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Atualizado em 9 DE novembro DE 2012 ás 16:29

Consumo é grande causador dos impactos ambientais

Produção Limpa e Práticas Sustentáveis foi o foco da discussão do último dia da 8ª Conferência Jaime Wright 2012 de Promotores da Paz e dos Direitos Humanos, realizada na noite da última quinta-feira (08/11), na Faculdade Dois de Julho.

POR ÍTALO PEREIRA*
italo.richard@gmail.com

A importância de se construir uma sociedade sustentável e os desafios que envolvem esse esforço são algumas das questões que têm ganhado destaque na pauta de discussões sociais. Nesse sentido, o professor e pesquisador Asher Kiperstok, Engenheiro Civil e Coordenador da Rede de Tecnologias Limpas da UFBA (TECLIM) tem questionado o argumento do aumento populacional como principal causa dos impactos ambientais. Segundo ele, trata-se de uma justificativa usada pelas grandes economias mundiais para responsabilizar as nações mais pobres pelos danos ambientais.

+ JAIME WRIGHT

“É preciso compatibilizar sistema econômico com limites dos ecossistemas”

Asher desmistifica esse discurso e sinaliza para o aumento do poder de consumo da população como verdadeira causadora dos efeitos nocivos ao meio ambiente. “O consumidor é o grande condutor dos impactos ambientais. O impacto vai existir desde que haja consumo. Não se trata apenas do aumento do número de pessoas no planeta, mas o poder de consumo que elas têm adquirido”, defende. Dessa maneira, a principal causa do crescimento do impacto ambiental se dá em função do crescimento econômico e dos anseios da população como um todo.

O professor destacou que para fazer frente aos desafios da sustentabilidade é fundamental pensar muito mais nos modos de consumo, tecnologias associadas aos produtos e processos, do que no crescimento populacional. “O consumidor, nesse caso, tem papel fundamental, sendo mais consciente exigirá produtos de melhor qualidade ambiental e usará com maior responsabilidade, consequentemente poderá reverter o impacto que ele mesmo provocou. Além disso, os produtos e serviços podem ser mais inteligentes”, acredita. Nesse contexto, Asher destacou a questão da mobilidade urbana, como um dos desafios contemporâneos.“A cidade não pode ser pensada na lógica da mobilidade individual. É preciso haver investimento no transporte coletivo, como o metrô, por exemplo”, argumentou Kiperstok.

Desafios para uma sociedade sustentável

Asher destaca que é fundamental ter um consumo consciente, que implicaria na redução de resíduos gerados. Para o pesquisador, a reciclagem, por exemplo, tem uma eficácia muito baixa; a reutilização é menos nobre. “O que temos que fazer é não ter que reciclar. O produto deve passar pelos seus diversos usos dentro de seu ciclo de vida e ter o máximo de aproveitamento do material”, defende.

No caso da água, o desperdício continua muito grande, tanto nas instituições quanto nos domicílios.  No entanto, o projeto desenvolvido pelo pesquisador junto a Universidade Federal da Bahia vem trazendo resultados positivos. Através do monitoramento de medidores e controle de vazamentos, o consumo e desperdício de água na instituição foram reduzidos consideravelmente. O próximo passo do projeto é levar essa iniciativa para as escolas públicas para que os alunos se tornem multiplicadores.

Para tornar a sociedade mais sustentável é preciso mudar velhos hábitos. Ter noção do quanto se gasta, do quanto se desperdiça e fazer um consumo consciente dos produtos. “O sonho de uma sociedade sustentável só será possível a partir do momento em que a sociedade repensar seus modos de consumo, principalmente nas nações mais ricas”, conclui o professor.

Outros destaques da Conferência Jaime Wright 2012

A Conferência também contou com a apresentação de cases de práticas sustentáveis bem sucedidas, realizadas por algumas empresas, entre elas a Braskem; Coelba; Coopercuc –Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá e Renova Energia. Durante o encerramento, aconteceu a premiação Jaime Wright 2012, distribuída em três categorias: pessoa física, pessoa jurídica e menção honrosa. O professor Asher Kiperstok; a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (COOPERCUC) e a Cooperativa de Coleta Seletiva Processamento de Plástico e Proteção Ambiental (CAMAPET) foram os três ganhadores.

* Ítalo Pereira é produtor cultural, estudante de jornalismo da UFBA e bolsista da Agência de notícias.

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