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Atualizado em 22 DE novembro DE 2011 ás 09:14

Observatório Universitário da Cultura Popular mapeia grupos culturais

Até o momento mais de 50 grupos foram mapeados pelo Observatório nas regiões periféricas de Salvador

Por Marília Moura*
marideologia@gmail.com

O Observatório Universitário da Cultura Popular é uma iniciativa dos membros da Agência Experimental em Comunicação e Cultura (AECC), instância da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/Ufba), que desenvolve atividades de extensão baseadas na utilização dos instrumentos de comunicação para auxiliar e contribuir com a organização de comunidades e movimentos sociais. Atualmente a Agência Experimental realiza outros dois projetos, além do Observatório, o “Jornal da Agência Experimental” (JáÉ) e o “Agenciação”, projeto que promove apresentações de dança, música, teatro, artes visuais e outras expressões culturais com o objetivo de incentivar a difusão da cultura popular em âmbito acadêmico.

O Observatório é um projeto elaborado pelos membros da AECC que foi aprovado no edital Proext 2010 – MEC/SESu. Através dos recursos oriundos do edital, os participantes realizam o mapeamento da produção cultural comunitária de Salvador. O estudante de Produção Cultural, Leandro Souza,  que participa da Agência Experimental, explica que a proposta do projeto é analisar a gestão de grupos culturais de alguns bairros periféricos de Salvador, com ênfase no Subúrbio Ferroviário e em bairros que estão no entorno da Ufba. “Pretendemos com este projeto entender como surgiram os grupos, a lógica de funcionamento dos mesmos, a receptividade e repercussão dos trabalhos realizados por eles na própria comunidade e conhecer as dificuldades e os desafios encontrados”, afirmou Leandro.

O mapeamento está organizado em duas fases, a Etapa Subúrbio – que em alguns casos abrange bairros próximos como Águas Claras, Pirajá e Ribeira – e a Etapa entorno do Campus Ondina da Ufba, que vai mapear grupos culturais do Calabar, Federação, Garcia e Alto das Pombas. Segundo Leandro Souza, a metodologia do mapeamento consiste “no contato presencial com os grupos e, simultaneamente à visita, são feitos os registros audiovisuais das atividades e é aplicado um questionário com perguntas referentes à gestão do grupo ou equipamento cultural. Após este processo, digitalizamos os relatórios e publicamos no nosso “Diário de Bordo” as impressões pessoais sobre o contato com os grupos, acrescentando as informações básicas para que outras pessoas interessadas possam conhecer de perto os trabalhos e projetos mapeados”, relatou. Ele também ressaltou a importância da parceria com o Centro Cultural Plataforma, que disponibilizou uma lista de contatos de grupos culturais, para que os agenciadores pudessem entrar em contato com os grupos.

Membros da Agência Experimental durante mapeamento no Instituto Araketu

Emancipação – O coordenador do Observatório Universitário da Cultura Popular, professor José Roberto Severino, observa a relevância do projeto para a emancipação cidadã dos estudantes e dos grupos culturais envolvidos no mapeamento. Ele ressalta que “os trabalhos do Observatório têm uma dinâmica que é resultado da organização dos alunos participantes” e que “há uma exuberante Salvador pulsando cultura e reinventando formas de estar-juntos”. Na opinião dele, o trabalho no Observatório é uma experiência muito positiva na formação dos estudantes, pois, o “contato com as práticas de organização da cultura vivenciadas em comunidades permite formar um profissional da produção cultural capaz de lidar com os desafios dos novos arranjos culturais”, observa o professor, que coordena o projeto desde junho de 2011, quando foi convidado pelo diretor da Facom/Ufba e tutor da Agência Experimental, o professor Giovandro Ferreira, para coordenar o Observatório.

Intercâmbio - O professor José Eduardo Ferreira Santos que é fundador do “Acervo da Laje”, um dos 55 grupos mapeados pelo Observatório Universitário da Cultura Popular, afirmou que o mapeamento é uma experiência muito positiva, pois, é uma “possibilidade de divulgação e também de análise a partir de um olhar externo do trabalho que estou realizando”, declarou o professor.

