O professor e pesquisador de Museologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Ufba fala sobre cibermuseus, suas diferenças em relação aos museus presenciais e da importância de mídias locativas para estes espaços. José Cláudio destaca também a implantação de um museu digital na universidade, apesar das barreiras burocráticas
Por Joseane Rosa e Renê Santos*
anejorosa@gmail.com / renesalomao@gmail.com
Ciência e Cultura - Qual a diferença entre um museu presencial e um cibermuseu?
José Cláudio - Em um museu convencional, é necessário conhecer todo o acervo e descobrir sobre o objeto, ou seja, frequentá-lo por mais de um dia. A ideia do cibermuseu não é a exposição, mas sim a informação do objeto. No ciberespaço, você não vai encontrar o objeto real mais uma imagem dele. O diferencial é que são disponibilizadas informações com as características dele. Ou seja, o indivíduo pode, além de olhar a imagem e a versão digital do objeto, ter hipertextos com links para informações complementares.
Ciência e Cultura – Existe alguma referência no Brasil de cibermuseu?
José Cláudio - Tivemos um projeto no Brasil de cibermuseu que foi o Museu da República, mas o projeto acabou. Hoje é um site empobrecido. O Louvre, por exemplo, é rico porque tem links mais fortes presentes dentro do museu; você entra com o banco de dados dele. No entanto, não te dá informações mais precisas sobre a Gioconda, a Monalisa, mas abre um banco de dados sobre imagens que você quer. São dadas informações sobre esculturas, mas não com tanta precisão.
Ciência e Cultura - Há interesse em se investir nos cibemuseus?
José Cláudio - Tem uma coisa chamada burocracia. Há dois anos a gente quer colocar um cibermuseu, sem ser só uma página. Seria um museu de artes, ligado à Ufba, sem interface, bem pequeno, eu diria. A nossa ideia é manter todos os dados que já temos e ter um museu digital onde há como disponibilizar conteúdo e não só objeto. A gente quer colocar todo o material dos santuários, todas as imagens e linkar todos os ex-votos no site com informações. Então, nossa intenção é criar uma página para cada santuário.
Ciência e Cultura – Qual a importância das mídias locativas na sua pesquisa?
José Cláudio – Bem, aí já é uma ideia de 2009, que começamos a questionar as mídias locativas que podem agora ajudar na informação do acervo do museu. Os museus têm dois momentos de mídias locativas. O primeiro é o de verificação do espaço: quando se usa aparelhos com realidade aumentada e se pega informações sobre o museu sem precisar entrar nele, ou quando entra e se localiza no museu. E o outro momento, de vertente do museu virtual é o chamado cibermuseu. O cibermuseu é um museu criado inteiramente para o espaço virtual, mas que ao mesmo tempo se pode geolocalizá-lo.
Ciência e Cultura – Existem cibermuseus já implantados com características locativas?
José Cláudio – Já pesquisamos 94 museus de várias categorias; da antropologia aos museus tecnológicos, históricos e de arte. Mas até agora só encontramos um museu com esta característica, que é o Museu da Pessoa. É o mais completo cibemuseu, criado só para funcionar no ciberespaço. Ele não tem uma plataforma de disposição presencial. Não como o museu do Louvre, que é presencial e ao mesmo tempo está no ciberespaço. Ele tem uma sede que fica em São Paulo, em que jornalistas, pedagogos e historiadores trabalham para mantê-lo.
*Estudandes de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom
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