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Atualizado em 15 DE julho DE 2016 ás 23:34

“A quem servem essas normas de padrão familiar?”

A Agência de Notícias em CT&I - Ciência e Cultura revolveu mostrar o que está acontecendo de interessante no Congresso UFBA 70 anos através da percepção de alguns calouros do curso de Jornalismo, que estão atuando como repórteres voluntários, o que irá complementar as nossas matérias, que sempre trazem uma discussão conceitual e robusta da pesquisa científica na universidade pública baiana. Confira a impressão de Lara silva sobre a discussão estabelecida na mesa "A concepção de família na atualidade: novos olhares na perspectiva da pesquisa acadêmica"

POR LARA SILVA*
aradocemel@hotmail.com

A palestra “A concepção de família na atualidade: novos olhares na perspectiva da pesquisa acadêmica”, mediada pelo Professor da Faculdade de Direito da UFBA Raphael Rego , contou com a participação da professora de direito da UFBA, Daniela Portugal; da historiadora Paloma Vanderlei; e da psicóloga Priscila Cordeiro Costa.

A professora Daniela Portugal focou sua fala na violência doméstica e nos avanços do direito com relação à proteção das mulheres. Entre os avanços estão a Lei Maria da Penha, que segundo a professora não tem cunho penal, mas trabalha com a prevenção da violência contra a mulher como medida de urgência. A Lei do Feminicídio, cuja característica é, integralmente, penal também é considerada com um grande passo para esta questão.

Foto: Lara Silva

Na visão de Portugal, a Lei Maria da Penha teve seu objetivo – reduzir a violência doméstica – efetivado, em partes, uma vez que a violência doméstica teve seu índice reduzido em 10%.

A trajetória da mulher negra desde o período pós-abolição até os dias atuais foi o centro da fala da historiadora Paloma Vanderlei. De acordo com ela, após o fim da escravidão, o Estado assumiu um papel de “higienizador”, marginalizando os negros, ou seja, “a concepção de família brasileira foi formada a partir da Casa Grande e a permanência dessa marginalização até os dias de hoje”, reforçou. Reforçando o importante papel da mulher negra na família matriarcalistas da época, a historiadora afirmou que mulher negra era o centro do grupo familiar e sustentava a casa.

Finalizando a mesa, a psicóloga Priscila Cordeiro Costa fez o seu discurso caminhando pelas falas das palestrantes anteriores, abrangendo o assunto também às relações homoafetivas. “Quando o Brasil foi colonizado, o conceito de família restringia-se a relações heterossexuais entre católicos catequizados”, afirmou a palestrante, “mas quando criamos normas, estabelecemos uma marginalização de diversas outras formas de vivência”. Foi breve em sua oratória e deixou, para finalizar, uma pergunta: “a quem servem essas normas de padrão familiar?”.

A palestra, de um modo geral, foi uma quebra de expectativa (no bom sentido). Para quem achou que seria uma palestra baseada nas concepções familiares a partir do viés homoafetivo apenas, teve uma grande surpresa, uma vez que a conversa perpassou pelos diversos conceitos de família, quebrando “tabus” e paradigmas de forma leve e esclarecedora. Valeu a pena.

*Estudante do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e estagiária voluntária da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura

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