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Atualizado em 16 DE março DE 2017 ás 21:45

Albinismo e a questão racial são temas de pesquisa

Palestra do 4º Seminário de Pesquisa Científica na Bahia aborda a identidade racial das mulheres albinas

POR LARISSA SILVA*
silva.larissa1@outlook.com

A palestra “Invisibilidade das visíveis: como ser uma negra sem cor?” deu início ao 4º Seminário Produção Científica Feminina na Bahia: Pesquisas e Pesquisadoras, no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHBA), que acontece até amanhã, 17. O objetivo do evento, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, é evidenciar o que tem sido produzido nos diversos Programas de Pós Graduação do Estado no que concerne às Mulheres, tanto do ponto de vista das pesquisadoras quanto dos temas pesquisados.

Na primeira tarde do evento, a palestrante Rafaela Magalhães, mestra em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), apresentou sua pesquisa que visa compreender a construção da identidade racial de mulheres albinas.

Além de Rafaela Magalhães, também estava presente a especialista em estudos étnico-raciais, Catarina Varela.

O foco da pesquisa está voltado para albinas que se autoafirmam como negras. Segundo a pesquisadora, o recorte racial dado ao estudo está relacionado com sua própria trajetória pessoal enquanto mulher albina nascida em família negra. Além disso, também se baseou em sua experiência na Associação de Portadores de Albinismo da Bahia (APALBA), onde ela observou que a maioria dos associados é de família negra.

A APALBA foi pioneira na discussão de políticas de saúde para pessoas com albinismo, condição genética na qual há pouca ou nenhuma produção de pigmentos (para pelos, pele e olhos) no corpo. Rafaela destaca que a Bahia é o único estado em que a atenção à saúde de pessoas albinas está associada ao Grupo de Trabalho de Saúde da População Negra, o que ela considera uma conquista.

No trabalho, segundo a pesquisadora, o conceito de raça está ligado à ideia de afirmação política. “É ‘raça’ como um elemento que demarca papéis de desigualdade”, explica. Rafaela acrescenta que sua pesquisa se desenvolve no cenário de um país racista, onde as pessoas já enfrentam dificuldade de construção da identidade racial, o que se agrava para quem não possui pigmentação da pele.

“Como aceitar e assumir minha ancestralidade quando minha aparência física não está de acordo com ela e quando minha estética está fora de todos os padrões associados a minha identidade racial?”, questiona Rafaela. Esta é a questão que ela investiga atualmente.

Na exposição, a mestra em Educação também criticou a escassez de estudos que abordem essa condição genética na área das Ciências Humanas e Sociais. “O tema era considerado não científico por não existirem referências sobre ele”, aponta.

*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura

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