Lances futebolísticos dependem de conceitos físicos para que sejam bem executados.
ANALÚ RIBEIRO*
Entender como a física faz parte do futebol foi o papel do Café Científico ocorrido na última sexta-feira (6), na Biblioteca Central dos Barris, onde o professor da Universidade Federal da Bahia, Esdras Santos, evidenciou as implicações das leis da física na prática esportiva.
Com a chegada da Copa do Mundo todos os olhos se voltam para o esporte amado principalmente pelo público masculino, o futebol, que é o esporte preferido dos brasileiros. Pesquisa realizada pelo Atlas do Esporte em 2003 revelou que 30,4 milhões de pessoas praticam o esporte no Brasil.
O futebol chegou ao Brasil através dos ingleses que trabalhavam em grandes empresas nacionais, e logo se tornou um esporte desejado pelos demais imigrantes e brasileiros. “O futebol no Brasil foi se popularizando, mas não se tornando popular”, destaca Santos ao comentar a maneira que o esporte foi desenvolvido em solo brasileiro. O elitismo era muito grande nos primórdios do futebol brasileiro e, o Vasco da Gama ganhou destaque nessa época por ser o primeiro time que deixou mestiços comporem o seu quadro de jogadores.
Os lances e a Física
Alguns dos lances típicos do futebol, como bicicleta e impedimento foram explicados durante o Café Científico a partir de conceitos físicos. “Os lances só são bem executados quando as leis da física são respeitadas”, destaca Santos ao ratificar a relação direta entre futebol e física. A respeito da bicicleta, o professor destaca dois conceitos físicos que são imprescindíveis para a realização do lance: a inércia rotacional e o movimento angular.
A inércia diz respeito a medida de dificuldade em alterar o estado do movimento de um corpo, e o movimento angular é a relação entre a inércia e a velocidade angular, a qual diz respeito ao quanto que um corpo roda por unidade de tempo. Diante dessas especificidades, a bicicleta é fruto da conservação do movimento angular, visto que o jogador levante uma perna, logo após cruzar com a outra para depois realizar o chute com a última perna que foi levantada. Essa troca de pernas no ar é necessária para que o movimento seja mantido. “Tem que haver a troca de pernas no ar para que a bicicleta seja perfeita”, afirma Santos.
As limitações do olho humano
Entre um drible e outro, existem certos momentos de um jogo de futebol em que o olho é falho. Pode o olho humano detectar um impedimento em um jogo? Estudos do professor espanhol Francisco Maruenda afirmam que não, haja vista a quantidade de objetos em movimento que devem haver no seu campo visual. Além do impedimento, o pênalti é outro lance que traz essa discussão à tona. Ao se ver diante da bola, o goleiro está diante do tempo de reação, o qual refere-se ao impacto do gol que está por vir. “É o tempo de tomar um gol”, brinca Santos ao comentar sobre o tempo de reação.
As Curvas da Bola
A trajetória curva da bola é fruto do Eeito Magnus. Tal efeito é acontece quando a rotação de um objeto altera sua trajetória em um fluido (gás ou líquido). Essa curva acontece em chutes, onde a bola ao ser arremessada ao gol pode vir a mudar sua trajetória. Isso por que o ar passa pela bola e ela, ao se mover, arrasta ar consigo. Quando a bola e o ar se movimentam na mesma direção, a velocidade é maior e a pressão menor. No outro extremo da bola, onde o ar se move contrário à bola, a velocidade é menor e a pressão maior. “Faltou física na explicação da Jabulani. Achavam que ela fazia muita curva, mas era o contrário”, salientou Santos ao explicar que o efeito Magnus só se concretiza em bolas que não são muito lisas, tomando como exemplo a bola utilizada na Copa de 2010.
*Analú Ribeiro é estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias C,T&I – Ciência e Cultura – Ufba.