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Atualizado em 11 DE março DE 2012 ás 14:06

Ângelo Machado

O neuroanatomista e professor emérito da UFMG é o maior especialista em libélulas do país; dramaturgo e premiado escritor de livros infantis, Machado participou do grupo que concebeu a revista Ciência Hoje das Crianças, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)

POR MARIANA ALCÂNTARA*
alcmariana@hotmail.com

Nesta entrevista, a jornalista Mariana Alcântara inaugura a Web Rádio CBZ e apresenta um bate-papo descontraído com Ângelo Machado, que explica o que abordou em sua conferência no XXIX Congresso Brasileiro de Zoologia, que teve como tema a Conservação da Biodiversidade e Educação.

Ângelo Machado também é membro da Academia Brasileira de Letras e, na década de 80, participou do grupo que concebeu a revista Ciência Hoje das Crianças, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Ele fala de sua história de vida, de como o interesse pela pesquisa foi despertado, de como herdou da família o gosto pela arte de escrever histórias e da importância da literatura infantil como instrumento para a possibilidade de iniciação aos conhecimentos científicos.

Leia abaixo alguns trechos da entrevista, que poderá ser ouvida na íntegra por meio deste link: Angelo_Machado_com_BG.

Ângelo Machado vê a literatura infantil como instrumento de iniciação científica

Ciência e Cultura – O senhor pode adiantar alguns tópicos de sua conferência?

Ângelo Machado Eu vou falar sobre a importância da conservação da biodiversidade. E aí eu entro no ponto central da palestra: que a gente deve desenvolver na criança um relacionamento amistoso, de amor à natureza, porque quem gosta protege. A maioria das crianças vive hoje isolada do contato direto com a natureza nas grandes cidades. Eu vou analisar uma série de fatores que deturpam a imagem da natureza. Vou mostrar que há uma tendência que afasta a criança principalmente pelo medo, medo de bicho, medo de floresta.

Ciência e Cultura – Na opinião, como deve ser o incentivo para que os jovens brasileiros se interessem por literatura e ciência?

Ângelo Machado Eu acho que o principal é tentar estimular nas crianças o hábito da leitura. A leitura é a base principal. E acima de tudo, tem que desenvolver a criatividade. A qualidade maior do cientista é ser curioso. E a criança também é curiosa! Existe uma fase na educação das crianças em que os pais inibem esta curiosidade. Se o menino pergunta muito e mexe em tudo, o menino é chato. Eu falo sobre isso numa coleção de livros que tem o objetivo de manter a curiosidade na fase em que ela é reprimida.

Ciência e Cultura – Grande parte de seu trabalho é voltado para divulgação e educação científicas. Qual a sua visão sobre o papel social dos cientistas frente à sociedade?

Ângelo Machado Eu acho que o cientista tem obrigação de colaborar com a divulgação científica. A maioria dos pesquisadores brasileiros tem a sua pesquisa paga pelo povo. Então, ele tem obrigação de, na medida do possível, retornar ao povo o conhecimento que ele está produzindo. Na área biológica é mais fácil, na área de física ou matemática é mais difícil, mas é uma obrigação do cientista.

Ciência e Cultura – Mas a opinião dos cientistas nem sempre foi essa, não é?

Ângelo Machado Você tem razão. O cientista tem medo do jornalista. Mas nem todos. Eu classifico assim: tem cientista que tem pavor: “é jornalista? Não estou!”. Tem também o segundo grupo que acha importante e colabora com jornalista, e tem outro grupo que adora o jornalista porque quer exaltar a sua pesquisa. Eu acho que temos que desenvolver mais este segundo grupo. A gente vê, por exemplo, na Ciência Hoje das Crianças, que o número de cientistas que consegue escrever pra criança é maior do que a gente imaginava.

Ciência e Cultura – Durante esses quase 35 anos como ambientalista, como o senhor avalia as mudanças no cenário ambiental brasileiro?

Ângelo Machado Hoje, não existe um governo que não tenha uma Secretaria, um Ministério do Meio ambiente e todas as empresas que se prezem possuem algum setor ligado à preocupação com o meio ambiente, mesmo que seja somente de fachada. A conscientização popular também aumentou e isto é importante porque estamos num país democrático e a opinião do povo é importante para ser levada aos legisladores. Em todo o mundo, há uma grande movimentação sobre questões ambientais na internet. O e-mail configurou-se como uma importante arma para mobilizar as massas para esta causa.

Ouça a entrevista na íntegra clicando aqui: Angelo_Machado_com_BG

*Jornalista, Mestranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade e estudante do Curso de Especialização em Jornalismo Científico e Tecnológico da Facom/Ufba

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