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Atualizado em 21 DE dezembro DE 2011 ás 19:27

Professores discutem situação da pesquisa na Ufba

Investimento em pesquisa foi a principal reivindicação dos acadêmicos, que questionaram a quantidade menor de bolsas destinadas pelo CNPq ao Estado. Pernambuco e Ceará têm PIB menor, mas recebem mais que a Bahia

Por Raíza Tourinho
raizatourinho@yahoo.com.br

Há algum tempo um local da Ufba não presenciava juntos tantos pesquisadores de diferentes faculdades como na manhã da última sexta-feira (16) no auditório do Pavilhão de Aulas da Federação (PAF III). Sob a organização do pesquisador do Instituto de Biologia, Charbel El-Hani, dezenas de professores da universidade assistiram ao presidente do Conselho Acadêmico de Ensino, Pesquisa e Extensão, Francisco Teixeira, pesquisador da Escola de Administração e o professor Jaílson Bittencourt, do Instituto de Química.

Uma das principais reivindicações dos pesquisadores foi o investimento em pesquisa. Ambos os palestrantes ressaltaram que a Bahia recebe menos recursos em bolsas de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que Pernambuco e Ceará, sendo que o PIB do Estado baiano é bem maior. “Há um descompasso”, afirma o pesquisador Jaílson Bittencourt. Já Teixeira lembrou que o Estado possui mais grupos de pesquisas (4,8 em detrimento de 3,4 em Pernambuco e 2,1 no Ceará). “Está bem claro que temos problema de qualidade desses grupos de pesquisa)”, ressaltou.

“Está bem claro que temos problema de qualidade desses grupos de pesquisa,” afirma Jaílson Bittencourt

O químico criticou ainda a prioridade da Ufba em duas agendas – assistência estudantil e execução de obras – em detrimento da pesquisa. Segundo ele, tais agendas são frutos da política de expansão das universidades, o Reuni, herança do governo Lula no setor, e demonstram o investimento em quantidade (de vagas) e não, necessariamente em qualidade. “São agendas emergenciais e não estruturais. A expansão é necessária, mas não foi planejada adequadamente”, enfatiza Jaílson.

Já no final do mandato, o presidente do Conselho Acadêmico de Ensino, Pesquisa e Extensão, Francisco Teixeira, fez um balanço do papel que a pesquisa ocupa na universidade e admitiu que, embora o investimento na área tenha crescido ainda não é prioridade da instituição. “Historicamente, a pesquisa nunca esteve no DNA da universidade. Somente começou a generalizar quando se implantou os primeiros cursos de pós-graduação (no final dos anos 60)”, conta. Para 2012, ele afirma que o setor lutou para dobrar a ínfima porcentagem de recursos para a pesquisa – que passou de 0,25% a 0,50% dos recursos da Ufba.

O novo projeto de lei do executivo que aumenta a carga horária de aula dos pesquisadores para 12 horas semanais, medida já adotada para o próximo ano com abatimentos pela universidade, também foi alvo de polêmica no encontro. “Não é que as doze horas sejam excessivas. Mas deve-se dar abatimento para quem demonstre produção em pesquisa”, defende Teixeira.

Na finalização do encontro, o pesquisador Charbel El-Hani aparentou sintetizar bem o sentimento dos palestrantes e da plateia. “A pesquisa é a base da universidade. Universidade onde a pesquisa é secundária, para mim, não é universidade”.

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