Programa de gerenciamento da saúde na Bahia é responsável por atividades de pesquisa, formação de pessoal e utilização da economia na gestão da saúde
Por Renata Santana
renatinhaa86@hotmail.com
A economia e a saúde estão cada vez mais interligadas. Existem diversos conceitos e técnicas da economia que estão sendo utilizados para diminuir os problemas que interferem na saúde. Mas, por muito tempo, existiu um conflito entre essas duas áreas do conhecimento no que se refere à gestão eficiente dos serviços de saúde, pois enquanto as profissões de saúde concentravam-se na ética, segundo a qual a saúde não tem preço, a economia fixava-se na ética do bem comum.
Para o pesquisador Luis Eugenio Portela, coordenador do Programa de Economia, Tecnologia e Inovação em Saúde (Pecs), “o setor saúde consome boa parte da riqueza de muitos países. No Brasil, estima-se que 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB) é gasto no financiamento de ações de saúde. Por isso, é preciso fazer bom uso desses recursos, ou melhor, produzir com eles o máximo de serviços de saúde de boa qualidade técnica e humana”.
Os estudos econômicos, portanto, têm grande importância para a gestão da saúde, pois fornecem informações sobre a eficiência e o custo dos sistemas de saúde, sobre o financiamento e a alocação de recursos no setor saúde, sobre as características do mercado de saúde e da intervenção do Estado, dentre outras. Além de contribuírem para a tomada de decisões pelos gestores públicos. “Toda vez que um problema do setor saúde está relacionado ao financiamento, alocação de recursos, ao grau de eficiência, a relação entre saúde e desenvolvimento e demanda-oferta, a Economia da Saúde pode ajudar a equacioná-lo”, afirma o coordenador do Pecs.
A Economia da Saúde surge com o crescimento da importância dos serviços de saúde nas sociedades contemporâneas, principalmente com o aumento significativo dos gastos das famílias e dos Estados com a assistência à saúde, nos anos 60. Nos últimos anos, ganhou força como uma área do conhecimento específico cujos modelos e instrumentos são de grande auxílio na análise e equacionamento dos problemas do setor.
Diversos projetos e programas surgiram no Brasil visando o fortalecimento das atividades nesta área, principalmente em universidades. O Ministério da Saúde, através de um departamento, e a Associação Brasileira de Economia da Saúde (Abres) são atuantes e organizam congressos e simpósios participativos. Entretanto, mesmo existindo tantas ações, a Economia da Saúde engatinha no Brasil, pois conta com um número reduzido de profissionais em atividade.
O Pecs, único programa de economia da saúde na Bahia, surgiu em 2002, a partir de uma parceria entre o Instituto de Saúde Coletiva (Ufba) com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e com o Departament for Internacional Development do Governo Britânico. Outra ação que fortaleceu o projeto foi um convênio de cooperação técnica com a Secretaria Estadual de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) na mesma época.
“O programa é responsável por uma série de atividades de pesquisa, de formação de pessoal e de utilização do instrumental da economia na gestão da saúde. Além disso, oferece subsídios para a tomada de decisão dos gestores do estado, como as pesquisas de estudo das contas regionais da Bahia, da análise de custo-efetividade do tratamento da tuberculose e da análise comparada da eficiência de organizações terceirizadas, que tiveram seus resultados aplicados” afirma Portela.
Ao pensarmos nos problemas do setor saúde, percebemos que a escolha do tratamento, a alocação de recursos e a avaliação das consequências são atividades importantes e, quase sempre, complexas. Os estudos da economia da saúde podem, portanto, contribuir para o Estado na redução dos gastos públicos no setor e no investimento de recursos em outras áreas, como educação, desenvolvimento urbano e transporte, que também são importantes para a saúde das pessoas.
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