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Atualizado em 11 DE setembro DE 2013 ás 15:57

Giuseppe Puorto

O pesquisador Giuseppe Puorto, diretor do Museu Biológico do Instituto Butantan, coordenou o minicurso Serpentes e Ofidismo que aconteceu dia 26 de julho, durante a realização do VI Congresso Brasileiro de Herpetologia, ocorrido em Salvador, Bahia. Entre os tópicos abordados no encontro estão a história natural das serpentes, dados epidemiológicos dos acidentes, ação dos venenos, conservação do grupo, mitos e realidades, identificação, distribuição geográfica de serpentes de interesse médico e soroterapia. A seguir o pesquisador, em entrevista para a Agência de Notícias Ciência e Cultura, fornece maiores informações sobre o tema de sua especialidade, bem como trabalha para desmistificar mitos populares que envolvem as serpentes.

* Emile Conceição

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

Agência Arte e Cultura – Qual a importância do estudo sobre as serpentes para a sociedade?

Giuseppe Puorto – Serpentes fazem parte da natureza participando da cadeia alimentar e são de importância é inquestionável. São animais sem apelo popular e vistas pela população geral como animais do “mal”. Atualmente, causam mais de 30 mil acidentes por ano com letalidade de 0,5%, mas, com alto índice de sequelas, principalmente, pelo uso de práticas caseiras que retardam o atendimento médico. Por outro lado, as serpentes que produzem veneno podem ser muito úteis à sociedade. Na composição do veneno podem existir moléculas com potenciais para futuros medicamentos humanos.

Agência Arte e Cultura – Quais são as maiores contribuições das pesquisas sobre as serpentes brasileiras?

Giuseppe Puorto – Nos últimos anos têm aumentado a quantidade de pesquisas com serpentes, onde as contribuições mais significativas estão na parte de taxonomia com a descrição de novas espécies, contribuições importantes na parte de história natural e na prospecção dos venenos com potencial para novos fármacos.

Agência Arte e Cultura – De forma geral, o que será tratado no minicurso Serpentes e Ofidismo do CBH 2013?

Giuseppe Puorto – Nesse minicurso pretendo apresentar a história natural das serpentes, dados epidemiológicos dos acidentes, ação dos venenos e acidentes, conservação do grupo, mitos e realidades. O curso é todo ilustrado com grande quantidade de fotografias.

Agência Arte e Cultura – No minicurso você falará sobre mitos envolvendo as serpentes. Você pode falar sobre um desses mitos?

Giuseppe Puorto – Como as serpentes são animais envoltos em mistérios, folclore, mitos e crendices populares, pretendo, sim, dedicar um tempo a este assunto. Selecionei os “mitos” mais importantes e apresento as explicações do porquê do mito. Vou chamar atenção para o fato de que “Sucuri não engole um boi” e “Cobra não hipnotiza pessoas”, dentre outras desconstruções.

Agência Arte e Cultura – O que é ofidismo?

Giuseppe Puorto – Ofidismo são os acidentes causados pelas serpentes.

Agência Arte e Cultura – É grande a quantidade de casos de picadas de serpentes peçonhentas com resultado fatal no Brasil? O Ministério da Saúde possui algum banco de dados sobre estes acidentes?

Giuseppe Puorto – O Ministério da Saúde monitora os acidentes por animais peçonhentos, entre eles, as serpentes. Atualmente, são registrado para o Brasil cerca de 30 mil acidentes com 0,5% de casos fatais.

Agência Arte e Cultura – Como andam os estudos sobre soroterapia no Brasil? Quais são os principais centros produtores de soro no nosso país?

Giuseppe Puorto – O Brasil produz cerca 500 mil ampolas de soro por ano. Esta quantidade é suficiente para atender a necessidade nacional. Possuímos quatro produtores oficiais de soro: o Instituto Butantan, em São Paulo, o Instituto Vital Brazil, em Niterói, a Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte, e o Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiologia (CPPI), em Curitiba. Lembrando que todos são ligados a órgãos públicos e vendem a produção ao Ministério da Saúde.

Agência Arte e Cultura – Demais considerações.

Giuseppe Puorto – Serpentes fazem parte da Natureza e devem ser respeitadas como entidades zoológicas.

* Estudante de jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA, estagiária da Agência de Notícias, Ciência e Cultura e colaboradora do VIº Congresso Brasileiro de Herpetologia

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