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Atualizado em 15 DE junho DE 2012 ás 00:53

Projeto da UFBA promove inclusão digital e formação profissional

“Onda Digital” proporciona uma formação profissional integral, englobando diversas áreas do conhecimento como computação, educação e comunicação.

POR GILBERTO RIOS*
gilberto.rios13@gmail.com

“A exclusão digital, das tecnologias da informação, acentua as desigualdades já existentes. O Brasil fez opção clara nos últimos anos por universalizar o acesso à tecnologia”, disse a presidente Dilma Houssef em seu discurso na abertura da Feira Internacional das Tecnologias da Informação e das Comunicações, em Hannover, realizada em março desse ano. Essa fala está na esteira dos discursos dos autores que se dedicam a estudar o tema das tecnologias no processo de globalização e desenvolvimento social igualitário, como Milton Santos.

“Contribuir no processo de inclusão sócio-digital na Bahia, envolvendo a Universidade em ações educativas, sociais, culturais e de difusão da filosofia do software livre”. Com essa missão, os integrantes do programa de extensão Onda Digital desenvolvem trabalhos em diversas áreas, que podem se revezar entre os quatro projetos do programa.

Fundado em 2004, associado ao Departamento de Ciências da Computação da UFBA, o Onda Digital integra 39 pessoas, entre profissionais de computação, professores, funcionários e estudantes da mesma Universidade, coordenados pelas doutoras Débora Abdalla Santos, Anna Friedericka Schwarzelmuller e Amaleide Lima dos Santos. Além deles, podem participar também colaboradores interessados em contribuir com o programa, mediante cadastro pelo site do projeto.

“Hoje, temos mais demandas para incluir pessoas digitalmente. Em 2004, não havia uma necessidade tão urgente de inserir tecnologias na escola”, evidenciou Debora Abdalla sobre a importância do projeto. Para a coordenadora do Onda Digital, medidas como a do programa são fundamentais numa sociedade onde as tecnologias digitais estão cada vez mais presentes na vida de qualquer cidadão comum. “Cada vez mais, o cidadão é empurrado para um meio onde o digital é arbitrário, seja para acessar às suas contas nos bancos às interações sociais”, enfatizou.

O programa Onda Digital é uma Atividade Curricular em Comunidade (ACC) na qual seus integrantes da equipe podem participar de todos os quatro projetos do Onda Digital, intitulados Projetos Onda Solidária de Inclusão Digital (POSID), Educandow, Inclusão Pré-Digital e Talentos-Comp, cada um com diferentes fins.

O POSID visa promover o uso das tecnologias de informação e comunicação como meio de contribuir para sustentabilidade e desenvolvimento sociocultural e econômico local, potencializando ações de reutilização e descarte adequado do lixo tecnológico. Para tanto, oferece cursos de informática básica a partir do uso de software livre e um curso de Manuntenção de Computadores. Essas aulas – realizadas tanto no âmbito da Universidade quanto fora dela – são ministradas por estudantes-educadores que compõe o projeto.

Da mesma forma, o projeto ainda realiza debates com comunidades de baixa renda de Salvador, capital baiana, discutindo temas como Ética, Serviços ao Cidadão, Segurança na Internet etc.

O EducanDow é resultado da parceria entre a UFBA e a Companhia Química Dow Brasil, e tem como foco a Educação em Ciência e Tecnologia para Escolas de Ensino Fundamental do Município de Candeais (BA). O projeto propõe articular currículo escolar a habilidades requeridas no campo da Ciência e Tecnologia para propiciar uma efetiva mudança metodológica do ensino.

Outro projeto do Onda Digital, o Inclusão Pré-Digital, basea-se na obra Computer Science Unplugged: An Enrichmente and Extension Programme for Primary-aged Children – escrita por Tim Bell, Ian H. Witten e Mike Fellows – para capacitar alunos e professores da rede estadual de ensino em formação básica de informática, a fim de desenvolver atividades lúdicas e eficientes.

Não menos importante, o Talentos-Comp é um projeto que treina estudantes do ensino fundamental e médio de escolas públicas de Salvador para atuarem como professores ou profissionais de computação. Para os integrantes do projeto, não basta que o jovem saiba usar um computador. “É preciso trabalhar neste jovem a capacidade de raciocínio para que possa desenvolver soluções computacionais para problemas complexos”, destacam.

FORMAÇÃO

Além de promover ações educativas complementares, focando os aspectos pedagógicos e sociais, a participação no Onda Digital estimula o aprimoramento técnico dos estudantes, através do uso e desenvolvimento de software livre. As ações do programa têm propiciado o desenvolvimento não somente de trabalhos de extensão, mas também de iniciação científica e de conclusão de curso em computação e educação, bem como nas áreas de Inclusão Digital e Informática na Educação.

“Os alunos que já participaram do programa relataram uma mudança importante no ver a sociedade, no ver a importância do conhecimento dele para o outro”, destacou Débora Adballa.  Ela também falou sobre os ganhos que a ACC propicia aos participantes. “Eles sempre relatam como foi importante esse contato com o social. Um conhecimento que para alguns é tão banal, pra outros é tão relevante. O próprio ato de pegar no mouse, às vezes, é algo completamente novo para umas pessoas e isso, certamente, mexe bastante com alguns integrantes”, explicou.

“O curso é extremamente técnico: é tudo muito cartesiano, muito teórico, de ter que se aprofundar com a máquina. Já com o projeto, a gente tem essa mediação entre as humanas e as exatas”, contou o Rodrigo Correia, 25, estudante de Ciências da Computação da UFBA. Ele integra o projeto POSID há cerca de dois anos, tendo começado como voluntário, e se tornou bolsista há seis meses. “No Onda Digital, o contato com as pessoas da sociedade me lembram, a todo instante, da parte humana dessa área”, reafirma Rodrigo, que destaca não só o papel didático do projeto, mas também o filantropo.

Alan Gusmão Ramos, 27, graduado em Jornalismo e estudante de Produção Cultural, conheceu o programa pela internet. No final de fevereiro deste ano, começou a fazer parte da equipe e conta como o transforma a visão que têm de sua profissão. “Ele me fez mudar no sentido de permitir o contato com a área da inclusão digital. Também pude ter um maior contato com a parte técnica de computadores. Por causa do programa, hoje eu uso o software livre”, revela.

* Gilberto Rios é bolsista do projeto Agência de Notícias Ciência e Cultura e estudante de Jornalismo na Faculdade de Comunicação na Universidade Federal da Bahia (FACOM-UFBA).

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