no Parque Tecnológico, que será inaugurado até o final deste ano. Haverá um espaço destinado à criação de um pólo para estudos dos cuidados com a hepatite. “Visitamos o Parque Tecnológico e o prédio onde funcionará uma das indústrias da Bahiafarma. Agora a fundação está montando um cronograma das ações. Será uma parceria aqui na Bahia, que conta com a Universidade Federal da Bahia, Bahiafarma e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação” explica o diretor operacional da Bahiafarma, Carlos Trindade.
O dirigente esclarece que não haverá nenhum direcionamento comercial na produção dos kits e na realização das pesquisas. “Buscamos permitir que a doença seja identificada e que se consiga dar melhores condições de tratamento para cerca de duas mil a três mil pessoas que estimamos que tenha essa doença já contraída aqui no Brasil”, afirma Carlos Trindade. Ele ainda fala que esse kit diagnóstico tem a função de identificar e mapear o comportamento da doença e com isso abrir a possibilidade de adoção de medidas adequadas para que ela não progrida.
O diretor de desenvolvimento internacional Fundação Merieux, François-Xavier Babin, e o assessor Christian Trepo explicaram que a fundação apoia programas de pesquisa em doenças como a tuberculose, infecções respiratórias, malária, HIV e hepatite. “A Fundação Mérieux busca apoiar ativamente a criação de ferramentas para a vigilância epidemiológica e fazer transferência de tecnologias adequadas à pesquisa nos países em desenvolvimento” esclareceu François-Xavier Babin.
Os representantes da Fundação Francesa disseram que a ideia é também capacitar profissionais brasileiros para a realização. “Este é um projeto muito interessante e muito atrativo para a fundação”, disse François-Xavier Babin. O investimento permitirá fazer um laboratório de alto nível tecnológico e possibilitará avanços no tratamento não só das hepatites virais, mas também de viroses respiratórias. François-Xavier Babin, e o assessor Christian Trepo, além de visitar a Bahia, foram até o estado do Acre onde puderam conhecer a realidade das hepatites virais.
O médico hepatologista da Universidade Federal da Bahia, Raymundo Paraná, que realiza pesquisas na área de doenças do fígado, também está participando das discussões para o início dos estudos da Fundação Merieux. Para ele, o investimento na parceria irá auxiliar no enfrentamento de doenças hepáticas que acometem principalmente a população pobre. “Com a instalação de um laboratório da Fundação Merieux, haverá a possibilidade de testes para o diagnóstico das doenças de uma forma menos custosa para o Sistema Único de Saúde, além de ter a possibilidade de treinamento de recursos humanos”, falou Raymundo Paraná.
No Brasil, Hepatite Delta é quase restrita à região norte
De acordo com o médico hepatologista e professor da Universidade Federal da Bahia – Ufba, Raymundo Paraná, a hepatite delta é uma das doenças mais negligenciadas no Brasil. Estudos apontam que a doença é registrada principalmente, na região da Amazônia Ocidental, nas comunidades do alto Purus, Vale do Javari, do Juruá, do Madeira. Existem notificações também em Rondônia e todo o Acre, e alguns focos no Mato Grosso e no Pará.
Ainda segundo o médico Paraná, os casos no Acre, em Rondônia e no Amazonas se espalham ao longo do território, enquanto que no Pará, os surtos são localizados. Em seus estudos, Paraná aponta que existem fatores locais que contribuem para a maior incidência da doença no norte.
A hepatite delta – A hepatite delta é uma doença infecciosa viral, contagiosa, causada pelo vírus da hepatite delta ou HDV (é um vírus RNA, que precisa do vírus B para que ocorra a infecção), podendo apresentar-se como uma infecção assintomática ou sintomática e, nesses casos, até mesmo com formas graves de hepatite. O período de incubação é de 2 a 12 semanas. Existem áreas de alta prevalência na Bacia Amazônica, África Central, Sul da Itália e países do meio leste.
Raymundo Paraná explica que havendo a prevenção da hepatite B por meio de vacinas e também de educação sexual, haverá, conseqüentemente, a prevenção da Hepatite D. Para a hepatite aguda não existe tratamento e a conduta é expectante, com acompanhamento médico. As medidas sintomáticas são semelhantes àquelas para o vírus B. No caso da hepatite crônica o tratamento deve ser realizado em ambulatório especializado.
___________________
Academia de Ciências da Bahia é instalada sob promessa de funcionamento do Tecnobahia ainda em 2011
‘Estamos com o governo em prol do Tecnobahia’, diz diretor da Fapesb
Seminário Brasil-África de Doença Falciforme
Pesquisa visa implantação de fitoterápicos no SUS
Anvisa e Ifba avaliam equipamentos em hospitais
WebTV – Fiocruz pra Você 2011 – Bahia
Sou portador do Vírus da Epatite D, mas não sei onde poderia fazer controles periódicos aqui no Brasil. Já vasculhei a Internet e não consigo encontrar nada à respeito. Moro no estado de São Paulo, se puderem me ajudar, ficaria imensamente grato.
Abç