O “Acervo da Laje” é resultado de pesquisas realizadas há mais de 15 anos no Subúrbio Ferroviário de Salvador, particularmente em Novos Alagados, pelo professor José Eduardo. Segundo ele, a iniciativa visa “difundir a beleza, a cultura e a produção artística do Subúrbio Ferroviário, procurando retirar os estigmas relacionados à população, mostrando que também produzimos a beleza que está disseminada pelo mundo inteiro, menos para os moradores daqui, que não sabem que ela existe”. O “Acervo da Laje” é uma ação particular desenvolvida por José Eduardo Ferreira sem incentivos governamentais. Segundo ele, esse trabalho conta apenas “com a ajuda de amigos que doam livros para que a biblioteca seja um espaço de encontro dos moradores com a literatura e os livros acadêmicos, pois muitos jovens de Novos Alagados começam a ingressar na Universidade e não dispõem de recursos financeiros para obtê-los”, ressaltou o professor. O “Acervo da Laje” é formado por mais de 100 obras dos artistas do Subúrbio Ferroviário, entre quadros, esculturas e máscaras em madeira, azulejos policromados, CDs, artesanato local, entre outros. Sobre essas obras de arte, José Eduardo salienta que seu intuito é “mostrar que a beleza produzida na periferia e ganha o mundo precisa ser vista aqui”, pois, “a maioria das obras jamais foi vista por muitas pessoas da periferia, porque são vendidas para turistas do mundo inteiro”, destacou o professor.

Além dos livros, o Acervo também disponibiliza para o público, recortes de jornais, vídeos, CDs, publicações do próprio José Eduardo Ferreira, que é autor de quatro livros, e também há uma seção de livros raros e livros autografados. O “Acervo da Laje” é composto pela biblioteca “Zilda Paim”, com livros de temáticas variadas e a “Sala de Recepção – Cartola”, espaço reservado à audição de diversos CDs do acervo. O Acervo ainda dispõe de um estúdio musical onde a banda “Clandestinos 5” realiza seus ensaios e gravações.

Para José Eduardo, iniciativas como esta são fundamentais, pois, “colocar a Universidade a serviço da comunidade é uma demanda cada vez mais latente, principalmente neste momento de dinamismo cultural pelo qual passamos, com tantas iniciativas locais que não têm visibilidade ou apoio”. Na visão do professor, a Universidade acerta quando permite este intercâmbio, este encontro entre os estudantes e as pessoas que trabalham com a cultura de um modo comunitário e define essa experiência como “uma troca de saberes em que todos os envolvidos saem ganhando em aprendizagem, abertura de mundo e troca de experiências, além de colocar o Subúrbio Ferroviário de Salvador dentro da cidade, como há muito lhe é devido, mas sempre tem sido relegado”, relatou.

Resultados – Os dados colhidos durante o processo de mapeamento estão sendo discutidos no grupo de estudos da Agência Experimental, que se reúne quinzenalmente sob a orientação do professor José Roberto Severino. “As informações obtidas serão divulgadas na plataforma digital e no livreto, os produtos finais do projeto. Todo o conteúdo será de fácil acesso e direcionados para qualquer pessoa interessada nas temáticas da arte, da comunicação e da cultura”, informou Leandro Souza. Além disto, os agenciadores também pretendem publicar um artigo acadêmico para apresentar as ferramentas e resultados da pesquisa em algum seminário ou encontro de discussão cultural universitária. A conclusão do trabalho do Observatório deve acontecer entre janeiro e fevereiro de 2012.

*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

Um comentário a Observatório Universitário da Cultura Popular mapeia grupos culturais

  1. tonio disse:

    amigos das artes
    sou professor de MIMICA e queria fazewr contato com vc
    pra integrar essa cultura universitaria. e ver a posibilidade
    de dar Cursos e Oficinas.

    obrigado….tonio.

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