Projeto de divulgação científica pretende conscientizar frequentadores das praias do litoral baiano para a importância da preservação de espécies locais
Por Mariana Almofrey*
mariana.almofrey@hotmail.com
Com 900 km de costa, a Bahia tem o maior litoral do território brasileiro. Nele vivem diversas espécies das quais grande parte não é estudada e nem conhecidas pelos próprios baianos. Com o intuito de suprir esse déficit e promover a divulgação da diversidade de ecossistemas costeiros do estado, surgiu o projeto, “Os Animais de Nossas Praias”. Coordenado pela professora Doutora Orane Falcão, do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o projeto surgiu em 2004, mas só recebeu apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq em 2008.
Apesar de acolher uma grande diversidade de espécies, o conhecimento científico sobre a zona costeira da Bahia não é divulgado para o grande público. “Quando comecei a dar aula na Ufba, era muito comum recebermos alunos de escolas querendo informações e a gente sentia que faltavam locais onde eles pudessem buscá-las”, afirma a professora Orane Falcão. Para levar essas informações sobre as espécies junto à comunidade, o projeto realizou um levantamento sobre a biodiversidade de invertebrados marinhos (com ênfase nos equinodermos) e dos peixes mais comuns nas praias de Salvador.
A partir da listagem preliminar dos animais existentes na costa baiana, estão sendo elaborados: um site para divulgação dos resultados encontrados e de textos básicos de zoologia; uma coleção de 30 painéis sobre os animais das praias de Salvador e um livro de enfoque didático sobre, “Os Equinodermos do Estado”.
Os produtos do projeto já estão prontos, mas passam por revisões de professores da área para que não haja nenhuma informação errada ou desatualizada. “Espero que até o final do ano a gente consiga entregar isso tudo para vocês”, anseia a coordenadora do projeto.
A ideia é simples, levar informação sobre espécies locais para o grande público e, assim, promover a educação ambiental. No entanto, tornar esse objetivo realidade não foi uma tarefa fácil. “Há muita dificuldade em passar as informações da linguagem científica para uma linguagem de divulgação. Fazer essa ponte é uma coisa muito complicada”, afirma a professora Orane Falcão.
A pesquisadora alerta que há uma carência de material local para que os alunos tenham textos mais acessíveis e mais próximos da realidade deles. “Às vezes você dá aula e trabalha só com literatura estrangeira, que apresentam animais que não são daqui, dessa forma, as pessoas não conhecem os nossos animais, sem contar que a grande maioria dos sites da área de biodiversidade marinha também está em inglês”, diz.
Segundo a professora, com a conclusão do projeto, isso será minimizado. “Ter livros daqui vai ajudar alunos e professores, porque a gente vai ter um guia com as espécies, pois estamos observando nas aulas práticas”, conclui.
O livro, que será um dos produtos do projeto, está em fase de finalização na Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba). Ele trará informações sobre 111 espécies de equinodermos existentes na costa baiana e descreverá detalhadamente 46 delas.
Dentre os animais presentes na publicação, as estrelas do mar são as mais conhecidas. A pesquisadora Orane Falcão conta que, hoje em dia, existem espécies de estrelas que praticamente não são mais encontradas nas praias e a principal causa disso é a coleta. “Esses animais são utilizados como ornamentos e para fins religiosos”, afirma.
*Estudande de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom
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