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Atualizado em 29 DE novembro DE 2011 ás 22:05

Maurício Lídio

Em entrevista o diretor e produtor do filme Afônica, Maurício Lídio, fala sobre as dificuldades, como ele ingressou nesse universo e a expectativa da contribuição para a filmografia baiana

Por Mariana de Paula*
maridepaula23@gmail.com

O diretor e produtor do filme Afônica, Maurício Lídio, comenta sobre as dificuldades, como ele ingressou nesse universo do audiovisual e como está a expectativa da contribuição desse curta para a filmografia baiana. Afônica será lançado no dia 03 de dezembro, às 10h, no  Teatro Eva Herz da Livraria Cultura (Localizado no Salvador Shopping).

Sinopse – Carla perdeu a capacidade de falar em um acidente, o que a impediu de realizar seu sonho de se tornar cantora. Ela cresceu em uma escola de música onde sua mãe trabalha como faxineira e, após receber a notícia de que pode voltar a falar, decide que vai cantar na apresentação de fim de ano da escola, entrando em conflito com sua mãe e assustando a todos com essa decisão.

Ciência e Cultura Por que você decidiu ingressar na área cinematografia?

Maurício Lídio – Desde que comecei a assistir filmes quando criança que eu achava fascinante esse universo do cinema. Mas foi por volta dos 14 que eu decidi que queria ser cineasta. Não bastava eu ver o filme, eu queria saber como aquilo tudo era feito, eu assistia ao making of que vinha no DVD e aprendi muito com isso. Na época do vestibular é que o bicho pegou, pois o curso de cinema da Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC), o único aqui em Salvador na época, era muito caro e não tinha bolsa para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Eu passei no Enem para cursar Publicidade e Proganda na Universidade Salvador (Unifacs), mas percebi que poderia me aproximar mais do cinema cursando Produção Cultural na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Já dentro da Faculdade eu me joguei para o cinema em todas as possibilidades, até que comecei a participar de festivais de filmes de celular (pois só tinha câmera no celular) e consegui me lançar.

Ciência e Cultura Quais foram os principais desafios na criação e produção do filme?

Maurício Lídio – O maior desafio foi a falta de dinheiro mesmo, fazer cinema já é difícil, agora multiplique por 10 quando você vai fazer um média-metragem, musical, na Bahia e sem patrocínio. Coisa de herói mesmo.

O segundo maior desafio foi tentar fazer algo novo. Claro que nada que é feito é totalmente novo, mas tentei fazer algo diferente. Não é todo dia que você vê cinema mudo e cinema musical em um mesmo filme. A trilha sonora também foi uma etapa difícil, pois o filme possui uma trilha totalmente original com canções compostas por André Dias e uma por mim. Pois é, até música eu acabei fazendo. (risos)

E outro grande desafio também foi a pesquisa para escrever o roteiro e compor os personagens. Tive que pesquisar sobre deficiência, sobre o que pode levar uma pessoa a perder a fala, fiz uma pesquisa sobre o acesso do deficiente às atividades culturais e isso me levou à audiodescrição.

Ciência e Cultura O que te levou a escolher o formato do filme, um musical de uma garota que não fala?

Maurício Lídio – Primeiramente eu tenho uma paixão enorme por filmes musicais. Eu costumo dizer que é a melhor forma do cinema: é imagem e música. Chaplin deve ter se revirado no túmulo agora.

E a história de Afônica vem da vontade de colocar um deficiente para protagonizar o filme. Gosto de cinema porque podemos tornar coisas impossíveis em realidade. Então porque não colocar uma muda para cantar?

Ciência e Cultura Por que o cunho social?

Maurício Lídio – Eu tive a oportunidade de participar da finalização do curta Futebol Além dos Sentidos quando estagiava na Olho de Peixe Filmes (produtora daqui de Salvador) e era um filme que possuia um processo chamado audiodescrição. Até então eu não sabia o que era isso e achei incrível a oportunidade de fazer com que pessoas, que até então não podem ver, possam usufruir do filme de uma forma própria, através do áudio.

Foi aí que eu juntei a vontade de fazer uma filme que todos pudessem “ver” com a história da garota muda e entrei em contato com o Tramad (grupo de pesquisa da Ufba que realizou a audiodescrição).

Ciência e Cultura Como você acha q seu filme pode contribuir para a produção cinematográfica baiana?

Maurício Lídio – Acho que tem dois pontos principais de contribuição de Afônica. O primeiro porque é um filme que promove a inclusão cultural de pessoas que têm poucas alternativas, quando se fala em cultura. É um filme que possui audiodescrição, como poucos aqui na Bahia.

O segundo ponto é que é um filme musical. A última tentativa do gênero aqui na Bahia foi o desastroso Cinderela Baiana. E antes que surjam comentários, as protagonistas se chamam Carla por pura coincidência (risos). Afônica não se pretende ser uma grande musical nos padrões Hollywoodianos (e nem tem como), mas é um musical modesto, feito nas condições que conseguimos, sem muita grana, mas com muitos talentos envolvidos e muita vontade de fazer cinema.

*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom

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