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Atualizado em 22 DE junho DE 2016 ás 22:28

Alaíse Gil Guimarães

O programa de Mestrado em Ciência de Alimentos da Faculdade de Farmácia da UFBA tem se destacado na realização de pesquisas com antimicrobianos, embalagens ativas, e-coli e com bactérias que são resistentes a ação de microbianos. Para falar mais um pouco das novidades da área e das pesquisas produzidas com óleos essenciais, a Agência de Notícias em CT&I - Ciência e Cultura entrevistou a professora e vice-coordenadora do programa Alaíse Gil Guimarães

POR BRUNA LEITE*
lizakasy@gmail.com

No Brasil, aproximadamente um quinto do lixo é composto por embalagens. Diante disso, em meio aos problemas ambientais relacionados ao descarte desse material, o Laboratório de Estudos em Microbiologia de Alimentos (LEMA), vinculado ao Departamento de Análises Bromatológicas da Faculdade de Farmácia (UFBA), tem atuado em pesquisas com micro-organismos patogênicos, atividade antimicrobiana de óleos essenciais, avaliação e controle microbiológico de alimentos. Para falar mais sobre a temática e trazer o que tem sido feito em pesquisas com óleos essenciais e embalagens ativas explicando a importância para o campo, a Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura entrevistou a pesquisadora, professora associada da Faculdade de Farmácia e vice coordenadora de mestrado do Programa de Pós Graduação em Ciência de Alimentos na Faculdade de Farmácia da UFBA, Alaíse Gil Guimarães. Confira abaixo a entrevista completa.

Ciência e Cultura – Quais são as pesquisas em andamento e/ou concluídas no seu departamento?

Alaíse Gil Guimarães – O foco do grupo é pesquisa com microrganismo patogênicos de importância em Microbiologia de Alimentos e também com a qualidade microbiológica dos alimentos. Tem um grupo aqui de Farmácia, mas de outro departamento que trabalha com substâncias naturais então começamos a trabalhar juntos. Começamos a trabalhar com o alecrim. Eu e uma orientanda minha extraímos o óleo essencial do alecrim para verificar se ele tinha ação contra bactérias que são responsáveis por doenças, transmitidas por alimentos, por toxinfecção, infecção de origem alimentar, a partir ver se poderíamos usar essas substâncias para inibir o crescimento desses microrganismos responsáveis por doenças transmitidas por alimentos ao invés de usar outro conservante. Fizemos a ação dele in vitro e in vivo.

O professor Celso, do nosso departamento, pegou outros óleos essenciais de cravo, de alho onde também foi feita a ação in vitro e in vivo. In vitro são testes tipo antibiogramas para ver se esses óleos essenciais têm uma ação contra algumas bactérias, e nós sempre trabalhamos com bactérias que seriam capazes de produzir doença de origem alimentar. E-coli, salmonella, estafilococos aureus, esses microrganismos responsáveis por doenças transmitidas por alimentos. Esses foram os trabalhos concluídos. As pesquisas em andamento atualmente são investigação de sorogrupos patógenos de  Escherichia coli isolados de alimentos de origem animal e a determinação resistência e  sensibilidade ao antimicrobianos utilizados na terapêutica animal e humana. Outra pesquisa é o desenvolvimento de filmes ativos biodegradáveis, incorporados com óleo essencial de orégano como antimicrobiano. E também um estudo sobre viabilidade, vitalidade e de leveduras cervejeiras para controle de qualidade em microcervejarias.

Ciência e Cultura – Quais os benefícios que essa pesquisa trará para a sociedade?

Alaíse Gil Guimarães – Alertar à sociedade, comerciantes e autoridades competentes sobre questões da resistência aos antimicrobianos e o risco na transmissão de DTA, de forma a contribuir para um melhor controle e fiscalização. Com isso pode-se considerando a possibilidade de redução do risco de transmissão de doenças transmitidas por alimentos, por proporcionar maior tempo de conservação do produto e melhoria de conceito de segurança alimentar. Salienta-se que a população cada vez mais informada tem buscado alimentos seguros.

Ciência e Cultura – De que forma são obtidos os recursos para financiamento da pesquisa?

Têm sido suficiente? Alaíse Gil Guimarães – Até então os recursos têm sido suficientes sim. Essa pesquisa com as embalagens ativas está sendo realizada com recursos recebidos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). Fizemos algumas análises em vários locais, por exemplo, a análise de microscopia foi feita na Fiocruz, análise de mecânica no Instituto Federal de Educação, ciência e tecnologia (IFES), a maioria dos projetos foram submetidos a órgãos de fomento como Fapesb e CNPq e aprovados, sendo assim as pesquisas até então tem sido subsidiadas por essas agências.

Ciência e Cultura – O que são as embalagens ativas?

Alaíse Gil Guimarães – A embalagem ativa vai estar incorporada com algum composto de interesse da pessoa como um composto com ação antimicrobiana, antioxidante, aromática, são diversos compostos que são utilizados e que esse composto específico irá interagir com a  embalagem fazendo com que esse alimento, se for antimicrobiano, tenha uma redução na carga microbiana, que mantenha a qualidade desse alimento, se for antioxidante, reduzir a oxidação, se for aromático dar um aroma. Criamos a embalagem ativa com o composto biodegradável incorporado com o óleo essencial de orégano que tem a ação antimicrobiana, ou seja, você tem um polímero biodegradável, uma embalagem ativa e uma embalagem antimicrobiana, esses três em uma embalagem só.

Ciência e Cultura – Como essa embalagem funciona na prática?

Alaíse Gil Guimarães – Essa embalagem é biodegradável, para diminuir o impacto ambiental. Ela ainda não está sendo usada para embalar alimentos. Ela é uma embalagem ativa porque ela vai ter uma ação contra os microorganismos. A liberação de aditivos, no nosso caso o óleo essencial de orégano, presente nessa embalagem ativa irá aumentar a segurança do consumidor, já que esse composto, ao invés de ser diretamente adicionado ao alimento, será liberado aos poucos; significando que estarão presentes no alimento em menores quantidades e irão aumentar a vida de prateleira do alimento.

Ciência e Cultura – Qual o impacto dessa pesquisa para o mercado?

Alaíse Gil Guimarães – O descarte do material das embalagens, os polímeros, é um grande problema na questão da indústria de alimentos. O grande vilão não é o polímero e sim a forma do descarte dele, a forma de descarte não é tão controlada, eficaz. Então tem se desenvolvido muitos filmes biodegradáveis, um dos que estamos trabalhando, o Polybutyrate Adipate Terephthalate (PBAT), utilizado por outras indústrias.  No decorrer da pesquisa, temos percebido que o PBAT é pouco empregado na indústria de alimentos. Estamos utilizando esse material, por já ter o caráter de ser um polímero biodegradável, incorporamos ele com o óleo essencial de orégano, que já é conhecido por ter essa ação antimicrobiana.

*Bacharela em Produção Cultural e graduanda no curso de jornalismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

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