“É a política o motivo da diferença entre o sonho do SUS e a realidade”. A afirmação da médica e assistente social Kátia Maia, trabalhadora de um posto municipal de saúde, é a mesma de vários estudiosos brasileiros. O principal desafio do Sistema Único de Saúde (SUS) é político. Ao afirmar que a saúde é um direito de todos e um dever do estado, a constituição deixa claro que é o estado quem deve garantir os recursos financeiros necessários para que todos os brasileiros tenham acesso à saúde. E a decisão de quanto, como e qual parte do dinheiro cabe a cada esfera de governo é motivo de discussões e pressões políticas há anos. Em janeiro de 2012, a Emenda Constitucional 29, que dispõe sobre cada uma dessas questões, foi sancionada. O resultado foi considerado insatisfatório pelos militantes do SUS.
Você já deve ter ouvido falar que o Sistema Único de Saúde (SUS) é considerado um dos melhores sistemas de saúde pública do mundo, um modelo que vários países querem copiar. Mas não, a proposta desta série não é afirmar isso. Tampouco que as críticas a ele são infundadas, há sim muitos motivos para reclamar. Só que isso não quer dizer que o SUS seja um sistema ruim. Parece contraditório, mas a verdade é que o SUS é assim: contraditório, cheio de vitórias e fracassos e injustamente desigual. O que você vai ver nessa série de matérias é um lado do SUS pouco conhecido pela maioria dos brasileiros. A luta e a revolução no conceito de saúde que possibilitaram a criação de um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo. O que está por trás dos seus problemas, um embate político que dura anos. E as áreas não conhecidas como parte do sistema, ações de cuidado e proteção da sua saúde, muitas vezes invisíveis, mas que fazem com o SUS esteja presente nas mínimas ações do seu dia a dia. E com que todos sejam usuários do sistema.